Mostrando postagens com marcador DPOC. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DPOC. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de março de 2017

Atividade física x doenças respiratórias


A realização de exercícios físicos é benéfica para fortalecer a musculatura, aumentar a resistência física, proporcionar melhora na postura corporal e é importante no tratamento de doenças crônicas como depressão, diabetes e asma.

De acordo com dr. Clystenes Odyr Soares Silva, pneumologista professor da Unifesp, a prática de atividades físicas regulares traz inúmeras vantagens. “Diversos estudos mostram que a vida sedentária não é boa e que a pessoa que se exercita é mais saudável, vive mais, adoece menos e tem uma melhor qualidade de vida”, diz ele.

Ainda é comum acreditar que pessoas acometidas por doenças respiratórias devem evitar realizar esforço físico e que a prática de esportes seja perigosa. Porém, o médicos esclarece que os exercícios são indicados. Segundo ele, tudo depende da condição de saúde do paciente, mas, na maioria dos casos, as atividades físicas são indicadas como parte do tratamento para melhorar o condicionamento físico e a capacidade respiratória. “A prática de exercícios físicos pode ser uma grande aliada para diminuir os riscos de complicações, crises e internações de pacientes com doenças respiratórias”, ressalta.
Confira abaixo as dicas e recomendações do especialista para incluir atividades físicas no cuidado com as doenças respiratórias crônicas.

ASMA

A asma caracteriza-se pela inflamação crônica dos brônquios de causa alérgica e leva à falta de ar e chiado no peito. É uma doença crônica, comumente diagnosticada na infância, mas que pode afetar pessoas de todas as idades, culturas e localizações geográficas. Quando tratada adequadamente, os sintomas da asma podem ser controlados e não ocasionam impactos na rotina do paciente. Porém, é comum que os asmáticos considerem que a doença está sob controle, ainda que sintam limitações ao realizar atividades no dia a dia.

Essa percepção equivocada leva frequentemente ao tratamento inadequado da doença, que pode se agravar e causar crises de falta de ar, internação e até mesmo o óbito. Dados recentes do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) mostram que três pessoas com idades entre 5 e 64 anos morrem a cada dia por asma no Brasil, somando mais de 2 mil óbitos entre 2009 e 2013.

Dr. Clystenes explica: “a pessoa com asma controlada não deve perceber nenhuma limitação e pode realizar quaisquer atividades que uma pessoa que não tem asma, sem dificuldades. Para isso, é imprescindível acompanhamento médico e tratamento medicamentoso com broncodilatadores de uso contínuo”.

A prática de exercícios físicos também pode auxiliar no controle da asma, mas é necessária atenção quanto às condições da prática esportiva. É importante considerar o local a realizar a atividade, pois poluentes e mudanças de temperatura podem ser gatilhos para crises. O especialista dá dicas sobre os principais cuidados:

·         Na cidade: “Em grandes cidades, por exemplo, não é recomendado realizar exercícios em avenidas movimentadas onde há grandes índices de poluição”.
·         Ao ar livre: “Em parques e praças, há maior qualidade do ar, mas a preocupação é com a temperatura. Evite se expor a altas temperaturas, principalmente nos meses de verão e em horários entre 10h e 14h”.
·         Na academia: “É o local mais indicado, pois é possível ter mais controle sobre o ambiente. Atente para o ar condicionado com temperaturas muito baixas, que diminuem a umidade”.

Como saber se asma está controlada?

Segundo o GINA (Global Initiative for Asthma), é possível saber que a asma não está controlada caso a pessoa tenha sentido um dos itens nas últimas quatro semanas: sintomas diurnos mais de duas vezes por semana; qualquer despertar noturno causado pela doença; uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana; se a asma estiver limitando as suas atividades cotidianas.

DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

Causada principalmente pelo tabagismo, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC, é o termo usado para denominar o conjunto de duas doenças que causam a obstrução crônica das vias aéreas dentro dos pulmões: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A bronquite é a inflamação dos brônquios e bronquíolos e o enfisema se caracteriza pela destruição do pulmão e surgimento de bolhas, com aprisionamento de ar nas cavidades, o que dificulta a respiração e leva ao cansaço ou falta de ar. A DPOC é diagnosticada quando o paciente apresenta a sobreposição das duas doenças e pode causar tosse, chiado no peito, falta de energia, falta de ar e dificuldade para realizar atividades diárias.

Dados do Ministério da Saúde estimam que a DPOC afete mais de 7 milhões de pessoas no Brasil e seja responsável pela morte de 40 mil brasileiros todos os anos. Segundo o dr. Clystenes, isso acontece porque os sintomas da doença são frequentemente negligenciados “É comum que as pessoas confundam os sintomas da DPOC, como tosse e cansaço, com sinais comuns do envelhecimento e por isso demorem a procurar atendimento médico”, explica.

Segundo o Gold – Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – um programa mundial que atua com objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o diagnóstico e tratamento da DPOC, existem cinco perguntas básicas que ajudam o profissional de saúde a identificar pacientes que podem ter a doença:

·         Possui mais de 40 anos
·         Fumante ou ex-fumante
·         Tosse frequente
·         Expectoração ou “catarro” constante
·         Cansaço ou dificuldade para respirar, como subir escadas ou caminhar

Sejam esportes aeróbicos, aquáticos, de alto ou baixo impacto, em equipe ou individuais, a recomendação é não levar uma vida sedentária. “O sedentarismo está atrelado a diversas doenças e o paciente não pode deixar que condições crônicas sejam justificativas para não realizar atividade física. Com tratamento adequado e conhecendo suas limitações, a prática de atividade física é essencial para manter e aumentar a qualidade de vida”, finaliza o especialista.