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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

É verdade que o celular escuta as conversas para mostrar anúncios?

 


É bem possível que alguma vez você tenha tido a sensação de que o celular pode ouvir o que falamos. Afinal, já deve ter acontecido de receber a indicação de um produto ou serviço relacionado a algo que tenha comentado com familiares ou amigos ao falar ao telefone, ou até mesmo em conversas ao vivo. Por esse motivo, muitos dos que afirmam estarem sendo gravados pelos smartphones acham que os celulares estão constantemente nos ouvindo e gravando o que falamos, para então categorizar e usar esse conhecimento para direcionar anúncios. Será que é isso mesmo que acontece?


De acordo com Yasodara Cordova, pesquisadora-chefe em Privacidade e Caio Gomes, diretor de Dados da Unico, empresa especializada em identidade digital, a resposta é não, os celulares não nos gravam.
 

Diferente das teorias de conspiração, a realidade é que as empresas não gravam nossas conversas, ou escutam o que falamos o tempo todo em nossos aparelhos. Na verdade, é tudo uma questão de estatística e muita coleta de dados - mas não áudio de conversas. Estes dados não são coletados sem a permissão dos usuários. É exatamente o oposto: os próprios usuários dão permissão - ao clicar e aceitar os termos de consentimento e políticas de privacidade - para que aplicativos e outros serviços conectados acessem a sensores diversos que coletam dados que informam a localização, a lista de contatos, e outros dados que são necessários para a prestação de serviços via internet.
 

Primeiramente, é crucial esclarecer que coletar todos os áudios de um celular não é economicamente viável. Se o processamento do áudio fosse centralizado na nuvem, o consumo de dados móveis seria tão elevado que o usuário notaria. Alternativamente, se o processamento ocorresse no próprio aparelho, a bateria se esgotaria rapidamente, algo que também seria facilmente percebido pelo aquecimento do dispositivo.
 

"Então, como as empresas coletam dados? Elas se concentram em metadados e padrões de comportamento. Imagine que você visite a casa de um amigo e conversem sobre uma marca de celular. A localização já indica que você esteve lá, e se seu amigo pesquisar sobre a marca posteriormente, é um sinal de que você também é um alvo para essa publicidade", explica o Diretor Caio Gomes.
 

Através da análise dessas correlações, as empresas de tecnologia montam cenários publicitários que nos impactam diariamente. No entanto, é vital reconhecer o papel do viés de confirmação em nossa percepção dessas práticas. Somos bombardeados com centenas, senão milhares, de anúncios todos os dias, a maioria dos quais ignoramos. Mas quando um anúncio se alinha com uma conversa recente, ele chama nossa atenção, criando a ilusão de que a segmentação é mais precisa do que realmente é. Tendemos a ignorar as inúmeras vezes em que a publicidade falha e focamos apenas nos acertos, o que pode distorcer nossa compreensão da realidade.
 

Levando isso tudo em conta, podemos ficar todos mais tranquilos sobre a possibilidade de gravação de áudio e escuta que porventura celulares executariam. Não só é mais eficiente fazer o direcionamento de anúncios usando dados do seu dia-a-dia, mas possivelmente mais preciso e igualmente lucrativo. É claro que toda essa paranóia tem fundamento: estamos desconfiados sobre quais dados estão sendo coletados e para quê.
 

Como já diagnosticado por vários institutos de pesquisa e reconhecido pelo World Economic Forum - ao qual a Unico é filiada, é preciso restabelecer as relações de confiança entre pessoas e instituições, incluindo empresas. Para recuperar essa confiança, é importante dar transparência sobre os dados pessoais, uma propriedade da privacidade (que é um direito humano reconhecido na constituição do Brasil). Afinal, se as pessoas tivessem facilidade para descobrir quais dados estão sendo utilizados e para quê, a relação entre pessoas usuárias e empresas seria muito mais saudável.
 

