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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Finados: como lidar com a perda dos pais?



O Dia de Finados é a data em que, tradicionalmente, homenageamos nossos entes queridos falecidos. No entanto, os ocidentais ainda encaram a morte de uma forma muito dolorida. "A morte mexe muito com o nosso sistema de crenças e escancara nossa impotência, humanidade e fragilidade. A dor da perda ainda é um dos nossos maiores medos, pois é quando perdemos também nossa segurança e estabilidade", afirma Heloísa Capelas, especialista de inteligência emocional e diretora do Centro Hoffman.

Ainda de acordo com ela, a perda dos pais ou daqueles que nos criaram é uma das mais doloridas. Isso porque somos 100% identificáveis com eles por conta da infância. "Quando criança, precisamos do apoio de adultos para termos o nosso aprendizado e, até os 12 anos, estamos na fase de construção da capacidade intelectual, mental e neurológica", explica. Estes aspectos fazem com que – mesmo com as brigas na adolescência e até um distanciamento na vida adulta – criemos um amor incondicional por eles. "Com a morte destas pessoas, é como se estivéssemos perdendo também um pedacinho de nós mesmos", completa.

Quando a pessoa cria, ao longo do tempo, algum tipo de mágoa ou rancor com relação a seus pais, a perda destes entes pode ser ainda mais dolorida e carregada com uma grande dose de culpa. Diante disso, Heloísa separou alguns pontos a serem refletidos e que podem ajudar na superação deste tipo de sentimento. Veja abaixo:

Entenda que a mágoa é algo que está em nosso interior
Segundo Heloísa, a primeira coisa da qual precisamos ter consciência é de que a mágoa que eventualmente criamos em torno de nossos pais é um problema individual nosso e não deles – está em nosso coração. Como estamos falando de um sentimento interior, o perdão pode vir a qualquer momento – antes ou depois da morte destes familiares.

Entenda que é possível perdoar, mesmo que as pessoas que nos fizeram mal já tenham partido
Heloísa afirma que é preciso olhar para dentro de si e fazer uma escolha: se eu quero levar adiante essa mágoa – que vai ficar dentro do meu coração, dificultando meu caminhar, me envelhecendo precocemente e trazendo doenças para o meu corpo físico – ou perdoar e me sentir mais livre. "Seja lá o que vivemos com nossos pais, nós podemos resolver com eles vivos ou mortos. Claro que, quando eles morrem, nossa culpa aumenta e alguns vivem paralisados por conta disso. Pensam que agora que seu pais faleceram, não há mais tempo – que não é mais possível perdoar. Mas isso não é verdade. Podemos perdoar a qualquer momento e a qualquer hora, basta saber que essa escolha existe", diz.

Entenda que, quando a pessoa decide não perdoar, existe uma grande possibilidade de se tornar reflexo de seus pais
Quando atingimos a vida adulta e temos algum tipo de rancor ou mágoa dos nossos pais, a tendência é que lutemos ao máximo para sermos indivíduos completamente opostos a eles. No entanto, com sua morte, a probabilidade de ficarmos extremamente parecidos com eles é muito grande, por conta da culpa inconsciente de não ter liberado essa raiva antes da morte deles. A liberação da culpa e o perdão nos ajudam a lidar melhor com este aspecto e permitem com que a vida siga em frente.

Compreenda que o amor nunca pode nos prender
Muita gente não guarda rancor de seus pais, muito pelo contrário: os admira tanto que suas mortes levam à uma profunda tristeza que pode acarretar também a uma não aceitação do ocorrido. "É preciso entender que isso não está dentro do nosso controle e que a tristeza pela morte gera um apego que não é saudável para ninguém. O amor incondicional, pelo contrário, liberta", afirma Heloísa. Para ela, morrer faz parte da continuidade do amor.



quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Deixe as crianças brincarem



Você lembra da sua própria infância? Você brincava de quê? Brincava na rua? Brincava com quem? Quais as suas brincadeiras favoritas? Continuando a série de perguntas: será que nossa cultura atual é menos amigável à natureza infantil? Será que hoje as crianças têm menos chances de brincar? Para tentar responder a tantas pergunta de pais e mães, a Academia Americana de Pediatria divulgou um documento oficial, em agosto, deste ano,  intitulado "O poder da brincadeira: o papel pediátrico do lúdico no desenvolvimento das crianças pequenas".

