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domingo, 2 de maio de 2021

Como manter o peso saudável na gravidez



Muitas mulheres imaginam a gestação como o período em que se pode ganhar peso à vontade. É o famoso argumento: comer por dois. Mas, segundo a especialista em emagrecimento Edivana Poltronieri, engordar muito durante a gravidez merece atenção, especialmente se a futura mamãe for considerada com sobrepeso ou obesidade ao engravidar.  Isso porque, mulheres nesse perfil apresentam mais riscos de desenvolver problemas de saúde, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia – aumento da pressão arterial. A seguir, a expert dá dicas para um ganho de peso saudável nessa fase.

 

Comece a gestação com um peso saudável, se possível

“Isso é tão importante quanto tomar a vitamina pré-natal antes de engravidar”, diz Edivana Poltronieri.  Ela explica que se a gestante já for adaptada a uma rotina saudável antes da gestação, vai ter uma gravidez mais leve e manter o peso recomendado, de acordo com as orientações do médico ginecologista ou obstetra. “Para quem estiver tentando engravidar, o ideal é agendar uma consulta antes da concepção para que se possa fazer uma avaliação do índice de massa corporal e seguir maneiras saudáveis de perder peso, se necessário”. 

 

Não faça dieta, faça boas escolhas

Algumas mulheres já estão acima do peso quando engravidam e outras engordam muito rapidamente durante a gravidez.  De qualquer forma, independente da condição, Edivana alerta que grávidas não devem fazer dieta ou tentar perder peso durante a gravidez.  “É melhor se concentrar em comer os alimentos que tenham um grande impacto nutricional e que promovam mais saciedade e se manter ativa”, recomenda.

 

Escolha lanches saudáveis entre as refeições

Uma alimentação variada será determinante para a mamãe conseguir os nutrientes necessários sem ganhar muito peso, segundo Edivana. “Que tal trocar os lanches da manhã e da tarde, muitas vezes com bolachas pobres em vitaminas, por exemplo, por lanches que incluam proteínas, fibras e alguma gordura saudável? Os carboidratos naturais, como a batata doce, também são ótimos aliados. Outros exemplos incluem uma banana ou maçã com pasta de amendoim, ovo mexido com espinafre, iogurte natural com nozes e castanhas. O ideal é fazer refeições pequenas e frequentes, porém ricas em vitaminas”, afirma.

 

Não convide o vilão para casa

“A melhor maneira de evitar alimentos não saudáveis, como batatas fritas, sorvete e bolachas recheadas, é não ter esses alimentos em casa. E, se for comer fora, prefira locais que oferecem saladas, sopas e vegetais”, orienta Edivana.  Quando o desejo bater forte à porta, a especialista recomenda buscar o equilíbrio. “É totalmente normal sentir vontade de alguma guloseima na gestação, mas o segredo está em conseguir manter o controle. Você pode até satisfazer seus desejos, mas é importante garantir que está obtendo todas as vitaminas que você e o bebê precisam”.

 

Beba bastante (água)

Edivana afirma que beber água tem um benefício adicional à futura mamãe. Além da hidratação, a água ajuda a mantê-la satisfeita entre as refeições. Ela recomenda manter uma garrafa próxima o tempo todo para aumentar a ingestão.  “Especialmente as grávidas devem monitorar a cor da urina. Se for amarelo escuro é um sinal de que o corpo precisa de mais líquidos. O ideal é beber água ao longo do dia para manter a cor da urina amarelo claro, sinal de uma hidratação adequada”, orienta Edivana. 

 

Movimente-se

Existem muitos tipos diferentes de exercícios que são seguros durante a gravidez, de acordo com a especialista em emagrecimento. “A gravidinha pode, inclusive, até pedir ao parceiro, família ou amigos para fazer algumas atividades com ela. Isso pode tornar o processo ainda mais leve e divertido”, indica.

