O risco de um atleta sofrer séria
lesão nos dentes durante a prática de esportes tem sido motivo de inúmeros
estudos internacionais – principalmente em relação ao papel do protetor bucal.
De acordo com o cirurgião-dentista Reinaldo Brito e Dias, professor da
Universidade de São Paulo e membro da Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas, ainda é muito sutil o trabalho realizado pelos
profissionais de Odontologia no sentido de ‘convencer’ os atletas a usar
protetores bucais, sejam eles padronizados ou personalizados.
“É muito
importante que os atletas conheçam o risco real que estão assumindo ao deixar
de proteger os dentes. Não me refiro apenas àqueles que praticam esportes de
contato, como artes marciais, rugby e futebol americano. Mas até mesmo esportes
de quadra, como basquete, em que um eventual choque pode resultar numa avulsão
dentária e pôr tudo a perder, exigindo o afastamento do atleta para tratamento
e recuperação”, diz o especialista.
O profissional
ressalta que as pessoas só têm ideia da dimensão do problema quando perdem um
dente. “Até surgir o problema, a pessoa fala ou morde uma maçã automaticamente.
Mas, por exemplo, imagina o que é fazer isso sem um dente da frente? Toda saúde
do atleta fica comprometida. Ele sofrerá restrições que terão desdobramentos em
vários outros aspectos da sua vida, desde os mais práticos até os mais
sensíveis, como autoconfiança e autoestima”.
O professor
adverte, entretanto, que um bom protetor bucal tem algumas características que
precisam ser levadas em conta. A primeira é que a peça precisa ser desenvolvida
especialmente para a boca do paciente – até mesmo para quem usa aparelhos
ortodônticos. Depois, é preciso que o material usado esteja de acordo com o
risco oferecido pelo esporte em questão. Ainda, o material deve ser resiliente,
resistente, de fácil adaptação e confortável para que o atleta possa respirar
naturalmente e praticar seu esporte sem interferências nem preocupações com
relação ao protetor bucal.
O uso do
protetor bucal é especialmente indicado para atletas que praticam uma dessas
modalidades: ginástica, acrobacia, vôlei, basquete, handebol, boxe, ciclismo,
hipismo, esportes de campo, futebol, artes marciais, rugby, hockey, patinação,
esportes radicais etc. “Geralmente o protetor bucal é usado somente na arcada
superior. Caso o atleta tenha mandíbula proeminente, o cirurgião-dentista
avaliará se a arcada inferior também precisa de proteção”, diz o especialista.
Independentemente
da modalidade esportiva, estudos mostram que contar com um cirurgião-dentista
para cuidar da saúde bucal dos atletas – atuando tanto na orientação e
prevenção, bem como nos tratamentos – contribui de forma relevante para
aumentar o desempenho e alcançar bons resultados.