O documento caracteriza a brincadeira como intrinsecamente motivadora, envolvendo engajamento ativo e resultando em “descobertas alegres” na infância, reúne pesquisas de desenvolvimento e neurológicas extensivas sobre brincadeiras e tenta extrair algumas das descobertas específicas de desenvolvimento dos jogos repetitivos que fornecem “a alegria de poder prever o que vai acontecer”, além do controle dos impulsos. O documento recomenda fortemente que os pediatras encorajem o aprendizado lúdico de pais e bebês.  A "prescrição para brincar" deve ser feita, em todas as consultas de crianças saudáveis, ​​nos dois primeiros anos de vida.

“O documento é uma verdadeira declaração de valores porque muitos dos especialistas que estudam a importância do brincar sentem-se sitiados, mesmo quando novas pesquisas enfatizam sua importância no desenvolvimento infantil. Brincar está sendo visto como algo irrelevante e antiquado, hoje”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Vivemos em um clima onde os pais sentem que precisam programar cada minuto do tempo de seus filhos. Cerca de 30% dos jardins de infância, nos EUA, não têm mais recesso escolar.  Existe um velho ditado que diz que brincar é trabalho de crianças. E é mesmo! “Brincar é  um dos jeitos que elas aprendem e o modo como elas se desenvolvem. É importante entender como todos nós, pediatras, e especialmente os pais, podemos encorajar a brincadeira”, observa Chencinski.

De acordo com a declaração americana, as crianças desenvolvem as habilidades necessárias para viver no século XXI por meio das brincadeiras. São habilidades sociais e emocionais, que os ajudam a colaborar e inovar, que são cruciais para o mundo do trabalho na nova economia global.

Trabalho de pediatra, sim!

Uma meta fundamental na atenção primária pediátrica é fortalecer o relacionamento entre pais e filhos. E o brincar também é importante nessa área. Mesmo uma criança muito pequena se beneficia da prática. Quando uma criança de 3 meses sorri e um dos pais sorri de volta, esse tipo de atividades não é trivial. Esse ato é realmente importante para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades emocionais infantis, como a capacidade de se revezar.

Relações estáveis ​​com os pais e outros cuidadores que são construídas por meio dessas interações também são importantes para ajudar as crianças a lidarem com o estresse e o trauma e evitar o que os pediatras americanos chamam, no documento, de “estresse tóxico”.

O documento entra em detalhes de pesquisas recentes que mostram que a brincadeira pode afetar o cérebro em desenvolvimento, tanto em sua estrutura básica, quanto em sua função, com mudanças que podem ser encontradas, tanto no nível molecular e celular, bem como no nível de comportamento e de função executiva.

“Há um verdadeiro papel pediátrico em apontar a real importância de brincar em muitos níveis. Os pais perguntam aos pediatras: o que eu faço com o meu filho? Quantas atividades ele deve fazer? Estou muito empolgado com o fato de endossar a ideia de receitar a brincadeira”, diz o médico.

O documento não trata de brincadeiras elaboradas. Ele aborda o brincar com utensílios domésticos comuns que as crianças podem descobrir e explorar, como colocar colheres e recipientes de plástico no chão e bater, para ver o que a criança faz com eles. 

O objetivo não é fazer com que os pais se sintam culpados ou torná-los especialistas em brincadeiras, mas sim orientá-los, durante as consultas, para que eles possam contribuir ludicamente com o desenvolvimento da criança – o que é um imperativo básico da atenção primária em Pediatria.

