É difícil
encontrar alguém que resista a tentação de apreciar o sabor e aroma marcantes
de um belo chocolate, especialmente nesse período de Páscoa em que as
prateleiras dos supermercados transbordam dos mais variados tipos. O doce, que
já foi uma iguaria consumida apenas pelos nobres e usado como moeda de troca
por civilizações antigas, é extremamente versátil e facilmente encontrado em
vários formatos, textura, cor e sabor, sendo amplamente consumido em todo o
mundo, o que o torna um forte componente da indústria alimentícia e explica seu
papel fundamental na economia de vários países.
Mas o
alimento é tão querido quanto polêmico, pois atualmente há vários
questionamentos acerca de seus efeitos no organismo, especialmente para aqueles
que prezam pela boa forma física, assim, muitos acabam restringindo ou
excluindo totalmente o doce do cardápio, mesmo que isso exija muita força de
vontade e determinação. A boa notícia é que alguns estudos recentes comprovam que
o alimento, se consumido de forma correta e moderada, não só é inofensivo à
saúde, como também pode trazer muitos benefícios. Por isso, chega de tortura,
conheça as vantagens do chocolate e saiba como incluí-lo na dieta.
Principais benefícios da guloseima
Seja em
forma de bombom, barra, bebida, branco, amargo ou ao leite, entre tantas outras
opções, o fato é que o chocolate sempre atrai e conquista cada vez mais
admiradores desde a sua descoberta. O mundo inteiro se rende ao sabor
incomparável do produto, que já inspirou canções, quadros e foi até tema de
filmes. Entretanto, seu consumo foi associado, injustamente, ao ganho de peso e
aumento do colesterol ruim, porém, a nutricionista Sinara Menezes explica que é
a forma moderna de fabricação, com alto teor de gordura e açúcar, que
prejudicam o potencial nutritivo do alimento.
De acordo
com a profissional da Nature Center, o responsável pelas
vantagens do chocolate é o cacau. O fruto é rico em nutrientes que possuem
comprovação científica sobre seus benefícios, como os polifenóis, que auxiliam
na redução da pressão arterial e atuam para melhorar a saúde do coração e os
flavonoides, que são potentes antioxidantes com ação extremamente hidratante
que protegem o organismo do excesso dos radicais livres – moléculas reativas
que danificam vários tecidos do corpo. “Para aproveitar os benefícios do cacau,
o chocolate deve apresentar uma boa concentração do fruto, além disso, para que
seus nutrientes não percam o efeito é preciso prestar atenção aos outros
componentes da fórmula”, explica Menezes.
Chocolate e boa forma
Estudos
apontam que os polifenóis do cacau ajudam na luta contra a diabetes, combatendo
a síndrome de resistência à insulina, isso contribui para o aumento da
sensibilidade ao hormônio, que é responsável pelo metabolismo dos carboidratos,
ou seja, ele transporta a glicose, ingerida através dos alimentos, para as
células do organismo para que seja transformada em energia, regulando os níveis
de açúcar no sangue, dessa forma o organismo trabalha corretamente e não
acumula excesso de gorduras. Além disso, as pesquisas indicam também que o
consumo de chocolate antes e depois das atividades físicas pode aliviar o
desgaste muscular e as dores, conferindo mais energia e contribuindo no
processo de regeneração muscular.
A
nutricionista lembra que, no entanto, é preciso moderação para não causar
efeito contrário. Além de escolher um produto de boa qualidade, o consumo não
deve ser feito de forma indiscriminada, o recomendável, para um cardápio saudável, é uma quantidade diária de cerca
de 30 gramas da guloseima.
Qual a melhor opção para se beneficiar
O
chocolate ao leite é o tipo mais consumido em todo o mundo, seu sabor é doce e
altamente agradável. A lei determina que para ser comercializado como chocolate
o alimento contenha no mínimo 25% de cacau em sua composição, porém, os 75% restantes
são compostos geralmente por leite integral, açúcar, aditivos, gordura
hidrogenada e outras substancias que não fazem nada bem à saúde. “E engana-se
quem pensa que o chocolate diet é uma boa opção, indicados para quem tem
diabetes por não possuírem açúcar, eles ainda contêm a parte química do
adoçante e, muitas vezes, apresentam um percentual de gordura mais elevado”,
acrescenta a nutricionista. Segundo ela, o ideal é optar por versões com maior
concentração de cacau, pois, quanto maior for a quantidade do fruto maior será
o potencial nutritivo do alimento.
