sábado, 12 de setembro de 2015

Separação: algumas considerações

Nos tempos atu­ais, cada vez mais nos deparamos com separações entre ca­sais e, infelizmente, nem sempre essas, mesmo que consensuais, transcor­rem num ambiente har­mônico, sem rivalidades. Quase sempre aquilo pe­lo qual se separou para evitar brigas e crises aca­ba se transformando em verdadeiras batalhas, e o pivô eleito, infelizmente, é o filho.
Em épocas de guarda compartilhada, alguns pais acreditam po­der proporcionar uma estabilidade ao filho – quanto mais recursos financeiros oferecer e disponibilizar quando ele estiver sob sua guarda. O que ocorre, entretanto, é que ca­da vez mais estamos vendo uma maior quan­tidade de crianças inseguras e muitas vezes sofrendo de problemas depressivos, imersas numa grande confusão mental, não sabendo com quem efetivamente podem contar.
A capacidade de ser uma boa mãe ou um bom pai de forma alguma está ligada a ter mais ou menos dinheiro, nem de proporcio­nar mais ou menos coisas materiais ao filho. A capacidade de serem bons pais é funda­mentalmente estabelecida pela forma como os pais tratam o filho: a função de verdadei­ramente ser um cuidador de suas necessida­des básicas, acolhimento, mostrar e transmi­tir valores, pois toda criança ou adolescente SABE quando é realmente cuidado.
O que muitas vezes ocorre é que uma sepa­ração nem sempre trans­corre em clima favorável, de paz e discernimen­to. Muitas vezes, um dos pais, aquele que está em situação financeira me­lhor, faz uso dela, no sen­tido de agredir, de compe­tir com o outro.
Em alguns casos, se a separação foi tumultua­da e trouxe muito sofri­mento, pode ocorrer de um desses pais se sentir mais vulnerável, insegu­ro e, no caso, se esse for o que está em si­tuação financeira mais vulnerável, poderá pela sua insegurança, temer que a criança queira estar com aquele que mais coisas ti­ver a oferecer material e financeiramente. Porém, se esse pai mesmo com menos re­curso material confia nas suas capacida­des e acredita no desempenho de sua fun­ção nos cuidados com o filho, meio cami­nho já está andado.
Engana-se quem pensa que o filho não per­cebe quando um dos pais está tendo uma ati­tude inadequada, ou seja, levá-lo para via­gens, comprar tudo que o dinheiro pode ofe­recer, mas ao voltarem das férias, ficar dias ou meses sem aparecer. Enfim, causa no filho uma sensação de vazio que nada material é capaz de preencher e satisfazer.
(Artigo da psicóloga Samira Bana (CRP 06-8849)

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