domingo, 28 de agosto de 2016


Em 24 de agosto foi comemorado o Dia da Infância. A data proporciona uma reflexão sobre o exercício dos Direitos da Criança no Brasil. A Federação Brasileira de Hemofilia (FBH) alerta para que todas as crianças possam exercer os direitos básicos como brincar, praticar exercícios físicos e frequentar a escola todos os dias.
A atuação da instituição junto ao Ministério da Saúde e demais órgãos governamentais e fiscalizadores é para que todas as crianças com hemofilia tenham acesso à profilaxia, tratamento preventivo que permite uma vida normal e plena, sem dores e nem as sequelas articulares causadas pelas hemorragias, a principal característica da coagulopatia.
Brincar não é apenas um passatempo divertido, mas também uma atividade essencial para o desenvolvimento físico e psicológico de todas as crianças. A FBH esclarece que o tratamento preventivo é fundamental para que as crianças com hemofilia possam exercer seu direito à diversão e crescerem com saúde, tornando-se adultos produtivos e felizes.
Através do brincar, a criança desenvolve capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ao brincar, ela explora a realidade e a cultura na qual está inserida e, ao mesmo tempo, questiona as regras e papéis sociais. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a conhecer, fazer e a conviver. Além de tudo isso, a brincadeira desenvolve a linguagem, o pensamento e a concentração.
Para que uma criança com hemofilia adquira todos os benefícios da brincadeira sem complicações, é preciso realizar o tratamento preventivo (profilaxia), que consiste na aplicação dos fatores de coagulação do sangue que não são produzidos pelo organismo, de forma programada e regular, antes da ocorrência de um sangramento.
A hemofilia é um transtorno genético que afeta a coagulação do sangue. Há alguns anos, no Brasil, o cuidado dos pais era excessivo com as crianças, pois qualquer queda ou mínimo trauma poderia ocasionar uma hemorragia que, além de danos ortopédicos como a destruição da cartilagem articular e dos ossos, provocados pelo sangramento na cavidade articular, poderia levar a morte.
“Hoje, o quadro é completamente diferente. O Brasil dispõe de tratamento semelhante ao de países de primeiro mundo e todo tratamento é subsidiado pelo SUS, através dos Centros de Tratamento de Hemofilia (CTH’s). A FBH  atuou junto ao Ministério da Saúde, ao Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Comissão de Direitos Humanos para a profilaxia fosse realidade no país e hoje, essas crianças podem e devem brincar, participar de atividades físicas e esportivas na escola, na família, no seu bairro, no clube e onde quer que estejam”, explica Mariana Battazza Freire, presidente da FBH, que passou a atuar pela causa ao descobrir que o filho, que tem hemofilia, poderia ter uma vida normal, se tivesse acesso ao tratamento adequado: o tratamento profilático.
Os fatores são distribuídos pelos 183 Centros de Tratamentos de Hemofilia espalhados pelo País. A profilaxia deve ser realizada no domicílio do paciente, o que aumenta em 80% a qualidade de vida e inibe em 400% a ida emergencial aos hemocentros. “A Federação Brasileira de Hemofilia orienta aos pais das crianças com hemofilia que façam o tratamento da profilaxia em seus filhos desde bem cedo (a partir de 1 ano) e os deixem livres para brincar. Em casa, na escola ou no parquinho, sempre com a devida supervisão. Profilaxia é vida e deve ser incentivada sempre!”, ressalta Mariana. 
Para mais informações: www.hemofiliabrasil.org.br

