Pessoas com distúrbio do processamento
auditivo ouvem, mas têm dificuldade em entender, armazenar e muitas vezes
localizar esse processo de linguagem. Geralmente apresentam dificuldade em
entender uma conversa com ruído de fundo. Fazem grande esforço para se manter
concentrados, e na maioria das vezes têm problemas de leitura, escrita e
linguagem, como, por exemplo, dificuldades em contar histórias.
Segundo a
fonoaudióloga Cíntia Fabiane Massarenti (CRFa 12627/CFFa 3063/05), o
processamento auditivo central é o meio que o sistema nervoso central usa para
a informação que chega dos ouvidos, ou seja, o que o cérebro faz com o que
ouvimos. Algumas pessoas têm a dificuldade em realizar certas habilidades, o
que possivelmente acaba levando à dificuldade em seu meio de convívio. “Crianças
que muitas vezes não vão bem na escola e são caracterizadas como preguiçosas,
desatentas, agitadas, adultos com sérias dificuldades em memorização,
entendimento, ou ainda as pessoas portadoras de aparelho auditivo com
dificuldades no entendimento, todos estes podem apresentar o transtorno do
processamento auditivo central”, explica ela.
Como
identificar? Deve ser feita uma entrevista detalhada com um profissional, seja
otorrino, psicólogo, fonoaudiólogo e, caso a pessoa apresente algumas queixas,
é necessário realizar o teste do processamento auditivo central. Geralmente,
as queixas são: dificuldade de aprendizagem; troca de letras ao falar ou
escrever; dificuldade de memória; desatenção/distração; cansaço rápido
quando está assistindo aulas/palestras; dificuldade em prestar atenção em
ambientes ruidosos; pedir para repetir “o quê?”, “hã” várias vezes; não
conseguir entender bem o outro; dificuldade em conversas com várias pessoas ao
mesmo tempo, e principalmente, dificuldade em realizar uma sequência de
atividades solicitadas.
Então, o que
fazer? “Caso haja alguma suspeita de alteração do processamento auditivo, o
profissional procurado, após levantar um histórico clínico detalhado, solicitará
o teste do processamento auditivo central, que é realizado por um
fonoaudiólogo habilitado. Nele é possível identificar quais as habilidades
alteradas”, diz a especialista.
As alterações têm possibilidades de
ser revertidas com treinamento em cabina e em sala para maior eficácia, tendo
como base a plasticidade auditiva cerebral, pensando que estamos inseridos no
universo social onde boa parte de nossas condutas, conhecimentos, valores e
crenças provém dos grupos sociais que estamos inseridos. “Com o trabalho é
possível observar resultados positivos em todos os aspectos, incluindo
autoestima”, finaliza.