 

Algumas atividades incluem: caminhadas, exercícios de natação especiais para as futuras mamães, dança, yoga, passear no parque. Para Edivana Poltronieri essas atividades, mesmo que simples, são ótimas maneiras de se manter ativa e garantir uma gestação saudável, além de ajudar  a gerenciar o ganho de peso.

sábado, 6 de março de 2021

Março Lilás: conscientização sobre o câncer do colo do útero

 


Segundo dados do INCA, divulgados na Estimativa de Câncer no Brasil em 2020, o câncer do colo do útero continua sendo o terceiro tipo de câncer que mais atinge mulheres no Brasil. Foram 16.710 novos casos no ano.

Hoje, o movimento Março Lilás busca conscientizar sobre a importância dos exames preventivos no diagnóstico precoce das lesões precursoras do câncer de colo uterino e enfatizar, também, a importância da vacina do HPV (Papilomavírus humano) na sua erradicação.

"A grande maioria dos casos de câncer do colo do útero está associada a infecção pelo HPV. A evolução para câncer é lenta, por isso que o rastreamento e a prevenção são tão importantes, já que os exames permitem a detecção precoce de lesões que podem evoluir para câncer se não tratadas adequadamente.", explica a dra. Daniela Franco Leanza, ginecologista e obstetra do Grupo NotreDame Intermédica.

Como a doença é assintomática em seu estado inicial, é fundamental passar com o ginecologista anualmente para avaliação e para fazer os exames de rastreamento, que devem ser iniciados a partir dos 25 anos de idade e repetidos conforme orientação médica. "O Papanicolau é um exame simples, de fácil acesso, e de extrema importância na vida da mulher. Mediante alterações no Papanicolau, o médico vai solicitar um exame mais específico para visualização e análise do colo do útero, que se chama colposcopia, com a realização de biópsia da região alterada", explica.

Quando a paciente apresenta sintomas como sangramento entre as menstruações, dor ou desconforto pélvico, sangramento ou dor após a relação sexual ou corrimento persistente, a dra. Daniela Leanza explica que o câncer já pode estar em estado avançado.

"O vírus do HPV causa lesões no colo do útero, sendo que muitas se resolvem espontaneamente, sem necessidade de intervenção médica. As lesões pré-neoplásicas são preocupantes e precisam de tratamento, pois a evolução destas lesões leva ao câncer de colo uterino. O Papanicolau permite o diagnóstico precoce dessas alterações que podem ser tratadas com procedimentos de menor complexidade, com a retirada de uma porção do colo do útero através da conização ou CAF (cirurgia de alta frequência). O exame preventivo evita a doença grave e o tratamento agressivo, preservando inclusive a capacidade reprodutiva da mulher", acrescenta a doutora.

Em condições mais graves, quando é diagnosticado o câncer, a ginecologista explica que é preciso uma cirurgia mais radical e pode ser necessário realizar radioterapia e/ou quimioterapia. O tratamento depende muito do estadiamento da doença (grau de invasão), podendo ser necessário realizar uma traquelectomia, que é a retirada total colo uterino, ou a histerectomia total, que é a retirada total do útero e do colo do útero.

Sobre a possibilidade de prevenção da doença com a vacina do HPV, a dra. Daniela explica que a imunização contra o vírus já faz parte do calendário vacinal do Ministério da Saúde desde 2014, sendo aplicada em meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14. A vacina do HPV previne as lesões genitais causadas pelo HPV do tipo 6, 11, 16 e 18. O HPV 16 e 18 está relacionado ao câncer de colo de útero, vagina e vulva nas mulheres e ao câncer de pênis no homem. O HPV do tipo 6 e 11 está relacionado às verrugas genitais em ambos os sexos.