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Homem também cuida da pele


Foi-se o tempo em que homens só usavam perfume, faziam a barba e cortavam cabelo. A época em que este era todo ritual de beleza deles ficou nos livros de história. O homem dos dias de hoje se cuida, e muito bem, e não tem a menor vergonha disso. Atualmente, os homens procuram se cuidar mais e já superam os 35% do público que busca atendimento em consultórios dermatológicos. E assim a indústria vem investindo em produtos para tratamento e cuidado com a pele do homem, produzindo linhas específicas para eles.
Segundo dados do Ibope, o homem brasileiro contemporâneo tornou-se mais consumista, gastando cerca de 15% a mais do que a mulher no cartão de crédito. Outro estudo – oGlobal Cosmetics & Toiletries - aponta que as vendas de produtos masculinos para tratamento da pele aumentaram em 41,5% no Canadá, 21,5% na França e 19,3% na Itália. O Brasil tem participação no mercado de cosméticos masculinos importante, ocupa a segunda posição no ranking mundial, segundo estudo feito pela Euromonitor.
Mas, por que os cosméticos de homens e mulheres devem ser diferentes? Será que é só jogada de marketing, para vender mais? Não mesmo! Realmente estes homens que querem se cuidar possuem características e desejos diferentes das mulheres, assim como as necessidades de cuidados. Afinal, a pele em geral é diferente, eles querem tratamentos mais sutis, mas não gostam de perder muito tempo com estes cuidados.
Por exemplo, a pele do homem tende a ser mais oleosa do que a das mulheres. E os homens não toleram, nem um pouco a sensação de pele lambuzada. Assim, os filtros solares dos homens possuem substâncias que tratam da oleosidade e possuem cosmética mais seca possível e que absorva rápido.
Outro exemplo são os hidratantes corporais. Homens, em geral, têm muitos pelos no corpo, o que dificulta a aplicação do hidratante em creme. Assim, as linhas masculinas lançaram hidratantes em loção ou spray que facilita a aplicação do produto e não deixa a pele pegajosa, pois são mais rapidamente absorvidos pela pele.
A pele dos homens em geral é mais grossa que a pele da mulher, e, assim, os cosméticos antirrugas masculinos podem ter uma concentração um pouco maior dos ativos para garantir a eficácia do produto. Um exemplo é a loção pós barba para acalmar, evitar  e tratar a irritação da barba (a foliculite), hidratar e até tratar rugas.
Além de todas estas diferenças, as indústrias ficam atentas ao cheiro do produto, formato da  embalagem (homens não gostam de potes, gostam de tubos) e também cor da embalagem (geralmente para este público as cores são preto, prata e azul).
Acho que os homens devem se cuidar mesmo. A saúde e beleza da pele é direito e todos.

Artigo da médica dermatologista Livia Pinto, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tenho hérnia de disco lombar. Posso fazer musculação?


A hérnia de disco acomete normalmente pessoas entre 30 e 50 anos, o que não quer dizer que crianças, jovens e idosos estejam livres dela. Estudos radiológicos mostram que depois dos 50 anos, 30% da população mundial apresentam alguma forma assintomática desse tipo de afecção na coluna. As hérnias lombares são as mais comuns por ser região de sobrecarga do nosso corpo. Elas podem comprimir as raízes nervosas desencadeando dor irradiada por toda a extensão do nervo ciático.
Entre as vértebras da nossa coluna estão os discos intervertebrais, que são compostos de tecido de cartilagem e responsáveis por amortecer os impactos, evitando atritos. A discopatia mais comum é a degeneração dessas estruturas, caracterizada por redução da altura, deslocamento e rupturas periféricas que podem evoluir para o extravasamento do núcleo pulposo. O termo hérnia de disco costuma ser aplicado às degenerações mais avançadas. As discopatias degenerativas, de causa genética, geram instabilidades na coluna podendo provocar dores nas atividades diárias que podem ser agravadas por traumas, esforço repetitivo e má posturas da coluna.
Uma das intervenções mais importantes para melhorar os sintomas das dores por hérnia e prevenir a evolução ou novas crises é fortalecer os músculos paravertebrais lombares, melhorando assim a instabilidade da coluna. A musculação, academicamente conhecida como exercícios resistidos, é a forma mais segura e eficiente de fortalecer os músculos e deve fazer parte do programa de treino de pessoas que já apresentam ou tenham predisposição à problemas na coluna. Em geral, em três meses, 90% dos portadores dessas hérnias estão aptos para reassumir suas atividades rotineiras.
A recomendação é utilizar exercícios que estimulem de forma confortável os músculos paravertebrais lombares. Os cuidados devem ser com as flexões exageradas de tronco e de quadril e também com os movimentos de rotação da coluna porque tendem a agravar os sintomas ou desencadear novas crises. Inicialmente, recomendamos as remadas com pequeno movimento de extensão da coluna, e leg press ou agachamento, avaliando amplitudes que sejam confortáveis. Numa fase quase sem dor ou totalmente assintomático os exercícios de extensão lombar em máquina ou levantamento terra stiff, com peso livre podem ser experimentados.
A nossa experiência sugere que esses exercícios auxiliam de maneira eficiente o fortalecimento dos músculos lombares, mas em caso de dor, ou novas crises, devem ser retirados do programa de treino para avaliação. Os exercícios abdominais devem ser curtos, evitando flexão de tronco exagerada. Abdominais com rotação de tronco devem ser evitados.
Exercícios contínuos aeróbios, como as corridas, precisam ser evitados em fase de dor na coluna por gerar impactos nas vértebras e discos, agravando os sintomas. Ao retomar esses tipos de exercícios também é importante que isso ocorra de forma gradativa, aumentando sua frequência (tempo e dias) na medida em que a coluna for respondendo de forma positiva e assintomática, mantendo no programa o fortalecimento muscular.
Lembrando que é recomendável no acompanhamento de doenças e lesões a supervisão de um profissional especializado em treinamento resistido. 

