quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Câncer de pulmão não acomete só os fumantes


O mês de novembro, além de ser dedicado ao câncer de próstata, também é conhecido como o “Mês de Conscientização sobre o Câncer de Pulmão”, doença que afeta cerca de 28 mil pessoas por ano no Brasil. Um dos mais agressivos tipos da doença, é geralmente diagnosticado em estágio avançado, dificultando o tratamento e prejudicando a qualidade de vida do paciente.  Médicos, especialistas, cientistas e profissionais de órgãos da saúde têm discutido com frequência questões ligadas à prevenção, testes genéticos e medicina personalizada. Esse movimento retrata a importância da conscientização e desmistificação de alguns pontos comuns como “câncer de pulmão apenas em fumantes”.
Não é bem assim. O dr. Marcelo Horacio, diretor médico executivo da AstraZeneca, explica que o câncer de pulmão pode, sim, surgir num organismo livre de tabaco. “Sabemos que 80-90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao cigarro, mas existem outros fatores de risco que podem contribuir com o desenvolvimento da doença, como a poluição, genética, produtos químicos e até elementos próprios da natureza”, explica ele.
Nos EUA, por exemplo, somente os 20% dos pacientes com câncer de pulmão que não são fumantes, quase se igualam aos casos de todos os diagnósticos de câncer no pâncreas ou de leucemias.  Para o dr. Marcelo, o que fez aumentar o número de pacientes não fumantes com câncer de pulmão, foi o diagnóstico precoce. “Temos visto um movimento, uma mudança de cultura nos consultórios e PSs, mostrando que os médicos têm dado bastante atenção a um diagnóstico mais assertivo, pois só assim o paciente terá o tratamento que de fato precisa”, ressalta.
Realidade até pouco tempo duvidosa – até para certa parcela da comunidade médica -, hoje os pacientes contam com exames objetivos, que conseguem detectar, além da doença, o diagnóstico molecular de mutações, responsáveis, na maioria das vezes, pela ineficiência do tratamento. “Os testes genéticos estão muito evoluídos, conseguimos entender toda a estrutura da célula doente analisando seu DNA”, diz o médico.
Muitas drogas desenvolvidas hoje, especificamente na área da oncologia, agem em parceria com esse diagnóstico assertivo. Esses exames mostram exatamente o problema e onde ele está, com isso os médicos podem prescrever a medicação certa, que vai combater o foco da doença. “Sempre aconselhamos os pacientes a conversarem com seus médicos. É na consulta de rotina que estão as maiores chances de um diagnóstico preciso e precoce, o que pode salvar uma vida”.  
Qual a diferença entre os tumores de pacientes fumantes e não fumantes?
O câncer de pulmão que se desenvolve em fumantes não é o mesmo que se desenvolve em pessoas que nunca fumaram cigarro. Acredita-se que eles sejam diferentes porque o tumor de não fumantes tem quase duas vezes mais mudanças no DNA do que o tumor de pessoas que fumam. Isso sugere que os tumores aparecem por meio de diferentes vias moleculares. Os não-fumantes podem ficar expostos a uma substância cancerígena, não de cigarros, que faz com que os tumores tenham mais alterações no DNA e promovam o desenvolvimento de câncer de pulmão. Os tumores de pulmão relacionados ao tabagismo possuem, em geral, comportamento mais agressivo.


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