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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Deixe as crianças brincarem



Você lembra da sua própria infância? Você brincava de quê? Brincava na rua? Brincava com quem? Quais as suas brincadeiras favoritas? Continuando a série de perguntas: será que nossa cultura atual é menos amigável à natureza infantil? Será que hoje as crianças têm menos chances de brincar? Para tentar responder a tantas pergunta de pais e mães, a Academia Americana de Pediatria divulgou um documento oficial, em agosto, deste ano,  intitulado "O poder da brincadeira: o papel pediátrico do lúdico no desenvolvimento das crianças pequenas".

O documento caracteriza a brincadeira como intrinsecamente motivadora, envolvendo engajamento ativo e resultando em “descobertas alegres” na infância, reúne pesquisas de desenvolvimento e neurológicas extensivas sobre brincadeiras e tenta extrair algumas das descobertas específicas de desenvolvimento dos jogos repetitivos que fornecem “a alegria de poder prever o que vai acontecer”, além do controle dos impulsos. O documento recomenda fortemente que os pediatras encorajem o aprendizado lúdico de pais e bebês.  A "prescrição para brincar" deve ser feita, em todas as consultas de crianças saudáveis, ​​nos dois primeiros anos de vida.

“O documento é uma verdadeira declaração de valores porque muitos dos especialistas que estudam a importância do brincar sentem-se sitiados, mesmo quando novas pesquisas enfatizam sua importância no desenvolvimento infantil. Brincar está sendo visto como algo irrelevante e antiquado, hoje”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Vivemos em um clima onde os pais sentem que precisam programar cada minuto do tempo de seus filhos. Cerca de 30% dos jardins de infância, nos EUA, não têm mais recesso escolar.  Existe um velho ditado que diz que brincar é trabalho de crianças. E é mesmo! “Brincar é  um dos jeitos que elas aprendem e o modo como elas se desenvolvem. É importante entender como todos nós, pediatras, e especialmente os pais, podemos encorajar a brincadeira”, observa Chencinski.

De acordo com a declaração americana, as crianças desenvolvem as habilidades necessárias para viver no século XXI por meio das brincadeiras. São habilidades sociais e emocionais, que os ajudam a colaborar e inovar, que são cruciais para o mundo do trabalho na nova economia global.

Trabalho de pediatra, sim!

Uma meta fundamental na atenção primária pediátrica é fortalecer o relacionamento entre pais e filhos. E o brincar também é importante nessa área. Mesmo uma criança muito pequena se beneficia da prática. Quando uma criança de 3 meses sorri e um dos pais sorri de volta, esse tipo de atividades não é trivial. Esse ato é realmente importante para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades emocionais infantis, como a capacidade de se revezar.

Relações estáveis ​​com os pais e outros cuidadores que são construídas por meio dessas interações também são importantes para ajudar as crianças a lidarem com o estresse e o trauma e evitar o que os pediatras americanos chamam, no documento, de “estresse tóxico”.

O documento entra em detalhes de pesquisas recentes que mostram que a brincadeira pode afetar o cérebro em desenvolvimento, tanto em sua estrutura básica, quanto em sua função, com mudanças que podem ser encontradas, tanto no nível molecular e celular, bem como no nível de comportamento e de função executiva.

“Há um verdadeiro papel pediátrico em apontar a real importância de brincar em muitos níveis. Os pais perguntam aos pediatras: o que eu faço com o meu filho? Quantas atividades ele deve fazer? Estou muito empolgado com o fato de endossar a ideia de receitar a brincadeira”, diz o médico.

O documento não trata de brincadeiras elaboradas. Ele aborda o brincar com utensílios domésticos comuns que as crianças podem descobrir e explorar, como colocar colheres e recipientes de plástico no chão e bater, para ver o que a criança faz com eles. 

O objetivo não é fazer com que os pais se sintam culpados ou torná-los especialistas em brincadeiras, mas sim orientá-los, durante as consultas, para que eles possam contribuir ludicamente com o desenvolvimento da criança – o que é um imperativo básico da atenção primária em Pediatria.

E há maneiras de trabalhar esse conceito durante a consulta médica: soprar bolhas de sabão para ajudar crianças com medo a se sentirem mais à vontade ou usar fantoches para demonstrar o que vai acontecer em um exame, por exemplo. Pode ajudar levar a família para a sala de espera e ver o que a criança faz com os brinquedos por lá.

“A declaração defende um currículo equilibrado no jardim de infância que não ignore o aprendizado divertido e não considere o tempo gasto em brincadeiras, recreios e férias, como tempo perdido. A aprendizagem lúdica significa apoiar a motivação intrínseca das crianças pequenas para aprender e descobrir, em vez de impor motivações extrínsecas, como as pontuações dos testes”, diz o médico.

O que os pais precisam fazer?

Dar aos pais um reforço positivo para o que eles já estão fazendo é o que mais ajuda, não os criticando pelo que eles não estão fazendo. “Passei muito tempo pensando em como poderíamos incentivar os pais a lerem para os filhos como parte da consulta de atenção primária. Escrevi sobre a importância dessa prescrição. Mas podemos, com sucesso, ‘prescrever a leitura e a brincadeira’, essenciais para uma infância saudável, quando os pais são tão ocupados?. Sim!”, defende o pediatra.