E há maneiras de trabalhar esse conceito durante a consulta médica: soprar bolhas de sabão para ajudar crianças com medo a se sentirem mais à vontade ou usar fantoches para demonstrar o que vai acontecer em um exame, por exemplo. Pode ajudar levar a família para a sala de espera e ver o que a criança faz com os brinquedos por lá.

“A declaração defende um currículo equilibrado no jardim de infância que não ignore o aprendizado divertido e não considere o tempo gasto em brincadeiras, recreios e férias, como tempo perdido. A aprendizagem lúdica significa apoiar a motivação intrínseca das crianças pequenas para aprender e descobrir, em vez de impor motivações extrínsecas, como as pontuações dos testes”, diz o médico.

O que os pais precisam fazer?

Dar aos pais um reforço positivo para o que eles já estão fazendo é o que mais ajuda, não os criticando pelo que eles não estão fazendo. “Passei muito tempo pensando em como poderíamos incentivar os pais a lerem para os filhos como parte da consulta de atenção primária. Escrevi sobre a importância dessa prescrição. Mas podemos, com sucesso, ‘prescrever a leitura e a brincadeira’, essenciais para uma infância saudável, quando os pais são tão ocupados?. Sim!”, defende o pediatra.

Há temas subjacentes cruciais que conectam todas essas ideias: a importância de interagir com as crianças, respondendo às suas sugestões e perguntas, o valor do “antiquado cara-a-cara” com os pais e com os cuidadores e a importância de ajudar as crianças a encontrarem uma variedade de experiências, que não são todas sobre telas, em um mundo que é cada vez mais virtual para pais e filhos.

“Uma ‘receita para brincar’ que eu poderia prescrever aos pais, no final de uma consulta, é apenas dizer: confie em seu senso comum. Como você pode compartilhar um pouco de alegria com seu filho enquanto ele está explorando o mundo? O objetivo não é realmente validar o que eu acho,  mas liberar os pais que estão se sentindo pressionados por uma cultura que diz não à brincadeira, uma cultura que diz  que as crianças precisam ter videogames especiais, um iPad, ou ainda, precisam ter cada minuto de tempo estruturado para ‘vencer na vida’”, explica o pediatra Moises Chencinski.

“O brincar é a parte mais importante da infância. É como as crianças se desenvolvem emocionalmente e cognitivamente. É como aprendem a falar! A declaração americana vem para ajudar os pediatras e os pais a entenderem a importância desse ato”, acredita o médico.


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como lidar com o conflito de gênero em uma criança


Cada vez mais, a questão da identidade de gênero vem deixando de ser
um tabu para se firmar como um assunto sério a ser enfrentado pela família,
e para isso é necessário o apoio e o acompanhamento de especialistas.
E, muitas vezes, esse tipo de transtorno se manifesta na infância, o que requer dos pais um cuidado especial para lidar com o caso e, assim, garantir um desenvolvimento saudável para os filhos.

Por volta dos 3 ou 4 anos de idade, a criança já tem desenvolvida uma imagem de si mesma, uma percepção de sua individualidade e das diferenças com os outros a sua volta. É nesse período que se estabelece a noção de ser menino ou menina, a partir da identificação com o feminino, representado pela figura da mãe, ou ao masculino, que está relacionado ao pai.

O fato de um menino gostar de brinquedos geralmente vistos como femininos, como bonecas ou utensílios de cozinha, ou de uma menina se sentir bem ao vestir ou usar acessórios ditos masculinos, mesmo após os 4 anos de idade, com essa noção já estabelecida, não indica, necessariamente, um conflito de gênero. Esse comportamento pode ser uma forma de buscar entender as diferenças se colocando no lugar do outro sexo, ou então uma maneira de refletir situações que vivem no dia a dia: as bonecas representam as pessoas que fazem parte do convívio, os fogõezinhos, panelinhas e xicarazinhas reproduzem os objetos que os adultos usam nos cuidados com os filhos, os carrinhos imitam os veículos dos pais ou os que veem nas ruas e assim por diante.