domingo, 7 de outubro de 2018

Dicas para prevenção do câncer de mama


O Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que, entre todas os cânceres, o que mais atinge as mulheres é o de mama, devido a fatores hormonais. Quando detectado precocemente, pode ter boas chances de cura. Veja abaixo pequenas ações importantes para a prevenção, de acordo com João Bosco Ramos Borges, mastologista, ginecologista e obstetra da SOGESP.
  1. Tenha uma dieta equilibrada: consumir frutas, verduras e legumes regularmente ajudam a manter a saúde em dia.
  2. Diminua o consumo de alimentos embutidos.
  3. Pratique atividade física: além de manter o corpo saudável, traz bem-estar e disposição.
  4. Evite beber álcool, mesmo em quantidade moderada.
  5. Não fume. Além prejudicar os pulmões, cigarro aumenta o risco de câncer de mama.
  6. Cuidado com o peso: a obesidade também aumenta o risco de desenvolver a doença.
  7. Mulheres acima de 40 anos devem realizar a mamografia anualmente e ser examinada por um médico ginecologista ou mastologista.
  8. Dependendo do caso, reposição hormonal pode aumentar o risco de câncer de mama, portanto mulheres na menopausa devem consultar um médico para obter informações.
  9. Realizar o autoexame é sempre importante, mostrando autocuidado, autoconhecimento e pode até ajudar na descoberta de nódulos.
  10. A exposição ao sol ajuda na produção de vitamina D e reduz os riscos de câncer. Mas cuidado, não fique exposta entre 10h e 16h.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Quando começar a reposição hormonal?



Queixas frequentes na época da menopausa, como ondas súbitas de calor e suor (fogachos, como são conhecidos), alterações de humor e de sono, além da diminuição no desejo sexual, podem limitar a rotina diária da mulher. A fase do climatério, quando a mulher começa a transição para um período não reprodutivo, faz com que alguns hormônios, como  o estrogênio e a progesterona, diminuam bruscamente sua produção - ocasionando alterações corporais e psicológicas. A Terapia Hormonal (TH), indicada por especialista, pode auxiliar e diminuir os efeitos que a falta do hormônio natural acarreta.

Entretanto, a reposição de hormônios não é um termo exclusivo para o período da menopausa ou andropausa. De acordo com a endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Paraná (SBEM-PR), Gleyne Lopes Kujew Biagini, a reposição cabe a todas as doenças da área endocrinológica. 

"A TH é a administração de medicamentos com uma ou várias ações hormonais, com a função de restabelecer o equilíbrio do funcionamento do organismo. É indicado para homens, mulheres ou crianças, sempre que uma ou mais glândulas apresentam funções em desacordo com a harmonia sistêmica. As que  possuem deficiência do hormônio do crescimento, por exemplo, ou pessoas que precisam repor a insulina no diabetes, também recebem reposição”, explica a médica.

O tratamento para mulheres no climatério consiste, na maioria das vezes, na reposição de estrogênio. Mulheres que tiveram infarto, doenças no fígado, câncer, derrame, tromboses ou mesmo as que tiveram a última menstruação há mais de sete anos, precisam de atenção especial, com avaliação multidisciplinar e acompanhamento frequente. Já nos homens, a reposição é feita com testosterona e as restrições valem para aqueles que são portadores de tumores, obesos e sedentários. “Cada caso deve ser avaliado e estudado para que seja possível encontrar a melhor solução”, sinaliza Gleyne.

Os hormônios podem ser administrados oralmente, na forma de comprimidos, em gel ou ainda com adesivos. “Especificamente no período de climatério, a melhor forma parece ser  a tópica [gel e adesivo], mas depende de uma discussão aberta com o paciente”, ressalta a médica. O tempo de uso depende da avaliação: o nível de deficiência e os benefícios da manutenção variam de paciente para paciente. 