Há temas subjacentes cruciais que conectam todas essas ideias: a importância de interagir com as crianças, respondendo às suas sugestões e perguntas, o valor do “antiquado cara-a-cara” com os pais e com os cuidadores e a importância de ajudar as crianças a encontrarem uma variedade de experiências, que não são todas sobre telas, em um mundo que é cada vez mais virtual para pais e filhos.

“Uma ‘receita para brincar’ que eu poderia prescrever aos pais, no final de uma consulta, é apenas dizer: confie em seu senso comum. Como você pode compartilhar um pouco de alegria com seu filho enquanto ele está explorando o mundo? O objetivo não é realmente validar o que eu acho,  mas liberar os pais que estão se sentindo pressionados por uma cultura que diz não à brincadeira, uma cultura que diz  que as crianças precisam ter videogames especiais, um iPad, ou ainda, precisam ter cada minuto de tempo estruturado para ‘vencer na vida’”, explica o pediatra Moises Chencinski.

“O brincar é a parte mais importante da infância. É como as crianças se desenvolvem emocionalmente e cognitivamente. É como aprendem a falar! A declaração americana vem para ajudar os pediatras e os pais a entenderem a importância desse ato”, acredita o médico.


domingo, 28 de agosto de 2016


Em 24 de agosto foi comemorado o Dia da Infância. A data proporciona uma reflexão sobre o exercício dos Direitos da Criança no Brasil. A Federação Brasileira de Hemofilia (FBH) alerta para que todas as crianças possam exercer os direitos básicos como brincar, praticar exercícios físicos e frequentar a escola todos os dias.
A atuação da instituição junto ao Ministério da Saúde e demais órgãos governamentais e fiscalizadores é para que todas as crianças com hemofilia tenham acesso à profilaxia, tratamento preventivo que permite uma vida normal e plena, sem dores e nem as sequelas articulares causadas pelas hemorragias, a principal característica da coagulopatia.
Brincar não é apenas um passatempo divertido, mas também uma atividade essencial para o desenvolvimento físico e psicológico de todas as crianças. A FBH esclarece que o tratamento preventivo é fundamental para que as crianças com hemofilia possam exercer seu direito à diversão e crescerem com saúde, tornando-se adultos produtivos e felizes.
Através do brincar, a criança desenvolve capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ao brincar, ela explora a realidade e a cultura na qual está inserida e, ao mesmo tempo, questiona as regras e papéis sociais. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a conhecer, fazer e a conviver. Além de tudo isso, a brincadeira desenvolve a linguagem, o pensamento e a concentração.
Para que uma criança com hemofilia adquira todos os benefícios da brincadeira sem complicações, é preciso realizar o tratamento preventivo (profilaxia), que consiste na aplicação dos fatores de coagulação do sangue que não são produzidos pelo organismo, de forma programada e regular, antes da ocorrência de um sangramento.
A hemofilia é um transtorno genético que afeta a coagulação do sangue. Há alguns anos, no Brasil, o cuidado dos pais era excessivo com as crianças, pois qualquer queda ou mínimo trauma poderia ocasionar uma hemorragia que, além de danos ortopédicos como a destruição da cartilagem articular e dos ossos, provocados pelo sangramento na cavidade articular, poderia levar a morte.
“Hoje, o quadro é completamente diferente. O Brasil dispõe de tratamento semelhante ao de países de primeiro mundo e todo tratamento é subsidiado pelo SUS, através dos Centros de Tratamento de Hemofilia (CTH’s). A FBH  atuou junto ao Ministério da Saúde, ao Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Comissão de Direitos Humanos para a profilaxia fosse realidade no país e hoje, essas crianças podem e devem brincar, participar de atividades físicas e esportivas na escola, na família, no seu bairro, no clube e onde quer que estejam”, explica Mariana Battazza Freire, presidente da FBH, que passou a atuar pela causa ao descobrir que o filho, que tem hemofilia, poderia ter uma vida normal, se tivesse acesso ao tratamento adequado: o tratamento profilático.
Os fatores são distribuídos pelos 183 Centros de Tratamentos de Hemofilia espalhados pelo País. A profilaxia deve ser realizada no domicílio do paciente, o que aumenta em 80% a qualidade de vida e inibe em 400% a ida emergencial aos hemocentros. “A Federação Brasileira de Hemofilia orienta aos pais das crianças com hemofilia que façam o tratamento da profilaxia em seus filhos desde bem cedo (a partir de 1 ano) e os deixem livres para brincar. Em casa, na escola ou no parquinho, sempre com a devida supervisão. Profilaxia é vida e deve ser incentivada sempre!”, ressalta Mariana. 
Para mais informações: www.hemofiliabrasil.org.br

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O brincar pode (e deve) ser levado a sério