“O conflito se configura, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM V), quando essas manifestações ou atividades passam a ser constantes, persistentes e não esporádicas, quando estão associadas a outros sentimentos como ansiedade, desconforto consigo mesmo, agressividade no trato com as questões ligadas aos papéis de gênero, quando há manifestação de intenso sofrimento por pertencer ao sexo atribuído ao nascimento, quando há um desagrado quanto à sua própria anatomia e quando há um desejo, constantemente manifesto, em ser de outro sexo ou uma certeza de ser do sexo oposto. É preciso estar atento porque esta condição pode estar associada não só a um significativo sofrimento, mas também a um prejuízo no funcionamento social ou em outras áreas importantes na vida da criança, uma vez que coloca em evidência questões muito complexas, frente às quais ainda encontramos muita desinformação, preconceito, pouca compreensão e pouco acolhimento”, explica a psicóloga Vera Ferrari Rego Barros, presidente do Departamento Científico de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

O diagnóstico de conflito de gênero envolve não só a percepção, o entendimento e a aceitação da própria criança como também de seus pais e do seu círculo familiar mais amplo, além dos amigos, colegas e professores. Isso pode envolver, a longo prazo, uma mudança na forma de se vestir, agir, brincar e fazer parcerias, entre outras manifestações.

Com esse novo comportamento, a criança pode ser isolada pelos colegas por puro desconhecimento, preconceito ou receio, e também ser discriminada, o que pode resultar em bullying na fase escolar. A posição da escola a esse respeito, aliás, é essencial para que os pais possam, juntamente com os educadores, encontrar uma forma de trabalhar a questão das diferenças de gênero com os alunos.

“Os pais devem considerar buscar toda a ajuda de que precisarem para lidar com essa modificação que se introduziu na vida de todos, e envolve ações para toda a vida. É um percurso trilhado em conjunto com o filho ou a filha, no qual a própria compreensão e aceitação das diferenças por eles poderá ser transmitida e trabalhada com a criança em prol de que ela se tranquilize com a sua condição, não fazendo disso um entrave para o seu desenvolvimento psíquico e social. O fato de desejar ser de outro sexo com tanta força não é acompanhado necessariamente de tranquilidade para lidar com o seu novo visual, suas novas preferências, sua nova forma de brincar ou se relacionar com seu meio social. As diferenças, de qualquer tipo, sempre podem causar desconforto em quem vive a situação e certa intolerância em quem convive com a criança, gerando reações ou brincadeiras potencialmente muito danosas”, acrescenta a especialista.

Durante todo o período de desenvolvimento e maturação da criança, também é necessário o acompanhamento de um pediatra. Com a ciência desse médico sobre a condição de transtorno de identidade de gênero, é possível uma intervenção com maior sucesso para ajudar a família a expressar e esclarecer suas dúvidas e reassegurar aos pais sua capacidade de criar e educar o filho ou a filha, mesmo com as diferenças trazidas pelo conflito.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Adolescência: segurança insegura


Estamos vivendo tempos difíceis. Pa­rece até que o mundo virou de cabe­ça para baixo, e salve-se quem puder. Por outro lado, as pessoas vivem uma ilusão e, de certa forma, buscam se proteger e criar um mundo particular ao seu redor, que lhes garanta uma permanente sensação de pro­teção e segurança.

Essa busca refere-se, principalmente, àqueles que tentamos de todas as formas proteger e cuidar, ou seja, os filhos, que, por uma extensão de nosso desejo, muitas vezes tentamos salvaguardar de todo o perigo que possa ameaçá-los. Diferentemente da época quando nós, pais, fomos adolescentes, hoje sabemos que muitos dos cuidados que temos baseiam-se em experiências reais – o peri­go existe, porém ele não está fora das pare­des que rodeiam as casas, condomínios, es­colas, e outros recintos onde muitas vezes se acredita estar protegido e fora do alcance de qualquer possibilidade de risco.