Segundo a médica, não há idade ideal para começar o tratamento, mas, nas mulheres, é mais indicado é por volta dos 45 anos: “Não há comprovação científica de que a reposição hormonal após a menopausa prolongue a vida ou evite doenças. Os sintomas que levam à perda da qualidade de vida nessa época são os determinantes para o início do tratamento”. Nos homens também não há restrição de idade - o que determina o início é o diagnóstico. “Se for detectada deficiência de hormônio aos 13 anos, por exemplo, essa é a idade que deve-se  iniciar a TH”, completa Gleyne.

A determinação se há necessidade de reposição deve ser feita exclusivamente por um médico treinado na área de endocrinologia, seja um endocrinologista, urologista ou ginecologista. A avaliação do endocrinologista, entretanto, traz mais segurança ao paciente, visto que todas as glândulas do corpo serão avaliadas em conjunto. A indicação da TH, seguindo doses adequadas, com uma análise individual e do histórico familiar, traz riscos mínimos de complicações. Além da TH, a prática de exercícios físicos, acompanhada por profissionais da área, também contribuem para uma qualidade de vida melhor nesta fase. 


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Menopausa x insônia



Mais de metade das mulheres acima de 40 anos tem insônia ou má qualidade de sono. Dentre mais de 6 mil mulheres estudadas em artigo publicado na revista internacional ‘Maturitas’ (acesse em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22717489), 56,6% têm insônia, má qualidade de sono ou ambos.

As que já passaram pela menopausa têm uma prevalência ainda maior de insônia e de sono não reparador. A principal queixa é acordar no meio da noite, o que caracteriza a insônia tardia (ou seja, o começo da noite vai bem, mas a partir das 3h da manhã fica acordada).

Não bastasse a menopausa causar insônia, a insônia também é capaz de acentuar a severidade dos sintomas da menopausa e piorar muito a qualidade de vida.
Se você sofre de insônia ou se sua qualidade de sono é pior desde a menopausa, o ajuste de fatores na casa, como o controle da iluminação e de ruídos (desligar o celular!) é o primeiro passo. Também é importante manter uma alimentação saudável e evitar alimentos estimulantes perto da hora de dormir, como refrigerantes de cola, café, chá preto ou mate, shoyo, ajinomoto etc.

Existem algumas terapias não-medicamentosas adjuvantes, como a prática da ioga (por 4 meses ou mais), receber massagem e até o uso do extrato de valeriana. Entretanto, se você já tentou e nada disso melhorou o seu sono, o uso de medicamentos é indicado. Procure seu médico!

Por Renata Bonaccorso Lamego é especialista em Ginecologia e Obstetrícia, em Medicina Fetal, e em Patologia do Trato Genital Inferior. Contato: bonamego@gmail.com

sexta-feira, 22 de junho de 2018



A endometriose é uma doença que atinge cerca de 7 milhões de mulheres só no Brasil e, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), mais de 60% das mulheres desconhecem seus sintomas.

O endométrio é uma camada que reveste a parede interna do útero. Quando não há fecundação, boa parte das células desse tecido são eliminadas na menstruação. Nos casos de endometriose o sangue não é totalmente eliminado, as células, em vez de serem expelidas, migram no sentido oposto, podendo atingir outros órgãos como bexiga e intestino.

Os sintomas mais comuns são as dores na época da menstruação, por isso a dificuldade do diagnóstico, pois muitas vezes a doença é confundida com as cólicas menstruais que acontecem na adolescência, sem causa orgânica. A endometriose além de impactar diretamente na qualidade de vida das mulheres – principalmente jovens que estão em idade fértil – pode dificultar os planos de quem deseja engravidar.

O ginecologista e responsável técnico do Serviço de Endometriose do Hospital Santa Catarina (SP), professor doutor Alexander Kopelman, alerta que "quanto antes for realizado o diagnóstico, maiores serão as chances de evitar as formas graves da doença. Para atingir este objetivo recomenda exame de toque, história clínica minuciosa da paciente, ressonância magnética e/ou exame de ultrassom endovaginal especializado".