É uma forma de o anunciante avaliar a popularidade dos produtos e as variações conforme a idade, gênero, trabalho e hobbies. "Assistentes virtuais como Siri, Google Assistente ou Alexa estão instalados praticamente em todos os aparelhos e podem peneirar dados de seus usuários para a publicidade digital, uma técnica chamada Retargeting. Isso acontece através dos cookies de internet. Esses cookies são pequenos dados que os sites pedem para guardar durante sua navegação, eles também estão em todos os lugares até mesmo nos nossos celulares. No entanto, os sites sempre pedem permissão para usar esses cookies oferecendo uma experiência mais personalizada", explica a pesquisadora.
 

Lei Geral de Proteção de Dados
 

Falhas de segurança nas plataformas também podem resultar em conteúdos coletados sem autorização e um ambiente favorável para cibercriminosos. Então, quando o assunto são seus dados pessoais, as empresas precisam sempre oferecer informações claras e acessíveis.
 

No Brasil, com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o uso dessas informações foi regulamentado. O tratamento de dados passou por mudanças sendo necessária a autorização do usuário e transparência por parte das organizações sobre o uso desses dados, cabendo sanções em caso de utilização indevida.
 

"O usuário preocupado com a sua privacidade deve estar atento aos termos e políticas de uso. Se o usuário estiver de acordo com a captura e utilização de seus dados, não há motivos para se preocupar. Provavelmente isso significa que existe uma relação de confiança entre a empresa e a pessoa usuária. Contudo, não é uma situação comum. Hoje em dia ainda existe uma aura misteriosa sobre como a coleta de dados para o fornecimento de serviços é feita, por qual motivo e até quando. A transparência e a segurança são cruciais para todos os envolvidos. Nós da indústria temos a obrigação de melhorar nossos serviços de privacidade", comenta Yasodara.
 

Como posso evitar?
 

Muitos aplicativos e sites precisam de determinadas informações para manter os serviços, como o WhatsApp ou Instagram, que requerem acesso às câmeras e microfones para desempenhar algumas funções. Entretanto, não são todas as plataformas que precisam disso. Na dúvida, autorize o acesso apenas aos dados necessários.
 

"Realizar uma compra, fazer um cadastro em um site, curtir ou comentar uma foto nas redes sociais, até dirigir o carro utilizando o GPS, todas essas ações e outras mais são informações que estamos provendo para que os serviços sejam prestados.. É importante revisar as permissões dos aplicativos instalados regularmente. Devemos estar atentos a nossa privacidade ao usar, por exemplo, aplicativos desenvolvidos por empresas desconhecidas ou com termos de uso duvidosos", esclarece a pesquisadora.
 

É sempre bom lembrar que as dicas de segurança básica devem ser sempre seguidas, como: não dividir a sua conta, não utilizar senhas padrão ou senhas muito fáceis, e até mesmo utilizar VPN quando necessário. São importantes e precisam ser seguidas. Outro ponto é recorrer a especialistas sempre que existirem dúvidas, pois a internet está recheada de teorias da conspiração. Na dúvida, vale ler os termos de uso e perguntar, diretamente para o provedor dos serviços, quais dados pessoais estão sendo utilizados, porque, até quando e como. É um direito básico que você deve utilizar sempre que precisar.




Foto: Freepik

 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Tecnologia: se não pode com ela, junte-se a ela