O perigo, muitas vezes, está dentro de casa, mais perto do que se imagina entre as quatro paredes de um simples quarto. Qualquer pai ou familiar que conviva com um adolescen­te sabe, ou pelo menos supõe, que seu mun­do está centrado em seu próprio quarto, lo­cal meio sagrado, às vezes místico, habitado por ele e mais uma parafernália de aparelhos, que vão desde computador, games, som, TV, celular, câmera independente e, muitas ve­zes, alguns compõem seu ambiente com gaio­las com uma gama de bichinhos exóticos, que dividem ali com ele nada mais nada menos que sua solidão ruidosa.

Quem não se assustou com a notícia de um jovem garoto que num jogo online com outros meninos jogou a partida final de sua vida. É an­gustiante pen­sar sobre is­so, mas, mui­to pior, é negar essa realidade cada vez mais comum nos dias de hoje.

A realidade virtual veio para ficar. Seria uma hipocrisia achar que se pode acabar com ela. Os pais devem estar atentos ao tem­po que o filho fica em seu quarto envolvido apenas com seu mundo virtual. Muitos jo­vens passam tantas horas em ambientes fe­chados, que nem chegam a ver a luz do dia. Estar atento a esses aspectos é tão importan­te quanto proporcionar condições de um am­biente seguro e acolhedor.

Outro aspecto que observamos é que mui­to do comportamento no adolescente é do­tado de atitudes onipotentes, que o leva a acreditar que a realidade que ele habita po­de acontecer e ser da maneira que ele dese­ja. A crença no pensamento mágico domina suas ações, o que o faz acreditar ser possui­dor de muitas vidas, que numa condição pa­tológica pode desencadear numa distorção da realidade em si.

Não se trata de tarefa fácil, muitas vezes re­quer ajuda especializada, mas que, certamen­te, possibilitará que a necessidade compulsi­va no uso indiscriminado da realidade virtual seja aos poucos preenchida pela capacidade do pensar e pelo desenvolvimento de maiores possibilidades criativas para sua vida.

Artigo da psicóloga e psicanalista Samira Bana (CRP 06 8849).


domingo, 5 de outubro de 2014

Psicoterapia infantil: por que procurar?


Hoje em dia, exercitar o papel de pais tem sido uma tarefa difícil. A busca por psicoterapia infantil tem aumentado principalmente por queixas de comportamentos inadequados e dificuldades com regras e limites. A pressão da sociedade moderna e os avanços tecnológicos vêm interferindo significativamente na maneira de conduzir a educação das crianças.

Os pais têm cada vez mais compromissos profissionais e financeiros que os impedem de acompanhar de perto o desenvolvimento das crianças e de conduzir sua educação. Dessa forma, o sentimento de culpa surge, abrindo caminhos para a permissividade. Os pais preferem aproveitar o pouco tempo que têm com as crianças sem gerar conflitos.
Colocar regras e fazer com que funcionem é também uma tarefa trabalhosa, geradora de conflitos, que exige pulso, paciência e tolerância, e nem sempre é possível devido à rotina agitada principalmente nas grandes cidades.
Diante disso, as crianças estão crescendo sem limites e, ao deparar-se com regras impostas pela própria sociedade e com as frustrações da vida, tendem a descontrolar-se, irritam-se com facilidade, tornam-se agressivas e birrentas. Tudo isso na tentativa de inverter a situação e ter o seu desejo satisfeito. Porém, nem sempre temos nossos desejos satisfeitos e temos de lidar com essas situações de forma controlada. Por que não ensinar isso à criança para que não sofra tanto?
Colocar regras e estabelecer limites é papel de pai e mãe!
A Psicoterapia entra em cena nesse momento: quando os pais necessitam de apoio e orientações para conseguir exercitar esse papel e saber lidar com os seus sentimentos. Não é necessário mudar a vida, deixar trabalho e compromisso, já que a realidade atual não permite. A psicoterapia infantil tem o objetivo de fazer com que a criança lide com seus sentimentos, desejos, limitações e frustrações e os pais, a lidar com os sentimentos de modo a permitir com que desempenhem os seus papéis, permitindo que tenham boas relações com os filhos e qualidade de vida.