A doença está ligada diretamente à dor e a infertilidade, fatores que podem mexer com o emocional. Segundo o especialista, "contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar que envolva psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e acupunturista especializados no tema pode potencializar as chances de sucesso no tratamento".

Os sintomas além das cólicas menstruais
Além das fortes cólicas menstruais, outros sinais podem indiciar a presença da endometriose. Entre eles, o médico destaca três principais sintomas:
  • Incômodo durante as relações sexuais: a endometriose pode causar fortes dores no momento da penetração, por se localizar, muitas vezes, no fundo da vagina. Por isso, qualquer dor que atrapalhe a relação sexual, dever ser investigada.
  • Dores além do período menstrual: com o avanço da doença, a mulher passa a sentir dores em todo o ciclo, e não mais apenas na região do útero, dependendo do foco da endometriose, as dores podem atingir toda a pelve, a lombar e o intestino.
  • Problemas no banheiro: há mulheres que apresentam diarreia e sangramento ao urinar. Em mulheres com endometriose mais agressiva, a doença pode atingir o intestino, levando, por vezes, a sangramento nas fezes.
Existe algum tipo de prevenção?
"Até o momento nenhum estudo encontrou um método eficiente de prevenir o aparecimento e crescimento da doença", conclui o dr. Kopelman. "Algumas evidências sugerem que as pílulas podem trazer este efeito."


domingo, 5 de fevereiro de 2017

Dia Nacional da Mamografia: em debate, a saúde da mulher


Anualmente, no dia 5 de fevereiro, é celebrado no Brasil o Dia Nacional da Mamografia, data que busca conscientizar as mulheres sobre a importância deste exame de detecção precoce do câncer de mama. Quando o tratamento inicia no primeiro estágio da doença, o índice de cura pode chegar a 95%, mas, infelizmente, o Brasil ainda não garante condições integrais de detecção precoce do câncer de mama em sua rede pública de saúde, expondo milhares de mulheres a risco de morte todos os anos.

A Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), alinhada com sociedades médicas brasileiras, recomenda a realização anual da mamografia para mulheres a partir de 40 anos, com o objetivo de detectar a doença ainda no início, quando não há sintomas. Mulheres com histórico de câncer na família devem iniciar a realização do exame 10 anos antes da idade que a parente tinha ao detectar o tumor. Antes dessa idade, as mulheres devem solicitar ao ginecologista ou ao mastologista a realização do exame clínico das mamas, que é um exame de toque, e fazer exames complementares caso o médico os solicite, como, por exemplo, o ultrassom, normalmente aplicado em mulheres mais jovens por terem as mamas mais densas.

Durante muito tempo atribuiu-se ao autoexame um papel maior do que ele deveria ter na detecção da doença. A prática é importante para que a mulher conheça bem o seu corpo e possa perceber alterações suspeitas em suas mamas e, com isso, tenha a oportunidade de procurar um médico rapidamente para proceder a investigação. No entanto, ele não substitui o exame realizado pelo médico ou a mamografia. Isso porque não se pode atribuir a responsabilidade da detecção a mulheres sem treinamento de saúde. Além disso, quando o nódulo é palpável, isso significa que ele já apresenta um tamanho maior que um centímetro. O autoexame deve ser compreendido como uma prática de cuidado complementar. O câncer de mama inicial geralmente não apresenta sintomas e só pode ser detectado por exames como a mamografia. Nesse sentido, a mamografia é mais eficaz por detectar nódulos ainda muito pequenos, oferecendo maior possibilidade de cura.

Detecção precoce e tratamento adequado

A detecção do câncer na fase inicial é essencial para maior eficácia do tratamento. Caso seja confirmado o diagnóstico de câncer, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível. No Brasil, desde 2013 a Lei Federal 12.732 orienta que o início do tratamento de câncer no SUS não pode ultrapassar 60 dias. “Basicamente o tratamento se inicia com uma quimioterapia, no caso de cânceres menos severos, ou uma cirurgia para remoção do tumor em casos mais avançados”, esclarece a médica oncologista dra. Daniela Dornelles Rosa, vice-presidente do Conselho Científico da Femama, entidade sem fins econômicos que concentra uma rede de 60 instituições ligadas à saúde da mama, presentes em 17 estados brasileiros e Distrito Federal.

