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sexta-feira, 18 de março de 2016

A dificuldade de envelhecer

Em uma sociedade em que o corpo e a idade são os parâmetros para o su­cesso da felicidade, quem está enve­lhecendo já está no declínio da parábola da vida. Os jovens são considerados o auge de sua existência e, por isso, devem se manter em forma de acordo com os parâmetros im­postos pela mídia e sociedade e aproveitar ao máximo a vida, pois a juventude tem pra­zo de validade, e após seu vencimento, gra­dativamente perdem-se as qualidades que o mundo admira.
Ao envelhecer, o corpo já não é mais o mesmo, não su­porta as mesmas atividades e o mes­mo ritmo, a aparên­cia se modifica e nos damos conta que já não somos mais os mesmos. Algumas pessoas conseguem ver as qualidades desse processo, como o amadurecimento e a sabedoria que adquiri­mos somente com o tempo. Porém, outras se sentem como se o seu momento estivesse se acabando e não aceitam essa condição, ten­tam postergar a juventude ao máximo, com exercícios intensos que às vezes seu corpo já não tem capacidade de suportar, usando cre­mes estéticos na esperança de que as mar­cas de expressão e posteriormente as rugas não surjam, e a cirurgia plástica como últi­ma alternativa para tentar manter a mocida­de aparente em seu corpo.
Quero deixar claro que não há mal nenhum em se cuidar, fazer exercícios pela saúde e até pela estética, usar cremes para melho­rar a aparência da pele e usar dos mecanis­mos médicos para alterar pequenas imper­feições. Estou falando aqui de casos extre­mos, em que as pessoas vão ao limite, colo­cando em perigo sua saúde e até mesmo sua vida em nome da beleza e da aparência jo­vem. E não só na parte física tentam parecer jovens. 
Pessoas que não querem envelhecer tendem a ter determinados comportamen­tos imaturos em aspectos comportamentais, psicológicos, sexuais ou sociais. O indivíduo tende a apresentar irresponsabilidade, rebel­dia, cólera, narcisismo, dependência e nega­ção ao envelhecimento.
Atualmente, a dificuldade de aceitar o processo de envelhecimento cria no indiví­duo humor depressivo, uma vez que está fo­ra de sua capacidade interromper esse tra­jeto. Ninguém será jovem para sempre e, aceitando esse fa­to, podemos apre­ciar o melhor de ca­da momento de nos­sas vidas.
No decorrer dos anos a pessoa pos­suirá vasto campo de conhecimento da vida e que só o tem devido às fases anteriores e à velhice que tra­rá uma nova perspectiva da vida, carregada de muitas lembranças, e poderá se organi­zar para usufruir da última fase da melhor maneira possível, interagindo com as pesso­as próximas, transmitindo seu conhecimen­to e seus causos.
Não há como negar que a velhice nos reme­te ao fim, fim da vida, fim de nossa história e que a alegria de viver não durará por muito mais tempo. Há uma diminuição gradual das capacidades cognitivas e físicas que pode ser minimizada com atitudes tomadas ainda na juventude, é um cuidado com o corpo e men­te a longo prazo. Devemos nos cuidar sempre para que a velhice seja com qualidade de vi­da de uma maneira geral, tanto física quanto mental, e assim ela não precisa ser uma fase tão triste por ser a última: ainda temos a ca­pacidade de vivê-la plenamente.

(Artigo da psicóloga Cintia Tonetti - CRP 06/97847)


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Educação para a morte, ou para a vida?

Quando perdemos alguém próximo somos estimulados a profundas reflexões sobre a própria vida. Se a nossa trajetória foi satisfatória, se criamos vínculos afetivos fortes e permanentes. Esse pode ser um momento importante e saudável para um balanço emocional. Ao pensar na morte, o ser humano maduro normalmente é tomado por sentimentos e reflexões.
A ideia da morte nos remete a sentimentos dolorosos. Trata-se de uma espécie de dor psíquica, gerando tristeza, sentimentos de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade, de insegurança.
Morremos a cada respiração, a cada perda, a cada dia enquanto dormimos. Na dimensão física percebemos e reagimos instintivamente a essas perdas; na dimensão emocional sentimos, rejeitamos, ou aceitamos essas mesmas perdas, e na dimensão intelectual alcançamos o conhecimento dessas mortes diárias. E não conseguimos transformá-las.
A transformação só é possível com o desenvolvimento espiritual, quando transcendemos o conhecimento, ampliando nossa consciência e alcançando a sabedoria.
Quanto mais conscientes estivermos de nossas mortes diárias, mais nos preparamos para o momento da grande perda de tudo que colecionamos e nutrimos nesta vida, de toda a nossa bagagem intelectual, todos os nossos relacionamentos afetivos e do nosso corpo físico.
Lembrando que o grande medo da dimensão espiritual é o de submeter-se, podemos afirmar que só com muita fé poderemos nos submeter ao momento da morte de forma suave e menos dolorosa.
Todo mundo sabe que vai morrer, mas ninguém acredita. Se acreditássemos, mudaríamos nosso comportamento, nossos valores, nossa forma de ver e viver a vida. Ficaríamos mais envolvidos com a vida, enquanto vivemos.

(Artigo do psicólogo Mário Alves)