Artigo da psicóloga Heloisa Helena Pizarro De Lorenzo Pierami

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quando a criança precisa de psicoterapia?



Hoje em dia, exercitar o papel de pais tem sido uma tarefa difícil. A busca por psicoterapia infantil tem aumentado principalmente por queixas de comportamentos inadequados e dificuldades com regras e limites. A pressão da sociedade moderna e os avanços tecnológicos vêm interferindo significativamente na maneira de conduzir a educação das crianças.
Os pais têm cada vez mais compromissos profissionais e financeiros que os impedem de acompanhar de perto o desenvolvimento das crianças e de conduzir sua educação. Dessa forma, o sentimento de culpa surge, abrindo caminhos para a permissividade. Os pais preferem aproveitar o pouco tempo que têm com as crianças sem gerar conflitos.
Colocar regras e fazer com que funcionem é também uma tarefa trabalhosa, geradora de conflitos, que exige pulso, paciência e tolerância, e nem sempre é possível devido à rotina agitada principalmente nas grandes cidades.
Diante disso, as crianças estão crescendo sem limites e, ao deparar-se com regras impostas pela própria sociedade e com as frustrações da vida, tendem a descontrolar-se, irritam-se com facilidade, tornam-se agressivas e birrentas. Tudo isso na tentativa de inverter a situação e ter o seu desejo satisfeito. Porém, nem sempre temos nossos desejos satisfeitos e temos de lidar com essas situações de forma controlada. Por que não ensinar isso à criança para que não sofra tanto?
Colocar regras e estabelecer limites é papel de pai e mãe!
A Psicoterapia entra em cena nesse momento: quando os pais necessitam de apoio e orientações para conseguir exercitar esse papel e saber lidar com os seus sentimentos. Não é necessário mudar a vida, deixar trabalho e compromisso, já que a realidade atual não permite. A psicoterapia infantil tem o objetivo de fazer com que a criança lide com seus sentimentos, desejos, limitações e frustrações e os pais, a lidar com os sentimentos de modo a permitir com que desempenhem os seus papéis, permitindo que tenham boas relações com os filhos e qualidade de vida.

(Artigo da psicóloga Heloisa Helena Pizarro De Lorenzo Pierami - CRP 06/64924)

