sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Autismo: sinais de sofrimento psíquico


Hoje em dia é muito comum falar de autismo ou de transtorno do espectro autista, que são expressões de traços de isolamento na relação com o outro. As manifestações são diversas, o que, por um lado, auxilia a detecção de que algo não vai bem com a criança, precisando buscar tratamento o quanto antes, mas, por outro lado, pode proporcionar o fechamento de um diagnóstico que nem sempre é verdadeiro, principalmente em bebês e crianças muito pequenas.
Como nesse período há uma grande plasticidade neuronal, é imprescindível realizar as intervenções precoces visando o estabelecimento da relação do bebê/criança com os pais e cuidadores, para que os pequenos possam ir estabelecendo laços sociais, aumentando a sua rede de relacionamentos e aumentando suas capacidades de expressão.
A criança pode, ou não, evoluir para um quadro autista. O trabalho é individual e dependerá de diversos fatores, visto que as causas são várias: condições ambientais, genéticas, emocionais, não podendo se depositar um peso único para um único fator. O importante é investir e trabalhar em conjunto com os pais e outros profissionais.
A dificuldade da pessoa com autismo é na relação, não por falta de vontade ou por falta de amor pelas pessoas próximas, já que amam seus pais, amigos e são muito carinhosas com eles, mas por incapacidade de se colocarem no lugar do outro, porque esse lugar lhe é estranho por um desconhecimento com o que ocorre com o seu próprio corpo, apesar de muitas vezes terem um conhecimento vasto sobre assuntos em gerais. O mundo pode ser muito intenso e pode ser necessário um fechamento pela violência em receber estímulos sem a capacidade de metabolizá-los da melhor forma possível para o estabelecimento do convívio social. Por isso não se pode forçar o contato quando a pessoa com autismo sinaliza seus limites. É preciso trabalhar com eles para, na medida do possível, ampliar seu contato social.
De um modo geral, é importante verificar se a criança prefere brincar sozinha na maior parte do tempo, evitando interagir com outros; se manipula objetos de maneira mecânica, sem a presença de faz-de-conta; se evita o contato visual, parecendo ter algum tipo de surdez por ficar indiferente ao chamado; se tem reações violentas quando em contato com outros. Em bebês, deve-se observar se há uma indiferença à voz materna, se evita olhar para a mãe ou não sustenta esse olhar. Muitas crianças ou bebês podem ter esses sinais sem que necessariamente eles indiquem a presença do autismo, por isso são apenas sinais de alerta a serem observados dentro de um contexto mais amplo de isolamento e recusa da relação com o outro. Procurar um profissional habilitado seria o mais indicado para melhores esclarecimentos.

(Artigo das psicólogas Fabiana S. Pellicciari e  Juliana M. Nivoloni)

Nenhum comentário:

Postar um comentário