Cada dia que pas­sa a tecnologia vai aumentan­do e, com a facilida­de de obter informa­ções pelas máquinas, as pessoas, principal­mente os jovens, estão se afastando de outros meios de comunicação e até interesse em par­ticipar das atividades escolares. Com essas mudanças, as pesso­as, inclusive as do am­biente escolar, não sa­bem como lidar com isso.
Muitas pessoas acreditam que a tecnolo­gia atrapalha todas as rotinas, especialmen­te na escola. No ambiente escolar, os profes­sores, pais e os educadores em geral, estão preocupados com os alunos que não pres­tam atenção nas tarefas escolares para ficar em redes sociais. Mesmo preocupados, mui­tas escolas resistem em usar a tecnologia a favor da aprendizagem.
Entretanto, já que a tecnologia e redes so­ciais estão “tomando conta”, acredito que o melhor a fazer é se juntar a elas. Assim, com o equilíbrio e adaptações, o uso de novas tec­nologias pode ficar mais agradável de con­viver. O importante é não impedir de usar, pois usar escondido pode não ter controle das situações que po­dem ocorrer atrás das redes sociais.
Existem planos edu­cacionais que já ado­tam essa prática, dei­xando os alunos usar a internet nos celula­res e outros aparelhos eletrônicos para ajudá-los nas atividades e ta­refas escolares, poden­do pesquisar e intera­gir com a tecnologia disponível sem deixar de aprender e de se di­vertir ao mesmo tempo. Essa liberdade em usar aparelhos eletrônicos em sala de au­la provoca curiosidade no aluno para pes­quisar e procurar mais os assuntos, fazendo com que a aprendizagem fique mais agradá­vel e divertida.
Portanto, é possível dizer que a tecnolo­gia pode ser uma ferramenta positiva para auxiliar na aprendizagem, sempre manten­do o equilíbrio com os métodos pedagógi­cos da escola.

(Artigo da psicóloga humanista Vanessa Sardisco, CRP 06/118543)


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Relação virtual

Logo que surgiram os tablets e smartphones não havia tantos aplicativos e aparelhos que se destinavam a facilitar o dia a dia dos adultos. Após alguns anos, es­ses aparelhos destinam-se também às crian­ças e adolescentes, o que facilita a vida dos pais, pois gosto de chamar essas tecnologias de babás eletrônicas. Enquanto as crianças ou os jovens estão conectados, não há com o que se preocupar no mundo real – os filhos não vão correr, se sujar, se ma­chucar, e fi­carão quieti­nhos naquele momento em que os pais estão cansa­dos e não têm pique para in­teragir com os filhos.
Cada vez mais cedo in­duzimos as crianças a se fascinar com os jogos eletrônicos. Já existem aplicativos da Galinha Pintadinha e Peppa Pig, que são desenhos destinados a crian­ças de aproximadamente 1 a 2 anos. Nessa fase é onde a criança explora e percebe que o mundo e ela são dimensões diferentes, é quando ela tem conhecimento do eu, do ou­tro e do objeto. Em seguida começa o desen­volvimento da organização psicológica bási­ca, ou seja, do aspecto motor, perceptivo, afe­tivo, social e intelectual.
Como uma criança que passou a maior par­te do tempo se relacionando com um apare­lho tecnológico aprenderá a se relacionar com outras pessoas? Há crianças que não co­nhecem jogos de tabuleiro, pega-varetas, blo­cos de montar, quebra-cabeças aos 7 anos! E ao serem indagadas sobre o que fazem no tempo livre, respondem que jogam no tablet/ computador/smartphones, poucas brincam de jogos coletivos, como pega-pega e escon­de-esconde quando encontram os amigos/ primos da mesma idade, e cada um fica com seu jogo no mesmo ambiente fechado e li­vre de acidentes.
Até os adultos estão se esquecendo de se relacionar com as pes­soas. Basta ir a um local público e ob­servar quan­tas pesso­as estão jun­tas, cada uma em seu smar­tphone pro­vavelmente falando com outras e até mesmo entre elas. A tecno­logia até pode nos auxiliar na comunicação, como encontrar pessoas com as quais não temos mais contato ou ter notícias de quem está longe, mas não podemos nos esquecer daquelas que nos rodeiam todos os dias e valorizar cada momento único que passare­mos com elas. Viver no mundo real é inten­so, é verdadeiro, e nós adultos ainda pode­mos contar histórias sobre determinadas ci­catrizes que temos em função de ótimas lem­branças e casos de traquinagem de quando éramos crianças. Mas, e as crianças de hoje, vão contar que histórias? 

(Artigo da psicóloga Cintia Tonetti)