Apesar de o diabetes ser comumente
abordado, há algumas dúvidas frequentes que precisam de esclarecimento,
principalmente quando se leva em consideração o futuro da doença no Brasil. De
acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o problema já atinge 12 milhões
de pessoas no país e, até 2035, a estimativa é de mais de 19 milhões de
pacientes.
Para ajudar a
entender um pouco mais sobre o diabetes, a dra. Priscilla Mattar,
endocrinologista e gerente médica da Novo Nordisk no Brasil, responde algumas
das perguntas mais abordadas sobre a doença.
O
que é pré-diabetes?
É um estágio anterior
da doença, que mostra um risco alto de desenvolê-la. Isto é, quando o indivíduo
tem um valor de glicemia alterado que não chega a confirmar a doença, mas
também não é normal. Os pacientes com o quadro de pré-diabetes devem mudar o
estilo de vida, principalmente no que diz respeito aos hábitos alimentares e à
prática de atividades físicas. Alguns fatores de risco também podem contribuir
para o desenvolvimento da doença, tais como idade acima dos 45 anos, excesso de
peso, sedentarismo, hipertensão, entre outros.
Como
diagnosticar o diabetes?
A doença pode ser
diagnosticada por meio de diferentes exames de sangue:
Glicemia de Jejum –
É o mais comum e realizado quando o paciente fica pelo menos oito horas sem se
alimentar. Se o resultado for menor que 100 mg/dl, a pessoa não tem a doença.
Acima de 126 mg/dl é considerado quadro de diabetes.
Teste Oral de Tolerância à Glicose (Curva Glicêmica) – É feito, normalmente, para confirmar
o diagnóstico sugerido nos outros tipos de exame. Feito em diversas etapas, o
especialista coleta amostras de sangue em tempos determinados após o paciente
ingerir um xarope de glicose. Após 2 horas dessa ingestão, se a glicemia
estiver ≥200 mg/dL é confirmado o diagnóstico de diabetes e entre 140 e 199
considera-se pré-diabetes.
Glicemia ao acaso –
Uma glicemia medida ao acaso ≥200 mg/dL, em paciente que tenha sintomas típicos
de diabetes também é diagnóstico.
Hemoglobina glicada (HbA1c) – Esse exame estima quão alta ficou a
glicose no sangue nos últimos meses. Se o resultado for ≥6,5% indica diabetes e
entre 5,7% e 6,4%, pré-diabetes.
Pacientes
com diabetes têm restrições alimentares?
Sim. O paciente deve
ter uma dieta individualizada, mas, via de regra, com o controle da ingestão de
carboidratos, sobretudo os simples. O ideal é ter o acompanhamento de um
nutricionista especializado na doença que poderá orientar da melhor forma.
Diabetes
causa cegueira?
A cegueira, que neste
caso decorre de um estágio avançado da retinopatia diabética, é uma das
complicações ocasionadas pelo não controle da doença. Há também outros
problemas como dificuldade de foco, catarata, glaucoma e outros danos na retina.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, até 40% dos pacientes
portadores da doença podem ter esses tipos de complicações por falta de
informação e ausência dos sintomas. Na prática, a retinopatia diabética
ocorre quando os vasos sanguíneos da retina são danificados. A retina é o nervo
responsável por projetar imagens e enviar ao cérebro. Quando o nível de glicose
está elevado, o sangue fica denso, provocando problemas na circulação. Essa
situação faz com que os vasos da retina sejam lesionados. Se chegar ao ponto de
rompê-los, pode causar cegueira.
Quais
são as complicações do diabetes?
As complicações
crônicas principais podem ser divididas em dois grupos, as microvasculares, que
causam danos nos vasos sanguíneos pequenos, e as macrovasculares, que atingem
os grandes vasos. As complicações microvasculares podem levar a problemas
nos olhos (retinopatia), rins (nefropatia) e nervos (neuropatia). As
complicações macrovasculares ocorrem devido à aterosclerose – acúmulo de
gordura e outras substâncias nas artérias, restringindo a passagem do sangue –
podendo levar a infarto (doença arterial coronariana), derrame (acidente
vascular cerebral) e doença vascular periférica.
Quais
são os tipos de diabetes?
Os tipos principais
de diabetes são conhecidos como 1, 2 e gestacional.
O diabetes tipo 1 é quando a produção de insulina é pequena ou ausente.
O diabetes tipo 2 é quando há produção de insulina, mas não o suficiente para
retirar o açúcar do sangue.
Já o diabetes gestacional é desenvolvido durante a gravidez. Na maioria dos
casos, após o nascimento do bebê, a doença desaparece.
Quais
são as principais diferenças entre o diabetes tipo 1 e tipo 2?
O paciente de
diabetes tipo 1 produz pouca ou nenhuma insulina, enquanto no tipo 2 essa
produção não se dá nas quantidades necessárias. No tipo 1 é necessário o uso de
insulina, que é um medicamento injetável. No tipo 2, além das mudanças no
estilo de vida como alimentação balanceada, prática de atividades, pode ser
necessário o uso tanto de medicamentos orais como injetáveis.
Quais
são os principais sintomas?
Os principais
sintomas do diabetes são sede excessiva, maior volume de urina, perda de peso,
fome excessiva, cansaço e visão embaçada. Na América Latina, a estimativa é que
metade das pessoas tem a doença, mas ainda não foi diagnosticada. Muitas vezes,
isso acontece porque os sintomas não são exclusivos do diabetes, tornando mais
imperceptíveis e fáceis de confundir com outros fatores. Exemplo: sede com o
calor, cansaço com excesso de trabalho, entre outros. Por isso a importância de
fazer exames periódicos garantindo que está tudo bem e, caso contrário, ter a
oportunidade de tratar da maneira e tempo certo.
Açúcar
causa diabetes?
O consumo de açúcar
isoladamente não pode ser apontado como causa da obesidade, diabetes ou outras
doenças graves.
Quando
o paciente tem de fazer a aplicação de insulina?
Geralmente, a
insulina é aplicada em pacientes com diabetes tipo 1 e é uma entre as diversas
opções de tratamento para controlar a doença no diabetes tipo 2. Há vários
tipos de insulina no mercado e o especialista vai indicar a melhor de acordo
com cada caso.