sábado, 23 de agosto de 2014

O poder do não



A cada dia mais atendemos no consultório problemas relativos a essa palavrinha pequenina, mas com um poder enorme. Seja por ouvir “não” demais, seja por ouvir “não” de menos ou, ainda, por não conseguir dizer a si próprio e aos outros essa tão conhecida palavra.
Pais não conseguem dizer “não” aos filhos com medo de frustrá-los e frustrar a si próprios, temorosos por não serem mais amados pelos pequenos. Professores evitam pronunciar a palavra para os alunos por medo da represália dos pais. Profissionais não ousam dizer “não” aos colegas e chefes, com medo de perder o emprego.
O outro lado também gera idas aos consultórios. Como lidar com os “nãos” da vida? Não ser chamado a uma vaga de emprego, não receber o amor dos pais, não ser correspondido pelo paquera, não ser tão belo ou magro como gostaria, não ter tanto dinheiro para gastar, não poder sumir quando chega um problema que não sabemos resolver… Mas que palavrinha pirracenta! Como ela atrapalha a vida das pessoas, você poderia dizer!
Mas calma, essa palavra pode ser de muita ajuda! Ao receber um “não” a um desejo que você tem, você aprende a reprogramar suas estratégias e objetivos, praticando a habilidade de esperar, traçar novos caminhos, repensar como fará para chegar lá, analisar o que deu certo e errado no seu caminho de vida. O “não” permite às pessoas conhecer seu lugar no mundo, sabendo o que é certo ou errado e entendendo o que é aceito ou não no local em que vive.
Muitos problemas, nos dias de hoje, se dão pela falta dessa palavrinha na vida das pessoas. Crianças e jovens têm dificuldades de lidar com as regras e as vicissitudes da vida, pois escutaram pouco essa palavra de seus pais e cuidadores. Para eles, esperar sua vez, escutar uma orientação que contrarie sua vontade ou não ganhar o que quer lhes parece um fardo pesado demais para carregar.
Adultos não suportam o fato de imaginar que podem não ser aceitos por receber um “não” de seus parceiros, chefes e amigos, e por isso sofrem tanto quando precisam negar algo aos seus filhos. É como se revivessem o sentimento ruim que as negativas da vida causam neles e se recusam a pensar no “sofrimento” que isso pode gerar no seu filhote. Porém, obviamente que a criança não gostará de não ter seus desejos atendidos, mas isso não fará com que ela deixe de amar os pais ou ainda sucumba de uma terrível depressão e dor ao lidar com as dificuldades. Pelo contrário, ela aprenderá e esperar, rever, negociar, viver!
O “não” estrutura as pessoas. Organiza dentro e fora delas. Faz com que eu me conheça, saiba como minha família, minha cidade, minha empresa e meu mundo funcionam. O “não” liberta. Mostra nossos limites e os limites do mundo que nos cerca. Permite-nos enxergar o que podemos fazer sem prejudicar a nós mesmos e aos outros.
Não tenha medo de escutar ou dizer “não” a alguém.
Conheça seus nãos e os nãos do mundo e aprenda a lidar com eles, já que é impossível viver sem as negativas em nosso dia a dia. Faça terapia!
Artigo da psicóloga e psicopedagoga Camila Khazrik 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A doce (e difícil) tarefa de criar filhos



Sabemos que criar um filho nos dias de hoje não é tarefa fácil. A falta de tempo, o excesso de trabalho, de informação, a rotina agitada, o cansaço físico, o estresse cotidiano, entre outras características do mundo atual, mexem com toda a estrutura familiar que já não é mais a mesma de antigamente. Infelizmente, algumas crianças acabam sofrendo as consequências, passando por momentos difíceis durante o seu desenvolvimento.
Caso seu filho apresente alguns desses sinais, causando preocupação e angústia, é importante buscar ajuda e iniciar um trabalho que possa minimizar o sofrimento, auxiliar no bom desenvolvimento e oferecer, também, um espaço de escuta e acompanhamento familiar, muitas vezes evitando que problemas mais graves possam surgir ao longo do percurso.Mesmo partindo do princípio de que cada casal projeta o melhor futuro para o filho, muitas vezes o encanto acaba se quebrando, e aparece a dura realidade de que nem tudo é como o esperado ou planejado. A criança passa a dizer de diversas formas que algo não está caminhando muito bem e por isso é importante ficar atento a alguns sinais como: insônia, dificuldades na amamentação ou alimentação, recusa no olhar para mãe ou cuidador, birras insistentes e intensas, problemas na fala ou comunicação, problemas na relação com os pais e outras crianças, isolamento, inibição, apatia, agitações, problemas com limites, doenças orgânicas recorrentes etc.
Por meio do atendimento psicanalítico é possível lidar com tais questões, sem que o papel principal dos pais seja substituído por uma saber teórico e científico, ajudando-os a manter a espontaneidade e a relação única que existe entre pais e filho e que, muitas vezes, acaba sendo abalada pela culpa e pelo excesso de informações balizadas encontradas nos diversos meios de comunicação.
A realidade de uma criança que traz questionamentos não deve ser escamoteada, mas sim comunicada com o cuidado devido para evitar uma paralisação dos pais frente aos problemas do filho, garantindo suas funções parentais, assegurando um futuro digno de uma criança que possa se tornar um sujeito desejante, que faz escolhas, recusas e que enfrenta o desconhecido e os obstáculos da vida como qualquer outro cidadão!
(Artigo das psicanalistas Fabiana S. PellicciariJuliana M. Nivoloni)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O mal-estar da adolescência