Artigo da professora de Educação Física Sandra Nunes de Jesus, especialista em fisiologia do treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pelo FMUSP. É coordenadora técnica do Instituto Biodelta.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Infiltração com PRP: alternativa no tratamento da condromalacia patelar


O joelho é uma articulação que traba­lha próximo a seus limites fisioló­gicos. Qualquer sobrecarga mecâ­nica, tanto por um treino esportivo quanto pelo trabalho ou atividades do dia a dia, po­de desencadear quadro de dor e inchaço, às vezes de difícil controle.
Quando existe predisposição individual, fraqueza e desequilíbrio muscular, valgo di­nâmico, comum em mulheres, somado à so­brecarga mecânica do esporte, excesso de escadas no dia a dia, ou salto alto, a energia que seria dissipada pela massa músculo-ten­dínea passa para a articulação, desen­cadeando lesão. Quando atinge o tendão patelar, por exemplo, temos a tendinite patelar, mas, quando atin­ge a cartilagem de contato entre a pa­tela e o fêmur, po­deremos ter a con­dromalacia.
Quando a con­dromalacia torna-se sintomática, ocorrem: aumento da dor durante o treino, persistên­cia da dor em atividades da vida diária, incha­ço no joelho, dor muscular associada, atrofia do músculo anterior da coxa (quadríceps).
Um grande desafio da equipe multidisci­plinar ao tratar um esportista portador da lesão são os episódios de dor e inchaço que, muitas vezes, não permitem que se progri­da no fortalecimento muscular, essencial no tratamento e prevenção.
O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) faz par­te do conceito da terapia biológica e foi de­senvolvido pela ideia de se injetar nas le­sões dos atletas e pacientes em geral uma concentração de fatores de reparação teci­dual do seu próprio sangue extraídos das plaquetas. As plaquetas possuem os “fato­res de regeneração tecidual”, nossos fatores de cicatrização e crescimento celular, e são o “gatilho” inicial da cicatrização de qualquer dano tecidual como, por exemplo, após um corte na pele.
O PRP foi, inicialmente, difundido entre odontologistas, principalmente na recons­trução de lesões extensas em mandíbulas e há 10 anos vem sendo usado em centros or­topédicos de excelência europeus e, apesar de ser considerado experimental pela Anvi­sa, tornou-se popular no Brasil nos últimos 5 anos. O preparo do PRP envolve coleta de sangue, centrifugação, isolamento da porção do concentrado, ativação e infusão.
O procedimen­to, assim como qualquer outro, e seu uso em de­terminadas le­sões encontra-se em estudo. Estu­dos publicados no American Journal of Sports Medici­ne e The Journal of American Me­dical Association concluem que as aplicações podem ajudar nas cicatrizações de determinadas lesões, como epicondili­tes, rupturas musculares e tendíneas, mas podem ser menos eficazes em Tendões de Aquiles degenerados, por exemplo.
O resultado dessas pesquisas nos leva a crer que o PRP teria indicação como adju­vante do tratamento de lesões quando asso­ciado a algum estímulo biológico, como por exemplo, após a realização do procedimen­to de microfraturas no tratamento de lesão cartilaginosa. O PRP estaria ligado a um me­lhor recrutamento de células tronco prove­nientes da medular óssea, aumentando as chances de uma melhor cobertura fibrocar­tilaginosa da lesão.

