terça-feira, 26 de agosto de 2014

Visão também precisa check-up



A prevenção é a maneira mais eficaz de se manter longe dos problemas de saúde. Avaliar as condições da visão anualmente para mantê-la no melhor índice e garantir plena produtividade é uma boa providência a ser tomada. A dica é do oftalmologista Canrobert Oliveira, que orienta sobre o que avaliar na visão nas diferentes fases da vida.
Infância
A visão, como o restante do organismo, sofre alterações ao longo do tempo e deve ser acompanhada desde o berçário. A primeira avaliação deve ocorrer ainda na maternidade, com o teste do olhinho. Trata-se de um exame rápido em que o pediatra observa a visão do bebê através do feixe de luz emitido pelo oftalmoscópio refletido na retina. Quando não há nenhum obstáculo à visão, a luz chega até a retina e, ao ser refletida, faz com que o examinador perceba um reflexo vermelho. Sua ausência indica possível obstrução à passagem da luz e as suas causas precisam de investigação apurada. Nesse caso, a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista com urgência.
Antes de completar um ano, a criança deve visitar o oftalmologista para averiguar se está com todas as condições para desenvolver sua visão com qualidade, uma vez que o olho humano completa o desenvolvimento funcional definitivo em torno de seis ou sete anos de idade. Se não houver nenhum impedimento à saúde ocular (estrabismo ou má-formação congênita) e nenhum sinal indicativo de problema, a volta ao oftalmologista deverá ser marcada para antes da alfabetização, a fim de garantir plenas condições de aprendizado e desenvolvimento intelectual. A partir daí, como é pelos olhos que recebemos cerca de 90% das informações, o ideal é visitar o oftalmologista anualmente, orienta o médico.
Adolescente
Na pré-adolescência e antes da fase adulta, entre os 13 e os 20 anos de idade, as pessoas estão mais sujeitas ao aparecimento de irregularidades visuais como o ceratocone, que acomete uma a cada duas mil pessoas. O ceratocone é uma irregularidade não inflamatória, às vezes estimulada pelo hábito de coçar os olhos em excesso, levando a córnea a sofrer mudanças em sua estrutura, obtendo o formato de cone.
Os sintomas do ceratocone muitas vezes não são percebidos, porque o adolescente não sente dor ou sequer lacrimeja, mas apresenta uma forte sensibilidade à luz e uma baixa qualidade de visão, mesmo utilizando óculos. O ceratocone não tem cura nem a córnea volta a seu estado original, mas os tratamentos disponíveis conseguem corrigir os elevados graus de astigmatismo, estabilizar o problema e reduzir a deformidade corneana.
Na área refrativa, a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo são frequentes nesta faixa etária.
Aos 40 anos
Os textos precisam ficar mais distantes e a iluminação mais intensa quando chegam os 40 anos de idade. A visita ao oftalmologista, nesta fase, é uma busca para eliminar as dificuldades de visão decorrentes da presbiopia, popularmente chamada de vista cansada.
A partir dos 40 anos, o cristalino – a lente natural do olho por onde passam os raios de luz que formarão as imagens – perde elasticidade e o processo de autoacomodação visual para focar objetos de perto e de longe começa a apresentar dificuldades para acontecer. Primeiro, fica mais difícil enxergar longe, depois fica muito complicado atender as exigências de ver bem de perto, o que é percebido inicialmente na hora de ir a um restaurante e ter que decidir pelo cardápio o prato desejado, ou, no supermercado, quando é preciso ler mais atentamente as embalagens dos produtos antes de fazer a escolha sobre o que levar.
A oftalmologia evoluiu e a variedade de soluções para corrigir a presbiopia é extensa e eficaz.
Na maturidade
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a cada ano, cerca de 600 mil brasileiros recebem um diagnóstico de catarata e, com ele, o risco de cegueira. Trata-se de cegueira reversível a partir de uma cirurgia que consiste no implante de lente intraocular e permite o retorno de boa visão, concedendo autonomia e, a depender da lente implantada, até livrar-se dos óculos.
A catarata é a opacificação do cristalino, lente natural dos olhos e que ao amarelar, em consequência do envelhecimento do organismo, a partir dos 60 anos de idade, impede a passagem da luz para a formação nítida das imagens na retina e consequentemente no cérebro. O único tratamento existente para remoção da catarata é cirúrgico.
Diagnosticada a catarata, paciente e médico vão decidir pela substituição do cristalino opaco por uma lente artificial com capacidade monofocal ou multifocal.
Geral
Independente da faixa etária o check-up da visão é simples. Consiste em uma avaliação clínica normal no consultório do oftalmologista, seguida de uma aferição da pressão ocular e de um exame de fundo de olho. Feitos anualmente são exames suficientes para quem não tem nenhuma dificuldade diagnosticada e não está sentindo nenhuma alteração visual.
Esta avaliação pode detectar várias anomalias que, quando tratadas em tempo, não encontram espaço para se desenvolverem e se transformarem em grandes problemas
Há situações especiais que precisam de visitas mais frequentes além do simples check-up anual. São casos, por exemplo, dos usuários de lentes de contato, de alguns pacientes que realizaram cirurgia refrativa, em especial os alto-míopes, dos glaucomatosos de difícil controle, ou ainda de portadores de diabetes que apresentam retinopatia diabética ou degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Esses dois últimos devem consultar o oftalmologista a cada três meses.

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