segunda-feira, 21 de abril de 2014

Infarto: o que é, como evitar

Parece raro, mas a cada três infartos que acontecem, um é fulminante. Ou seja, a pessoa nunca teve nenhum tipo de sinal ou sintoma e no primeiro episódio, ela morre. Uma chance de 3 pra 1, é uma chance pior que fazer roleta russa com um revolver calibre 32, que no tambor tem 6 “chances”, dando 6 pra 1.
O infarto, mesmo quando não é fulminante, não é raro. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No entanto, quando alguém enfarta pensamos que esta pessoa ficou doente naquele momento, uma ideia bem equivocada; na verdade, ela “começou” a enfartar há 20, 30, 40 anos antes, pois estudos mostram que já existem alterações na parede das artérias em crianças de 6 ou 7 anos.
“Sendo uma doença que demora décadas para causar sinais e sintomas, com segurança afirmamos que pode ser prevenida ou no mínimo postergada com redução de sua intensidade”, diz o médico Fábio Cardoso, especialista em Medicina Preventiva. Segundo ele, precisamos conhecer o que é, o que causa e como evitar, para reduzir os riscos, pois pode acontecer com um amigo, um parente, um vizinho ou um simples conhecido, todo mundo sempre conhece alguém que já sofreu um infarto do miocárdio. Prova disso são os números divulgados pelo Ministério da Saúde que somam cerca de 300 mil infartos por ano no Brasil, provocando, em média, 80 mil mortes anualmente. Em outras palavras, a cada cinco minutos ocorre uma morte por infarto no país.
O que é o infarto?
O dr. Fábio explica que o infarto do miocárdio é a morte de uma região do músculo cardíaco devido à interrupção abrupta por um coágulo, do suprimento de sangue através da artéria que irriga aquela determinada região. Manifesta-se clinicamente por meio de dor, instabilidade do sistema de transmissão e geração de impulsos elétricos que fazem o coração bater, podendo levar à "fibrilação ventricular", um ritmo caótico (não confundir com fibrilação atrial) equivalente a uma parada cardíaca, que necessita ser revertido urgentemente ao ritmo normal sob pena de provocar-se dano irreparável ao cérebro por falta de oxigenação adequada ou mesmo a morte do paciente. “Aproximadamente 40-50% das pessoas que sofrem um infarto não sobrevivem a tempo de ser atendidas”, ressalta. “Já dentre os pacientes que conseguem chegar a um hospital, pelo menos 90% sobrevivem e têm alta hospitalar”.
O que causa o infarto?
Um infarto é provocado pela formação de um coágulo de sangue por sobre uma placa de colesterol localizada na parede interna de uma artéria que irriga parte do coração (as artérias assim chamadas coronárias são duas, à direita e esquerda, que se ramificam em várias outras). Mas não é qualquer colesterol, é um colesterol “oxidado”, que sofre alterações, e que se deposita nas paredes das artérias e começa a produzir uma placa ateromatosa que é base para gerar a obstrução. De acordo com o médico, somente 40% das pessoas que têm colesterol elevado no sangue é que terão eventos de obstrução arterial, 60% não provoca sua acumulação indesejável na camada mais interna das artérias, aí provocando uma espécie de reação inflamatória, cujo início pode se dar na adolescência ou mesmo na infância.
Este processo, denominado aterosclerose, progride, podendo ser acelerado por fumo, pressão alta e diabete e leva ao estreitamento dos vasos. As "placas de aterosclerose" podem, em certos momentos, romper-se e o sangue circulante coagula em torno delas. Se esse coágulo for suficientemente grande, toda a circulação de sangue através daquela artéria é interrompida e ocorre o infarto. Diferente da isquemia, onde o coração sofre, mas está vivo, o infarto representa a morte de toda aquela região irrigada pela artéria comprometida.
Quais são os sinais e sintomas do infarto?
O sintoma mais comum é a dor opressiva, em "aperto", no centro do tórax, de localização imprecisa, que pode se irradiar para pescoço, costas e braços (a "famosa" irradiação para braço esquerdo é apenas uma das possibilidades). “Já ouvi pacientes que estava atendendo durante o infarto dizendo que parecia que um elefante estava sentado em cima do meu peito”, conta o dr. Fábio. O paciente é, em geral, acometido deste sintoma nas primeiras horas da manhã ou madrugada, mas ele pode ocorrer em qualquer horário. Não é comum a ocorrência de infarto durante ou logo após exercício físico, como muitos acreditam. Cerca de um quarto dos infartos pode ocorrer sem dor.  Outros sintomas associados ou não, são os suores, a palidez, sensação de "queimação" no tórax ou porção superior do abdome, mal estar generalizado, náusea, falta de ar.
Como se diagnostica o infarto?
Combinação de sintomas e alterações características no eletrocardiograma é a forma mais simples, mas a confirmação é feita pela colheita de sangue na unidade de emergência ou na unidade coronariana para dosagem de certas enzimas que são liberadas na circulação decorrentes da morte do tecido muscular cardíaco e consequente dissolução das membranas das células.
Como se trata o infarto?
O objetivo, segundo o médico, é obter o mais precocemente possível a "reperfusão" da área atingida, ou seja, reabrir a artéria ocluída e restaurar o fluxo sanguíneo. Uma vez atingido este objetivo, interrompe-se o processo de morte do músculo e a dor desaparece. Quanto mais precoce a reperfusão, maior a quantidade de músculo salvo e melhor o prognóstico do paciente, que dependerá essencialmente da habilidade do músculo cardíaco remanescente em manter a vida do indivíduo sem maiores sacrifícios.
Como se evita o infarto?
Os estresses do cotidiano acompanhados de fatores de risco como diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, alto índice de colesterol, sedentarismo, obesidade e histórico familiar de problemas coronarianos podem levar uma pessoa ao infarto, independentemente de idade ou sexo. “O cigarro é o maior fator de risco”, diz o dr. Fábio. “O fumo aumenta cinco vezes o risco de infarto: a nicotina é um vaso constritor (provoca contração) que reduz o calibre dos vasos sanguíneos e produz lesões na parede que recobre internamente esses vasos”.
Segundo o Ministério da Saúde, o tabagismo é responsável por 25% das mortes no país causadas por doença coronariana (angina e infarto do miocárdio) e 45% das mortes na faixa etária abaixo de 65 anos por infarto agudo do miocárdio. Tão importante, que a eliminação do cigarro reduz a mortalidade por infarto em 35%. “E se reduzir a obesidade e controlar o diabetes, conseguimos diminuir a mortalidade em 80%”, garante o médico.
Dicas para evitar o infarto: parar de fumar, perder peso, praticar exercícios físicos, controlar alimentação, escolher alimentos saudáveis, evitar alimentos processados, controle colesterol, pressão arterial e diabetes.
“É responsabilidade de cada um evitar o sofrimento ou a própria morte”, finaliza o dr. Fábio.


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