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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Dia Nacional da Mamografia: em debate, a saúde da mulher


Anualmente, no dia 5 de fevereiro, é celebrado no Brasil o Dia Nacional da Mamografia, data que busca conscientizar as mulheres sobre a importância deste exame de detecção precoce do câncer de mama. Quando o tratamento inicia no primeiro estágio da doença, o índice de cura pode chegar a 95%, mas, infelizmente, o Brasil ainda não garante condições integrais de detecção precoce do câncer de mama em sua rede pública de saúde, expondo milhares de mulheres a risco de morte todos os anos.

A Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), alinhada com sociedades médicas brasileiras, recomenda a realização anual da mamografia para mulheres a partir de 40 anos, com o objetivo de detectar a doença ainda no início, quando não há sintomas. Mulheres com histórico de câncer na família devem iniciar a realização do exame 10 anos antes da idade que a parente tinha ao detectar o tumor. Antes dessa idade, as mulheres devem solicitar ao ginecologista ou ao mastologista a realização do exame clínico das mamas, que é um exame de toque, e fazer exames complementares caso o médico os solicite, como, por exemplo, o ultrassom, normalmente aplicado em mulheres mais jovens por terem as mamas mais densas.

Durante muito tempo atribuiu-se ao autoexame um papel maior do que ele deveria ter na detecção da doença. A prática é importante para que a mulher conheça bem o seu corpo e possa perceber alterações suspeitas em suas mamas e, com isso, tenha a oportunidade de procurar um médico rapidamente para proceder a investigação. No entanto, ele não substitui o exame realizado pelo médico ou a mamografia. Isso porque não se pode atribuir a responsabilidade da detecção a mulheres sem treinamento de saúde. Além disso, quando o nódulo é palpável, isso significa que ele já apresenta um tamanho maior que um centímetro. O autoexame deve ser compreendido como uma prática de cuidado complementar. O câncer de mama inicial geralmente não apresenta sintomas e só pode ser detectado por exames como a mamografia. Nesse sentido, a mamografia é mais eficaz por detectar nódulos ainda muito pequenos, oferecendo maior possibilidade de cura.

Detecção precoce e tratamento adequado

A detecção do câncer na fase inicial é essencial para maior eficácia do tratamento. Caso seja confirmado o diagnóstico de câncer, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível. No Brasil, desde 2013 a Lei Federal 12.732 orienta que o início do tratamento de câncer no SUS não pode ultrapassar 60 dias. “Basicamente o tratamento se inicia com uma quimioterapia, no caso de cânceres menos severos, ou uma cirurgia para remoção do tumor em casos mais avançados”, esclarece a médica oncologista dra. Daniela Dornelles Rosa, vice-presidente do Conselho Científico da Femama, entidade sem fins econômicos que concentra uma rede de 60 instituições ligadas à saúde da mama, presentes em 17 estados brasileiros e Distrito Federal.

Segundo a médica mastologista dra. Maira Caleffi, presidente da Femama, algumas mulheres têm medo de realizar a mamografia por receio de descobrir uma doença com a qual não sabem lidar. “Elas têm medo das consequências de um possível câncer. O medo de uma possível mutilação, da provável perda dos cabelos, advinda da quimioterapia, mexe muito com a autoestima delas. Além, claro, do medo da morte, um estigma ainda muito forte relacionado ao câncer”, comenta Caleffi. “Nesta data, é muito importante esclarecer: câncer de mama tem cura se diagnosticado cedo, e quanto antes for descoberto, menos agressivo e mais eficaz será o tratamento. A mamografia de rastreamento consegue detectar nódulos mínimos e, em cânceres iniciais, a chance de cura é quase total”, explica.

Acesso à mamografia na rede pública de saúde

Atualmente, de acordo com portaria 61/2015 do Ministério da Saúde, apenas mulheres com 50 a 69 anos anos têm garantia de realização do exame pelo SUS, embora a Lei 11.664/2008 determine desde 2009 a realização gratuita do exame a todas as mulheres a partir dos 40 anos e sociedades médicas brasileiras estejam em consenso sobre a importância de iniciar o exame periódico a partir dessa idade. Dados concretos embasam essa determinação: de acordo com levantamento realizado pelo A.C. Camargo Cancer Center com 4,5 mil pacientes de câncer de mama atendidas pela instituição, 40% dos diagnósticos da doença em 2014 ocorreram em mulheres com até 49 anos de idade.

