sábado, 2 de maio de 2015

Osteoporose: difícil diagnóstico na terceira idade





A osteoporose, uma condição comum que causa a perda óssea progressiva e o aumento do risco de fraturas, é tipicamente conhecida como uma doença que afeta as mulheres mais velhas. E, no entanto, um em cada quatro homens, com mais de 50 anos de idade, vai quebrar um osso devido à osteoporose.
Um estudo publicado na edição de novembro do Journal of Bone & Joint Surgery (JBJS)descobriu que os homens, após fraturarem o punho (fratura do rádio distal), eram três vezes menos propensos que as mulheres a se submeterem a uma densitometria óssea e sete vezes menos propensos a iniciar um tratamento para a osteoporose.
“Com o envelhecimento da população no mundo, a provável incidência de fraturas por fragilidade irá aumentar devido à perda óssea. Os estudiosos acreditam que essas fraturas irão aumentar de duas a quatro vezes, em homens e mulheres, nos próximos 30 anos”, informa o ortopedista Caio Gonçalves de Souza (CRM-SP 87.701), médico do Hospital das Clínicas de São Paulo. 
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram retrospectivamente os prontuários de 95 homens e 344 mulheres com idade superior a 50 anos que foram tratados devido a uma fratura de punho, em uma única instituição, entre 2007 e 2012. As lesões dos pacientes foram avaliadas para determinar se elas estavam ou não relacionadas à presença de osteoporose antes da lesão. Todos os participantes do estudo também fizeram tratamento para osteoporose, pelo menos depois de seis meses, após a fratura no punho.
“Os pesquisadores descobriram que menos homens do que mulheres foram submetidos a testes de densidade óssea antes da fratura. Na sequência da fratura do punho, o número de homens que foram avaliados pelo exame continuou a ser menor: 53 % de mulheres (184) versus 18% dos homens (17)”, diz o médico.
Além disso:
  • 21% dos homens versus 55% das mulheres iniciaram o tratamento com cálcio e vitamina D, antes de completar seis meses da lesão, e 3% dos homens versus 22% das mulheres começaram a tomar bifosfonatos, medicamento comum para evitar a perda da massa óssea;
  • O sexo masculino e os padrões de fratura menos graves levaram a menor indicação de se iniciar o tratamento com cálcio e vitamina D;
  • 50% dos homens que fizeram a densitometria óssea estavam em risco de uma segundo grande fratura osteoporótica na próxima década;
  • No geral, os homens tiveram fraturas menos graves do que as mulheres. 20% dos homens e 40% das mulheres no estudo tiveram uma fratura envolvendo a articulação do punho.
Os resultados deste estudo sugerem que os homens com mais de 50 anos, com fratura do rádio distal, devem ser submetidos a testes e avaliação da densidade óssea para melhor identificar aqueles com alto risco de fraturas no futuro e aqueles que se beneficiariam de um tratamento adicional. 
Osteoporose não é “doença de mulher”
Segundo dados da IOF, International Osteoporosis Foundation, o conceito errôneo de que a osteoporose afeta apenas as mulheres tem consequências devastadoras:
  • Ossos quebrados causam imobilidade, incapacitação grave e dor forte: o resultado é baixa qualidade de vida e perda da independência quando os homens envelhecem;
  • O risco de fratura ao longo da vida é maior do que o risco de desenvolver câncer de próstata: poucos homens mais velhos estão cientes desse risco, ainda que um em cada cinco irá fraturar um osso;
  • Um terço de todas as fraturas do quadril no mundo todo ocorre em homens: os estudos também mostram que 37% dos pacientes masculinos morrem no primeiro ano após uma fratura de quadril;
  • Os homens têm maior probabilidade do que as mulheres de sofrer consequências sérias ou morte: os homens são frequentemente mais velhos quando sofrem uma fratura;
  • Perda de produtividade no local de trabalho devido a fraturas: as fraturas de coluna, particularmente, podem afetar homens de 50 a 65 anos de idade que trabalham e resultam em dias de trabalho perdidos.
Caio G. Souza conta que a densitometria óssea é um exame padrão para mulheres com mais de 65 anos de idade e para aqueles com mais de 60 anos de idade que sofreram uma fratura por fragilidade ou têm fatores de risco para osteoporose. Recomendações similares devem ser propostas para os homens.
Para o médico, tratar as fraturas ósseas dos homens, mas não tratar a causa subjacente das fraturas, os coloca em um risco maior para futuras fraturas e complicações relacionadas.

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