Artigo do dr. Marcel Ferrari Ferret (CRM 69031)


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Estudos comprovam efeito anti-inflamatório da prática de exercícios físicos


De acordo com Claudia Forjaz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, o evento permitiu a difusão do conhecimento cientifico que está sendo desenvolvido em todo o país sobre o exercício e a saúde cardiovascular. Conseguimos englobar temas que vão desde a pesquisa básica até aquelas aplicadas em situação real de atuação.
Pesquisadores comprovaram que o exercício físico pode contribuir para diminuição desses riscos em indivíduos obesos, sedentários e idosos – os quais fazem parte do grupo de risco cardiovascular. As teorias mais modernas preconizam a utilidade do exercício físico como efeito anti-inflamatório, isso porque o músculo que se encontra ativo com a prática de exercícios produz substâncias benéficas à prevenção de inflamações, e com isso consegue inibir as secreções inflamatórias que são produzidas pelo tecido adiposo.
Para comprovação desses benefícios, a pesquisadora dra. Cláudia Regina Cavaglieri conduziu um estudo que submeteu indivíduos obesos a seis meses de treinamento físico sem que houvesse qualquer mudança de alimentação. O que se observou é que, mesmo sem melhora na dieta, houve uma diminuição significativa nos riscos de desenvolvimento de diabetes e hipertensão.
“O exercício é efetivamente um medicamento importante, sem efeitos colaterais, que se modulado da forma correta (para que ocorra perda de massa gorda e ganho de massa magra) consegue ter esse efeito anti-inflamatório e, consequentemente, diminui o risco de desenvolvimento de doenças”, afirma Cláudia.
Outro destaque é a pesquisa do dr. Paulo Farinatti, que verificou queda na pressão nos usuários das academias que seguiam os protocolos indicados por profissionais de saúde.
De acordo com os pesquisadores, a atividade física deve ser realizada com durações, intensidades e frequências adaptadas para as necessidades de cada indivíduo. Em idosos, por exemplo, em que há menor condicionamento físico, há maior propensão ao desenvolvimento da hipertensão arterial e de doenças cardiovasculares. Nesses casos, os exercícios físicos aeróbicos são extremamente benéficos, e podem ser potencializados se somados aos exercícios de força.
No caso das mulheres mais velhas, a pesquisadora dra. Iris Callado mostra que a prática de exercícios físicos pode provocar benefícios significativos à saúde cardiovascular.
Mais informações: http://www.sbh.org.br.


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Saiba mais sobre a ventosaterapia


Se você está acompanhando os Jogos Olímpicos e assistiu o nadador americano Michael Phelps levar para casa sua 21ª medalha de ouro olímpica, deve ter estranhado as marcas roxas cobrindo suas costas e ombros. Embora causem uma primeira impressão estranha, Michael Phelps, assim como todos os outros competidores de ponta que utilizam da técnica, não estão tendo nenhum problema com dores e locomoção.
A técnica utilizada chama-se ventosaterapia, ou cupping therapy. Segundo a fisioterapeuta Ana Gil, a terapia com ventosas provém da medicina chinesa e pode ser utilizada tanto para diagnosticar, quanto para tratar diversas enfermidades. A prática consiste em utilizar copos de vidro com fogo ou ventosas, aplicados diretamente sobre a pele, em áreas específicas do corpo ou nos meridianos da medicina tradicional oriental. Pode ser aplicada de forma fixa ou deslizante.
“O objetivo do tratamento é trazer o sangue para a periferia da pele e músculos, para induzir a troca gasosa nas células dos tecidos”, explica ela. Assim, libera-se a estagnação e permite um fluxo sanguíneo enérgico, local e sistêmico. Através de uma desintoxicação no fluxo local, elimina dores musculares, pós-exercícios, por diminuir consideravelmente a concentração de ácido lático após o esforço muscular excessivo.
“É uma técnica preventiva muito utilizada nos esportes. Ajuda a melhorar o desempenho do atleta, porque nutri as fibras musculares mais solicitadas”, diz Ana Gil. Métodos mais atuais utilizam copos de plástico e uma pistola apropriada para a sucção, que tem a vantagem de deixar menos marcas na pele, ou mais suaves, mantendo os mesmos benefícios terapêuticos.
Segundo a fundadora do Espaço Ana Gil, esse método tem eficácia comprovada e não somente no combate a dores de atletas. “O método é indicado para desintoxicação em geral. Além de reduzir as dores nas costas e promover relaxamento muscular, ajuda a combater reumatismos, enxaquecas, diminui aparência de cicatrizes e até da celulite. Além disso, também alivia ansiedade e stress”, afirma a fisioterapeuta.
A terapia com ventosas também tem seus riscos e certos grupos não são aconselhados a fazê-la. Pacientes com suspeitas de hemorragias de qualquer natureza, gestantes acima de sete meses, pacientes com dermatites – psoríase, micoses, cortes e ferimentos recentes no local da aplicação -, insuficiência cardíaca, quadros viróticos e osteoporose severa, devem procurar outras fontes de tratamento.