A adolescência é uma passagem obrigatória, atormentada e, ao mesmo tempo, criativa para o limiar da maturidade. O adolescente deixa gradativamente de ser uma criança e ruma duramente para ser um adulto. Três aspectos distintos e complementares estruturam a adolescência; o biológico, o sociológico e o psicanalítico. A puberdade é o aspecto biológico, momento em que o corpo da criança é alvo de um “tsunami” hormonal, que altera as formas anatômicas. O sociológico é o período transicional entre dependência infantil e a emancipação do jovem adulto.
À luz da Psicanálise, o adolescente é um jovem que se projeta para a vida e freia repentinamente, desolado, desesperançado, para se lançar novamente, possuído pela chama da ação. Nele tudo é contraste e contradição. Ele pode se mostrar agitado e indolente, revoltado e conformista, taciturno e eufórico, intransigente e esclarecido, entusiasta e, bruscamente, apático e deprimido.
O adolescente que se manifesta por meio de comportamentos compulsivos é um jovem com dificuldade de verbalizar seu mal-estar, seu sofrimento difuso, restando aos adultos soprar as palavras que lhe falta. Seu mal-estar revela-se não por meio das palavras, mas em atos. Um psicanalista interpreta um ato violento de um adolescente como a expressão de uma dor interior não sentida, anestesiada, camuflada por uma vontade de potência e imunidade acompanhada de solidão e desconfiança.
Comportamentos de risco notáveis são os depressivos e isolamento, drogas, álcool (bebedeira de sábado à noite), maconha, tentativas de suicídio e consumados, além de distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), a pornografia invasiva na tv e internet associada à violência, a ciberdependência dos videogames e o uso exagerado dos chats, bem como o desinteresse escolar e escapadas que fomentam atos delituosos.
Além dessa tormenta psíquica, há de se considerar o “luto da infância perdida”. Uma perda inexorável que persevera até a conquista da maturidade, que lhe impõe, a contragosto, a elaboração do luto de sua infância.
Aos pais que vivenciam esse período crítico de seus filhos, algumas recomendações podem ser de valia para a resolução de contextos conflituosos sem gravidade. Saber esperar que a tempestade passe é o melhor antídoto. A adolescência é uma etapa com os dias contados.
Ao advertir seu filho, ele não atenta tanto para a crítica e a emoção expressas em suas palavras e sim para a sua disponibilidade de espírito. Ele necessita da certeza de que você não perdeu a confiança nele. Além de condenar e punir é essencial firmar compromissos com o jovem, saber negociar. Ao ocorrer um desvio de conduta, procure não reagir de imediato. Postergue para o dia seguinte a conversa sobre o evento mostrando-se firme e aberto ao diálogo.
Nunca o compare com seus irmãos ou com outro jovem exemplar. Isso não inflama o seu orgulho, pelo contrário, o desencoraja e o humilha. Nunca preveja um fracasso de seu filho, pois isso demonstra a sua falta de confiança nele. Pelo contrário, seja sempre positivo.
Seja realista e ame seu filho como ele é. Suas atitudes com ele derivam da idealização que você faz sobre ele: “O que ele deveria ser.”
Os pais devem reconhecer duas perdas: a perda de uma criança que se emancipou e da ilusão de um adolescente ideal; estudante obstinado, seguro, idólatra da família e transigente com seus valores.

(Artigo do psicólogo Marco Túlio Silva)