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domingo, 19 de novembro de 2023

É possível envelhecer bem?

 


Dados do Censo de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último mês, apontam que o Brasil está envelhecendo mais rápido. Em 2010, a cada 30 idosos (65 anos ou mais), o país tinha 100 jovens de até 14 anos. Agora, são 55 idosos para cada 100 jovens. Com o aumento da longevidade, torna-se mais do que necessário aprender a encarar o envelhecimento da melhor forma possível.

"O tempo vai passar e não importa o que façamos com ele e de nós. Então, façamos dele a oportunidade perfeita para crescer, para construir e expandir nossa consciência. Não se preocupe com o tempo, se preocupe com a qualidade do tempo", enfatiza a doutora em psicologia pela PUC-SP e psicanalista Blenda Oliveira.

O ser humano sabe que vai morrer, mas o que ele faz com esse tempo em que está vivo? Para a especialista, o movimento da vida não deve parar nem mesmo na velhice. "Pelo contrário, é neste período que podemos entrelaçar e refletir sobre as experiências vividas. É no envelhecimento que o agora se impõe, se faz presente. Afinal, o fim se aproxima e a pergunta é inevitável: o que fizemos da vida?", ressalta ela.

O grande desafio que envolve o processo de envelhecer é o de conhecer a si mesmo de forma plena e consciente e também se preparar para essa etapa da vida. "A longevidade é um testemunho de resiliência e determinação. O envelhecimento está em todos nós, faz parte e é muito provável que aconteça com a gente", diz Blenda.

É chegada a hora de abandonar a crença estabelecida há tempos de que a longevidade é algo ruim, que simboliza um fim solitário e triste da vida. "Falar sobre longevidade ainda é, muitas vezes, um tema visto com certo desconforto, já que as pessoas tendem a associar o envelhecimento unicamente à ideia da morte. Devemos compreender que envelhecer é, na realidade, uma jornada de experiências e que isso não deve ser mais tratado como um tabu e nem ser romantizado", complementa a psicanalista.

Invista na vida social: as relações que estabelecemos com os outros podem melhorar a nossa satisfação com a vida. É muito importante que se crie e mantenha contato e relações de intimidade com familiares e amigos. Lembre-se que não existe um prazo limite para conhecer e ter experiências com pessoas novas. Manter boas amizades ao longo da vida também ajuda! 

Não deixe o autocuidado de lado: atividades que te façam bem devem ter um canto na sua agenda. Além disso, é necessário entender que a saúde emocional é essencial para se envelhecer bem, então buscar auxílio psicológico é um grande ato de carinho e amor a si mesmo.

Aproveite atividades de lazer: nunca é tarde para aprender e descobrir um hobby novo. Se manter interessado em atividades divertidas e prazerosas é uma ótima maneira de envelhecer de maneira plena e feliz.

Escolha um estilo de vida saudável: exercícios físicos, boa alimentação e bons hábitos de sono valem a pena ser investidos.


Foto: Freepik

sábado, 14 de novembro de 2015

A importância do bom humor na terceira idade

Desde a década de 70 existem estu­dos relacionando o humor à saúde, mostran­do que o riso e o bom hu­mor são, muitas vezes, te­rapêuticos, e funcionam co­mo poderosos medicamen­tos. O riso é um fenômeno universal, faz parte do ser humano e ultrapassa qual­quer cultura, tempo e idade.
O bom humor e a alegria beneficiam o in­divíduo como um todo, física e psicologica­mente. O riso estimula a produção de endor­fina, conhecida como o hormônio do bem-es­tar, diminui o cortisol, hormônio do estresse, tem efeitos cardiovasculares semelhantes a exercícios aeróbicos, aumenta a tolerância à dor e melhora o sistema imunológico.
Na Psicologia Analítica, a psique é compos­ta por pares de polos opostos. Dessa forma, se entendermos a alegria como um polo e a tristeza como outro, o humor funciona co­mo um eixo entre eles, e estar em contato com apenas um desses extremos pode tra­zer problemas como a euforia ou a depres­são. Portanto, para obter um equilíbrio psí­quico é importante que o ser humano viven­cie tanto a tristeza quanto a alegria.
Em nossa sociedade, a velhice carrega mui­tos estigmas negativos, sendo comumente associada a uma fase de declínio, depressão, tristeza, falta de felicidade e perspectiva. É extremamente importante para o idoso vi­venciar e lidar com a tristeza, mas resgatar o bom humor e o riso é fundamental para a sua saúde emocional. Em momentos de desequi­líbrio, o bom humor pode trazer uma nova or­dem às emoções, mesmo que por instantes, lembrando ao idoso que há outros aspectos a serem vistos e que nem tudo está perdido.
Na mitologia grega, existe um excelente exemplo da importância do bom humor em determinadas situações. Foi por meio dele que Bal­bo, deusa do ventre, aman­te do sorriso e da gargalha­da, resgatou a deusa Demé­ter, a mãe-terra, de sua pro­funda tristeza. Ao ouvir as histórias e piadas de Balbo, Deméter não pôde conter o riso. Foi a alegria que fez com que Deméter tivesse forças para continuar pro­curando sua filha, Perséfone, que havia sido capturada por Hades.
A deusa Balbo reflete a nossa capacidade de sobrevivência e superação, mesmo diante de obstáculos que nos trazem muita tristeza. Pa­ra nos ajudar a manter o bom humor, é preciso cultivar relações de afeto, praticar atividades físicas e incluir o lazer em nossa rotina.
Costumo dizer aos clientes que lazer e ri­sada também são remédios, tão importan­tes quanto aqueles prescritos pelos médicos. Nem o prazer, nem o desejo se extinguem na velhice, e devemos nos permitir vivenciá-los.
(Artigo da psicóloga Raquel Benazzi)