Segundo a médica mastologista dra. Maira Caleffi, presidente da Femama, algumas mulheres têm medo de realizar a mamografia por receio de descobrir uma doença com a qual não sabem lidar. “Elas têm medo das consequências de um possível câncer. O medo de uma possível mutilação, da provável perda dos cabelos, advinda da quimioterapia, mexe muito com a autoestima delas. Além, claro, do medo da morte, um estigma ainda muito forte relacionado ao câncer”, comenta Caleffi. “Nesta data, é muito importante esclarecer: câncer de mama tem cura se diagnosticado cedo, e quanto antes for descoberto, menos agressivo e mais eficaz será o tratamento. A mamografia de rastreamento consegue detectar nódulos mínimos e, em cânceres iniciais, a chance de cura é quase total”, explica.

Acesso à mamografia na rede pública de saúde

Atualmente, de acordo com portaria 61/2015 do Ministério da Saúde, apenas mulheres com 50 a 69 anos anos têm garantia de realização do exame pelo SUS, embora a Lei 11.664/2008 determine desde 2009 a realização gratuita do exame a todas as mulheres a partir dos 40 anos e sociedades médicas brasileiras estejam em consenso sobre a importância de iniciar o exame periódico a partir dessa idade. Dados concretos embasam essa determinação: de acordo com levantamento realizado pelo A.C. Camargo Cancer Center com 4,5 mil pacientes de câncer de mama atendidas pela instituição, 40% dos diagnósticos da doença em 2014 ocorreram em mulheres com até 49 anos de idade.

O Projeto de Lei 3.437/2015, sob análise na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara de Deputados desde dezembro de 2016, pode ser uma saída para reverter a situação, pois versa sobre o acesso ao diagnóstico precoce do câncer. A FEMAMA defende a elaboração de novo parecer a este projeto, uma vez que o parecer atual, que teve relatoria da deputada Gorete Pereira na Comissão de Defesa dos Direito da Mulher, não estabelece explicitamente a garantia de realização da mamografia para todas as mulheres a partir de 40 anos pelo SUS. Por isso, a instituição está em diálogo com os deputados federais para convencê-los da importância do diagnóstico precoce para salvar a vida de milhares de mulheres – anualmente, 14 mil mulheres morrem devido ao câncer de mama no Brasil.

“A mobilização da sociedade civil e o engajamento do poder legislativo na formulação de políticas públicas em defesa da saúde da mulher são fatores determinantes para mudarmos a realidade brasileira dos pacientes que sofrem com o diagnóstico de câncer, garantindo-lhes do acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado e digno. O tempo corre contra na luta pela vida das mulheres com câncer”, ressalta ofício assinado pela dra. Mairai, entregue aos líderes de partido para solicitar a atenção ao tema e pedir nova redação do projeto de lei, incluindo este pedido e outros que dizem respeito ao diagnóstico do câncer de mama.

A adesão do poder público à realização dos exames a partir dos 40 anos é fundamental para que o direito à detecção precoce do câncer seja plenamente exercido. Dados do DataSUS demonstram que, já em 2014, após instituição da portaria do Ministério da Saúde, houve diminuição de 40% do número de mamografias realizadas em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos em comparação com 2013. A restrição do acesso ao exame prejudica até mesmo mulheres que se encontram na faixa prioritária para o rastreamento, já que houve redução na realização de mamografias gratuitas inclusive em mulheres entre 50 e 69 anos de idade. A redução de exames nessa faixa, no mesmo período, foi de 30%.