Vejo que, com as mu­danças da rotina fa­miliar e dos avanços tecnológicos, o brincar foi substituído por outras ati­vidades consideradas mais importantes, como estu­dar outras línguas e prati­car outras atividades físi­cas, tendo a ideia do lúdi­co como um hobby. Por is­so, o brincar acaba sendo esquecido.
Por causa disso, as pesso­as não colocam um espaço para o lúdico, importando-se apenas com o racional, pensando que apenas a aprendizagem e o de­senvolvimento humano só acontecem de ma­neira objetiva e centrada. Entretanto, o que talvez as pessoas não saibam é que o brincar pode ser uma atividade bastante aproveitá­vel para o desenvolvimento, amadurecimen­to e, inclusive, para a aprendizagem.
O brincar é um meio natural da pessoa se expressar, conseguindo explorar seus senti­mentos, atitudes e se libertar de suas tensões reprimidas e seus sentimentos. Essa experi­ência do brincar dá a possibilidade de a pes­soa testar e perceber seus sentidos, ações, sentimentos, reações e relações com os ou­tros. Com isso, a pessoa vai se conhecer me­lhor e aprenderá a ter controle das suas ações e desejos. Assim, ajudará no limite e na aprendizagem.
Entretanto, percebo pais usarem jogos, brinquedos e até aparelhos eletrônicos para distrair seus filhos pa­ra conseguir fazer suas ta­refas rotineiras. Por isso, é valido afirmar que é essen­cial a participação no brin­car com seus filhos e, inclu­sive, quando se fala de apa­relhos eletrônicos, sempre se envolvendo e tendo tem­po dedicado apenas para brincar e se relacionar com seu filho. Assim, eu coloco que o brincar não necessariamente é uma prática infantil, podendo ser uma ação agra­dável e praticada por todas as gerações.
O brincar é importante e favorável para as pessoas. Contudo, é recomendável ter o equi­líbrio do lúdico com o racional, deixando as brincadeiras e o uso de acessórios eletrôni­cos livres, lembrando sempre das responsa­bilidades e dos compromissos que tem como pais, filhos e educadores.
(Artigo da psicóloga Vanessa Sardisco - CRP 06/118543)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A importância do brincar



Atualmente, embora a importância de brincar para o desenvolvimento infantil seja amplamente reconhecida, é comum vermos crianças de pouca idade com uma rotina atribulada, com muitas atividades e compromissos. Fica difícil encontrar um tempo para que possam ter seu espaço e tempo de brincar e acaba sendo mais fácil usar meios eletrônicos para “distrair” as crianças.
Meios eletrônicos e brinquedos de última geração estão no auge e isso é um ganho para todos, mas temos que saber dosar seu uso pelas crianças. Os games e jogos virtuais não têm a mesma dimensão simbólica de uma brincadeira de rua, boneca, carrinho e jogos interativos. Mas será que tais brinquedos ainda fazem parte da vida das crianças?
Alguns educadores, sejam pais, professores ou outro membro da família que têm o poder de educar ainda utilizam as brincadeiras e jogos antigos, por acreditar que as crianças adquirem um melhor comportamento, pois os jogos incluem regras, estratégias, foco de atenção, interação e trabalho em equipe.
A brincadeira aparece como um importante componente da educação infantil, sendo uma ferramenta de aprendizagem: as crianças acabam aprendendo a seguir regras e aceitá-las, a descrever o que é certo ou errado, a dividir os materiais, a distinguir cores, formas e tamanhos, melhoram o foco de atenção, capacidade de memorização etc.
Para as crianças de três a sete anos, as brincadeiras e os papéis nelas desempenhados são utilizados para descobrir e experenciar o mundo que as cercam, para se organizarem e socializarem, proporcionando a possibilidade de serem criativas. É por meio do brincar que as crianças tomam distância daquilo que as faz sofrer, possibilitando-lhes explorar, reviver e elaborar situações que muitas vezes são difíceis de enfrentar.
O brincar é importante, pois é um meio de expressão das crianças, contexto no qual ela elabora seus conflitos e demonstra seus sentimentos, ansiedades, desejos e fantasias. Mas há também a criança que não consegue brincar e essa deve ser um objeto de preocupação. Muitas crianças acabam sendo encaminhadas para a Psicoterapia, pois seus cuidadores percebem algo que não condiz com a “normalidade” e procuram ajuda.
É nas consultas terapêuticas que surge uma nova possibilidade de avaliação e intervenção: após formar vínculo criança-terapeuta e essa adquirir confiança, entra o lúdico, pois é pelo brincar e desenhar que ela conseguirá expressar sua angústia. O terapeuta concentra-se na obtenção e manejo dos elementos vitais que ajudem o paciente na elaboração de um sofrimento ou dificuldade.
O brincar é essencial para o desenvolvimento infantil. Disponibilizar espaço e tempo para brincadeiras significa contribuir para um desenvolvimento saudável. É importante também que os adultos resgatem sua capacidade de brincar, tornando-se mais disponíveis para as crianças enquanto parceiros e incentivadores de brincadeiras.
Não é apenas o brincar que é importante para o desenvolvimento cognitivo-comportamental das crianças, mas, com toda a certeza, é um grande aliado.

(Artigo da psicóloga Renata Preteroto)