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domingo, 15 de outubro de 2023

Ambiente tranquilo pode evitar que bebês tenham pesadelos

 


Uma boa noite de sono faz a diferença não só para os adultos, como também, para os bebês. Segundo informações do Instituto do Sono, ao dormir, o organismo da criança realiza funções que garantem um crescimento saudável, como o desenvolvimento celular, a restauração da energia e a consolidação da memória. 

No entanto, quando os bebês têm pesadelos e acordam assustados durante a noite, essas funções são prejudicadas. O medo e a insegurança diante de sonhos fantasiosos e assustadores podem resultar em choros incessantes e certa resistência para voltar a dormir, impactando, também, na qualidade de sono dos pais e responsáveis. 

Segundo o Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o sono é um processo natural em que ocorre uma redução da consciência e das atividades corporais. No geral, ele é dividido em dois momentos: o sono não-REM, caracterizado por uma atividade cerebral menos intensa, e o sono REM, quando a atividade é mais intensa, resultando em sonhos e pesadelos.

Em entrevista concedida à imprensa, a neurologista responsável pelo setor de pediatria do Instituto do Sono da Unifesp, Márcia Pradella, e a psicóloga e psicopedagoga do Hospital Albert Einstein (SP), Melina Blanco Amarins explicaram que os sonhos, sejam bons ou ruins, acontece na fase do sono REM e são influenciados pelos momentos vividos pela criança ao longo do dia. 

Para evitar os pesadelos em bebês, é aconselhável a criação de um ambiente tranquilo para as horas de descanso. Estabelecer um clima agradável e investir numa decoração aconchegante com papel de parede para quarto infantil são algumas ideias que podem ajudar a diminuir os estresses noturnos das crianças.

Como aliviar os pesadelos infantis 

Segundo as especialistas Márcia Pradella e Melina Blanco Amarins, não dá para evitar que os pesadelos ocorram, mas é possível criar um ambiente confortável para que as noites sejam mais tranquilas. O espaço onde o bebê dorme deve transmitir a sensação de aconchego. 

Para isso, a decoração pode ganhar peças que minimizem ruídos, como o tapete para quarto infantil. As cores utilizadas no ambiente podem ser mais claras e neutras, e objetos decorativos podem criar uma experiência lúdica e positiva para a imaginação dos pequenos. 

A escolha dos móveis também impacta na qualidade de sono das crianças. Nos primeiros anos de vida, o berço deve garantir conforto, aconchego e segurança para o bebê. Com o passar dos anos, o quarto pode ganhar um  modelo de cama infantil que seja compatível com a idade da criança. 

Outras medidas podem ajudar a criança a ter uma noite de sono tranquila. Em entrevista à imprensa, o médico pediatra e pesquisador do Instituto do Sono, Gustavo Antonio Moreira, explicou que expor o bebê à luz natural pela manhã ajuda a regular o ritmo circadiano. 

O profissional destacou, ainda, a importância da preparação para a hora do sono. A orientação é para que os pais reduzam a exposição da criança à luz artificial, principalmente, das telas nas horas que antecedem o descanso.  

Quando é preciso buscar ajuda?

Dados divulgados pela Associação Brasileira do Sono mostram que até 30% das crianças, entre 5 e 12 anos, têm um pesadelo a cada seis meses. Embora não haja uma média considerada “normal”, especialistas alertam que a frequência desses episódios pode ser indício de outros problemas. 

Por esse motivo, quando pais e responsáveis observam a recorrência desse tipo de situação, é recomendado o auxílio de profissionais qualificados na área. Estudo publicado pela revista científica Sleep, informa que o excesso de pesadelos na infância pode estar relacionados aos distúrbios mentais. 

O suporte profissional irá ajudar no bem-estar e na qualidade do sono da criança. Em caso de diagnósticos de doenças, também contribui para o tratamento adequado.

 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Como aliviar as cólicas do bebê?


As cólicas em bebês recém-nascidos são muito comuns e assustam, principalmente, os papais de primeira viagem. A manifestação do incômodo se dá por meio de um choro inconsolável, súbito e inexplicável. Porém, de acordo com o pediatra do Hospital Edmundo Vasconcelos, Eduardo Brandina, não há motivo para pânico; as cólicas em lactantes são comuns e seus episódios se iniciam a partir da segunda semana de vida, atingindo o pico entre a quarta e a sexta e com melhora considerável após o terceiro mês.

Até o momento, as pesquisas acerca das causas da cólica em lactantes são inconclusivas, entretanto, algumas hipóteses têm sido associadas ao incômodo, como imaturidade no sistema nervoso central do bebê, anormalidades na produção de hormônios gastrointestinais, alteração da motilidade intestinal – capacidade de mobilidade do intestino – e até mesmo fatores externos, como barulho, claridade e agitação. Algumas pesquisas indicam ainda que, bebês que não se alimentam pelo leite materno, têm duas vezes mais chances de incidência de cólicas.

"Por não se saber ao certo a causa da cólica em recém-nascidos, ainda não há um tratamento eficaz, porém, algumas dicas simples podem ajudar a trazer conforto nessa hora delicada: manter-se tranquilo para transmitir calma ao bebê, pegá-lo no colo, deixar a barriga do pequeno em contato com a da mãe, a fim de transmitir calor e conforto. Além disso, manter o ambiente a meia luz e com música suave, colocar compressas mornas na barriga, fazer massagem circular e dar banho morno", afirma Eduardo Brandina.

