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sábado, 13 de setembro de 2014

Aprendendo a lidar com as perdas


Perder faz parte da vida de qualquer pessoa, mas essa é uma experiência que pode ajudar no crescimento do indivíduo? Sim, e muito. As cenas de crianças desoladas ao fim da partida de futebol como a que assistimos entre Brasil e Alemanha ilustram muito bem esse aspecto.
Situações como esta podem fazer com que crianças comecem a elaborar e compreender que para vencer, quer seja um jogo, uma competição, a conquista de um novo trabalho, uma promoção, é necessário estudar, se dedicar, planejar. Nada vem de forma mágica, como o apertar e deletar de botões de computadores, celulares e similares.
Na realidade atual, na qual os meios eletrônicos possibilitam num apertar de botões/teclas ou, num deslizar virtual, ir ao encontro de algo desejado, a frustração é algo indesejável, insuportável. Acreditar e aceitar que perdas são inevitáveis são algo que num primeiro momento tende a ser negado.
Como pais ou educadores, nossa ajuda consiste em mostrar à criança que perder, por exemplo, quando se trata de um jogo, uma brincadeira, é uma possibilidade, e nessas situações aprender a lidar com a perda pode ser menos doloroso do que uma situação de perda de um familiar ou doença grave de um familiar ou amigo.
Quando se perde, é normal ficar triste, desanimado, e se esse momento da criança ou adulto é respeitado, pais e familiares suportam conviver com a tristeza e a dor, os sentimentos duram alguns dias, e depois ela, pela sua própria capacidade, se recuperará, falará sobre o ocorrido, como os depoimentos mostraram crianças falando: “fiquei triste porque o Brasil perdeu a Copa”, ou “não fui vitorioso na competição, mas tenho meus amigos, minha família”. Enfim, ele acredita internamente que tem recursos e pode enfrentar as decepções, perdas e o sofrimento provocado.
Ganhar é muito bom, mas quando isso não é possível, ou não há possibilidade concreta de ocorrer, respeitar os limites, não tentar ir além de suas possibilidades é importante, pois ajuda o indivíduo, quer seja adulto ou criança, a encarar e saber lidar com pressões, não querer ser algo que não pode e, principalmente, não assumir atitudes onipotentes, na qual se tenta ser o que não é.
No mundo atual, as exigências são cada vez maiores. Vivemos a ditadura de ser o melhor, o mais completo, em um mundo em que não há lugar para as falhas, inseguranças, dificuldades e dúvidas, enfim, para o não dar certo. Quando uma situação coletiva desbanca toda uma nação como foi, por exemplo, o final dos jogos da Copa, é como se um sentimento coletivo invadisse cada um e cada qual, reagindo a seu modo, será capaz de mostrar como tratam as perdas por que passa na vida. Alguns reagem a elas de forma primitiva, olho por olho, dente por dente, enquanto outros ficam tristes, se deprimem, mas reagem ao fato, e novamente confiam e acreditam na possibilidade de viver novas situações, mesmo sabendo que as perdas sempre farão parte da vida.

(Artigo da psicanalista Samira Bana)