O período de férias chegou e as
estradas ficam ainda mais movimentadas. Com o aumento de veículos nas rodovias
todo cuidado é pouco para evitar transtornos. Nesta época, um dos grandes
vilões é o sono ao volante, que pode provocar acidentes graves e acabar com a
tão esperada viagem com a família ou amigos.
Antes de pegar
a estrada, o motorista deve estar bem disposto e decidir qual o melhor horário
para ficar horas na direção. O neurologista, especialista em distúrbios do sono
pelo Hospital das Clínicas da USP, Shigueo Yonekura, diz que o condutor precisa
estar descansado e optar por um horário que ele se sinta bem para dirigir. “O
sono está entre as principais causas de acidentes nas estradas”, reforça.
O neurologista
alerta ainda que, em muitos casos, os melhores horários para fugir dos
congestionamentos são os mais arriscados. O risco de morte é quatro vezes maior
nos acidentes noturnos. Durante a madrugada, a gravidade dos acidentes costuma
ser maior. Neste período o fluxo melhora, os veículos aumentam a velocidade e
os motoristas ficam mais sujeitos ao cansaço e sonolência. Ele explica que a
temperatura do corpo cai de madrugada e os condutores ficam mais propícios à
perda de coordenação motora e reflexo.
“O condutor
não pode se arriscar e sair à noite depois de um dia todo de trabalho e
enfrentar horas de viagem. Se a única opção for viajar após o expediente, uma
dica é tirar uma soneca de aproximadamente 15 minutos antes de pegar a
estrada”, comenta. Outra recomendação é evitar comer em excesso antes de
dirigir, já que alimentos pesados e em demasia podem aumentar a sonolência.
Conforme o
neurologista, o motorista utiliza três funções importantes para dirigir:
cognitiva, motora e sensório-perceptiva. A primeira está ligada à atenção,
concentração e agilidade mental. A segunda permite ao motorista realizar movimentos
de cabeça, braços, pernas etc. Já a terceira está relacionada à sensibilidade
tátil, visão e audição. “O sono deve estar em dia para que as funções atuem de
maneira adequada e o condutor esteja preparado para enfrentar as rodovias”,
afirma.
Sonolência
diurna
Já quem sofre
de sonolência excessiva diurna e sente uma vontade incontrolável de dormir
durante atividades rotineiras e em momentos inoportunos é preciso ficar mais
atento ainda. Adormecer em uma reunião de trabalho ou no cinema pode ser
desagradável. Mas a situação pode ser ainda mais grave quando o sono aparece ao
volante. A verdade é que a sonolência excessiva diurna deve ser levada muito a
sério e as causas precisam ser investigadas para evitar consequências
significativas.
Algumas pessoas
têm um período temporário, muitas vezes no início da manhã, em que se sentem
sonolentas. Só que esse desejo de tirar uma soneca rápida é completamente
diferente da sonolência diurna excessiva. A prevalência da sonolência diurna,
que afeta aproximadamente 30% da população adulta, traz problemas para a saúde,
prejudica o desempenho profissional e acadêmico e compromete as funções
psicossociais.
Na ausência de
privação de sono, a sonolência diurna pode ser causada por um transtorno do
sono identificável e tratável. Doenças, como Síndrome da Apneia Obstrutiva do
Sono, narcolepsia e Síndrome das Pernas Inquietas podem provocar a sonolência.
Alguns transtornos de origem psíquica, como a depressão, também estão ligados
ao problema.
A causa mais
comum da sonolência excessiva diurna na sociedade é a privação crônica do sono.
Estimativas indicam que dormimos 25% menos que nossos antepassados há um
século. Dessa forma, nossa privação de sono é intencional, muitas vezes
impulsionada por fatores sociais ou econômicos. As opções de compra no período
noturno, a internet, informações sobre o mercado de ações a qualquer hora do
dia, bem como a televisão durante toda a noite e negócios por 24 horas,
incentivam cada vez mais a privação do sono.
O grande
volume de trabalho faz com que o período da noite deixe de representar sono e
descanso para uma parte significativa da população. Muitos trabalhadores se
revezam entre os períodos noturno e diurno ou até vivem trocando a noite pelo
dia.
Além de
todas as consequências que este tipo de jornada traz à saúde do
indivíduo, existe também a possibilidade de se provocar acidentes
graves de trabalho.