O tratamento com medicamentos, chás ou outros métodos de controle da dor só deve ser realizado sob orientação do pediatra. O especialista alerta para a importância do acompanhamento médico. "O exame clínico é fundamental para descartar quaisquer outras razões para o choro da criança", diz.

Eduardo Brandina chama atenção ainda para uma moda perigosa: o uso do colar de âmbar nos bebês. Trata-se de um colar feito de uma resina vegetal que atuaria como analgésico e anti-inflamatório pela presença do ácido succínico, mas não existe nenhuma comprovação científica de sua eficácia. "Além disso, seu uso traz grande risco de asfixia ao lactente, tanto por estrangulamento quanto por aspiração", afirma.


A cólica em recém-nascidos por mais traumática que seja, é uma condição transitória que não traz riscos ao bebê e nem interfere em seu desenvolvimento.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sobre açúcar, diabetes e crianças...




Pesquisa publicada no PLoS One sugere que o açúcar pode desempenhar um papel muito mais relevante na origem do diabetes do que pensávamos antes. Os pesquisadores descobriram que países com mais açúcar em seus suprimentos de alimentos têm maiores taxas de diabetes, independentemente da relação do açúcar com a obesidade (ou de outros fatores dietéticos) e de diversos fatores econômicos e demográficos.
Embora o estudo seja centrado nas taxas de diabetes entre adultos de 20-79 anos, o tema também se relaciona com as crianças. O diabetes tipo 2, que responde por 90% dos casos de adultos e está vinculado à obesidade, costumava ser raro em crianças. Mas, ao longo das últimas décadas, crianças e adolescentes têm sido diagnosticados com o problema cada vez mais cedo. Ao mesmo tempo, reduzir a ingestão de açúcar pelas crianças já é foco de vários programas preventivos de saúde, como campanhas mundiais que pretendem banir bebidas açucaradas de escolas e de hospitais infantis.
O pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349) fala, nessa entrevista, sobre como as novas descobertas se aplicam às crianças:
O que os resultados deste estudo podem significar para a saúde das crianças?
Este estudo utilizou dados do consumo de açúcar para países inteiros e não para indivíduos. Isso significa que as crianças e os adultos pesquisados estavam vivendo em países onde os níveis mais elevados de açúcar nos alimentos foram associados com taxas mais elevadas de diabetes. As potenciais implicações dessa relação são ainda mais fortes para as crianças do que para os adultos. As crianças estão sendo expostas ao maior consumo de açúcar por um tempo muito maior. Este é um problema comum, particularmente nos países em desenvolvimento, onde os hábitos alimentares e o peso da população vêm mudando muito rapidamente. Os pediatras há muito se concentram no que pode ser feito no início da vida, e ao longo da fase de crescimento, para prevenir doenças que têm origem na infância, mas tornam-se mais evidentes na idade adulta. Assim, todo o aconselhamento sobre obesidade, atividade física, comportamento sedentário e nutrição em crianças é realmente relevante para a prevenção do diabetes, das doenças cardíacas, muitos tipos de câncer e outras doenças crônicas em adultos.
Quais os fatores de risco que tem sido identificados como os maiores contribuintes para o aumento do diagnóstico do diabetes tipo 2 em pacientes pediátricos?
O maior contribuinte identificado é o aumento de peso. Mas a crescente taxa de diabetes tipo 2 em idades cada vez mais jovens, provavelmente, reflete a obesidade crescente no mundo, fruto de mudanças na dieta – como o consumo de  mais açúcar e alimentos processados – juntamente com menos atividade física. É por isso que é tão importante orientar as famílias a melhorar suas dietas e acabar com o sedentarismo. Devemos prevenir e controlar o ganho de peso excessivo e todos os problemas que surgem em decorrência dele, dentre os quais, o diabetes.
O senhor acha que os pais cujos filhos não são obesos também devem se preocupar com o consumo de açúcar e o risco de diabetes de seus filhos?
O estudo não aborda a questão do diabetes em crianças, mas reforça os conselhos que eu menciono agora, tanto para crianças com peso normal, como para crianças com excesso de peso. Definitivamente, recomendo que os pais tentem reduzir a quantidade de açúcar na dieta de seus filhos. A maioria dos pais sequer sabe quanto açúcar seus filhos estão comendo. Bebidas açucaradas e doces são as fontes óbvias, mas também há açúcar nos alimentos processados, incluindo pão, pizza e batatas fritas. Os açúcares que são adicionados aos alimentos são apenas calorias vazias, ou seja, fornecem calorias extras e nenhum benefício adicional nutricional ao alimento. Sendo assim, recomendo que todos os pais tentem ao menos reduzir as fontes óbvias de açúcar, como refrigerantes, doces e sobremesas.
O que poderia ser alterado nas políticas alimentares ou nas políticas de saúde que poderia ser eficaz na redução do acesso das crianças aos alimentos açucarados?
Infelizmente, o açúcar está em tudo. Como os pais são os responsáveis pelo que as crianças comem, eles podem ser mais cuidadosos com a questão, eliminando todas as bebidas açucaradas da dieta das crianças, incluindo aqui todos os refrigerantes, sucos de frutas, bebidas esportivas e bebidas energéticas. Políticas para limitar a venda de bebidas açucaradas nas escolas também podem ajudar a limitar o consumo destes produtos. Impostos mais altos para as bebidas açucaradas também poderiam ser uma estratégia promissora. Assim como no caso do cigarro, os impostos podem ajudar a reduzir a demanda por estes produtos, fazendo com que as bebidas açucaradas fiquem mais caras. Não é um verdadeiro absurdo que um refrigerante seja, hoje, mais barato do que um suco de frutas natural?