O Projeto de Lei 3.437/2015, sob análise na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara de Deputados desde dezembro de 2016, pode ser uma saída para reverter a situação, pois versa sobre o acesso ao diagnóstico precoce do câncer. A FEMAMA defende a elaboração de novo parecer a este projeto, uma vez que o parecer atual, que teve relatoria da deputada Gorete Pereira na Comissão de Defesa dos Direito da Mulher, não estabelece explicitamente a garantia de realização da mamografia para todas as mulheres a partir de 40 anos pelo SUS. Por isso, a instituição está em diálogo com os deputados federais para convencê-los da importância do diagnóstico precoce para salvar a vida de milhares de mulheres – anualmente, 14 mil mulheres morrem devido ao câncer de mama no Brasil.

“A mobilização da sociedade civil e o engajamento do poder legislativo na formulação de políticas públicas em defesa da saúde da mulher são fatores determinantes para mudarmos a realidade brasileira dos pacientes que sofrem com o diagnóstico de câncer, garantindo-lhes do acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado e digno. O tempo corre contra na luta pela vida das mulheres com câncer”, ressalta ofício assinado pela dra. Mairai, entregue aos líderes de partido para solicitar a atenção ao tema e pedir nova redação do projeto de lei, incluindo este pedido e outros que dizem respeito ao diagnóstico do câncer de mama.

A adesão do poder público à realização dos exames a partir dos 40 anos é fundamental para que o direito à detecção precoce do câncer seja plenamente exercido. Dados do DataSUS demonstram que, já em 2014, após instituição da portaria do Ministério da Saúde, houve diminuição de 40% do número de mamografias realizadas em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos em comparação com 2013. A restrição do acesso ao exame prejudica até mesmo mulheres que se encontram na faixa prioritária para o rastreamento, já que houve redução na realização de mamografias gratuitas inclusive em mulheres entre 50 e 69 anos de idade. A redução de exames nessa faixa, no mesmo período, foi de 30%.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Fevereiro, mês de campanhas contra o câncer


A conscientização e a prevenção do câncer são as principais armas contra a doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), poderá atingir cerca de 600 mil brasileiros em 2017. Durante o mês de fevereiro, duas importantes datas prometem ampliar a discussão sobre a neoplasia.
O dia 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, foi marcado por ações que visam combater os impactos globais da doença. A data, criada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), tem como objetivo fazer com que boa parte da população mundial fale sobre ela, reforçando a divulgação de informações sobre prevenção, fatores de risco e diferentes formas de melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer.

Ainda em fevereiro, no dia 5, o Brasil comemora o Dia Nacional da Mamografia. O exame ajuda na detecção precoce do câncer de mama que, no país, poderá afetar mais de 57 mil mulheres até o final deste ano.

Gilberto Amorim, oncologista clínico e coordenador de cirurgia mamária do Grupo Oncologia D'Or, fala sobre a importância dos exames preventivos, como a mamografia, e reforça a relevância deles para a saúde do brasileiro.  

Quais são os principais avanços alcançados no diagnóstico do câncer na última década?
Podemos destacar o diagnóstico por testes moleculares, que já estão disponíveis no Brasil – tanto no setor público quanto no privado. Diagnósticos sanguíneos prometem ser uma tendência no país, pois a medicina já entendeu que é preciso sofisticar a investigação do câncer devido às suas diferentes características. Os exames para a detecção precoce de tumores do sistema digestivo, como fígado e esôfago, também apresentaram avanços durante a última década.

Em relação ao câncer de mama, quais são as chances de cura com a detecção precoce da doença?
O diagnóstico precoce sempre foi um fator importante para os pacientes com câncer de mama. O tratamento de tumores com 1 cm de diâmetro, por exemplo, pode aumentar as chances de cura em até 90%, além de diminuir métodos mutiladores, como a mastectomia. A detecção precoce da doença também contribui para a redução do impacto econômico e social, pois quanto mais cedo a doença for descoberta, menor será o tempo de afastamento do paciente da sua vida social e profissional.

O que temos desenvolvido atualmente como novas estratégias para combater o câncer?
É sempre bom reforçar a importância da mudança dos hábitos alimentares, assim como as campanhas antitabagismo que podem diminuir consideravelmente os riscos para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A obesidade tem sido um dos principais problemas da nossa sociedade, contribuindo para o surgimento de tumores no estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, entre outros. É importante inserir atividades físicas na rotina, além de reduzir o excesso de alimentos embutidos e o consumo excessivo do açúcar e do sal.

Quais são as expectativas em tratamento para os próximos anos?
A Imunoterapia, tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente, permanece como um dos principais tratamentos contra a doença, mesmo sendo precoce no Brasil. Ela tem revolucionado o tratamento de vários tipos de tumores, em especial os localizados no pulmão e na mama. Outra expectativa em tratamento é o avanço de técnicas menos invasivas, como a cirurgia robótica. A técnica tem apresentado importantes resultados quando realizada em pacientes oncológicos, principalmente aqueles diagnosticados com câncer de próstata, já que ela aumenta a segurança do paciente e minimiza complicações.