Os melhores tipos de chocolate
50%: Esse é o tipo mais indicado para
aqueles que querem começar a degustar um chocolate com mais qualidade. Nesse
percentual já é possível sentir um gosto diferenciado e uma acidez mais
intensa;
60%: Esse percentual tem uma
intensidade mais elevada e é o que apresenta maior índice de retrogosto –
aquela lembrança que fica na boca após a ingestão do alimento, como se o sabor
ainda estivesse presente. Sua composição apresenta um traço amargo mais
acentuado;
75%: Esta faixa de concentração de
cacau é a mais consumida por quem busca um equilíbrio entre o prazer do sabor e
a qualidade do produto. Seu gosto é menos amargo que o classificado em 60%, mas
ainda é intenso e marcante.
85%: Não contém adição de açúcar. Seu
sabor intenso e amargo traz lembranças do café preto e sua textura derrete bem
lentamente na boca.
99%: Esse chocolate é quase composto
inteiramente por cacau e apresenta um sabor amargo com um forte traço salgado,
é um dos mais difíceis de ser encontrado no mercado, porém é o que apresenta
maior concentração de flavonoides.
Desenvolva seu paladar aos poucos
Não é
preciso comer um ovo de páscoa ou uma caixa de bombom inteira para contar com
os benefícios do chocolate, assim como também não é preciso limitar o consumo
apenas as versões com 99% de cacau. A nutricionista aconselha que aqueles que
querem obter mais saúde e, ao mesmo tempo, degustar um chocolate refinado, com
sabor agradável, pode optar pela versão 75% cacau, que tem um gosto mais
palatável e um alto valor nutritivo. Mas para quem está habituado apenas as
versões mais doces do produto, a porcentagem de 50% já traz benefícios, e pode
ser acrescentada em receitas e sobremesas.
A
especialista afirma que o ideal é que o chocolate seja saboreado lentamente,
para que a pessoa consiga sentir a textura e o sabor marcante do cacau
derretendo na boca, além disso, deve ser consumido em pequenas quantidades. “O
chocolate é um alimento para ser apreciado, quanto mais rápido a pessoa devorar
o doce maior será a quantidade ingerida e as chances de compulsão ao comê-lo,
pois não há tempo para desfrutar do sabor agradável e a sensação de prazer que
ele traz”, explica Menezes.
Derrubando os maiores mitos
As
dúvidas em torno do chocolate são muitas e, por falta de informação, alguns
mitos se propagam como verdade, dificultando ainda mais que as pessoas conheçam
seus benefícios. Confira algumas das dúvidas mais frequentes:
Todo chocolate engorda?
Mito. Para o consumo saudável basta
ficar atento à quantidade e à qualidade do alimento. Se o consumo for moderado
e o doce apresentar maior concentração de cacau ele pode até auxiliar no
processo de perda de peso. “O cacau é rico em ácidos fenólicos, substâncias que
agem na produção da leptina, o hormônio da saciedade, e, de acordo com alguns
estudos recentes a ingestão regular pode auxiliar no processo de emagrecimento e ainda inibir a estocagem de
gordura pelo organismo”, diz a nutricionista.
Chocolate pode causar acnes?
Mito. Não há evidências científicas
que comprovem a relação do chocolate com qualquer tipo de malefícios à pele,
exceto em casos específicos onde o paciente já possui intolerância à lactose ou
glúten. Menezes acrescenta que fora essas situações isoladas, o aparecimento
de acnes geralmente provém de uma dieta desequilibrada e rica em carboidratos
de alto índice glicêmico.
Qualquer chocolate é saudável?
Mito. A especialista afirma a melhor
opção é o tipo amargo, com concentração acima de 50% de cacau. As versões mais
comuns, como o chocolate ao leite, possuem um alto teor de gordura e açúcar,
por isso só devem ser consumidas ocasionalmente.
Chocolate branco faz bem para a saúde?
Mito. De acordo com a nutricionista o
chocolate branco é composto por uma mistura de manteiga de cacau e outros
ingredientes, como baunilha, leite e açúcar, ou seja, ele não contém massa de
cacau e, consequentemente, não possui as propriedades nutricionais provenientes
do fruto, além disso, ele é um doce mais calórico e rico em gordura saturada.