O noticiário
da última semana foi tomado com reportagens sobre a prática do “Jogo da Baleia
Azul”, uma espécie de gincana disputada pelas redes sociais, que propõe
desafios sinistros aos adolescentes, como fazer selfies assistindo a filmes de
terror, atravessar a rua devagar e até se automutilar. A psicóloga Camila Cury,
do programa educacional Escola da Inteligência, alerta que em casos mais
graves, o jogo pode levar os jovens a cometerem suicídio e que o diálogo aberto
entre pais, escola, crianças e adolescentes é imprescindível para evitar
tragédias.
De acordo
com a psicóloga, é importante que todas as pessoas que convivem com crianças e
adolescentes fiquem atentos a possíveis mudanças de comportamento. “Vivemos em
uma sociedade em que os índices de depressão são muito altos. Os educadores,
que fazem parte da formação destes jovens, devem trabalhar profundamente a
educação das emoções e da inteligência. Isso irá refletir na melhoria dos
índices de aprendizagem, na redução da indisciplina, no aprimoramento das
relações interpessoais e também no aumento da participação da família na
formação integral dos alunos”, explica.
As
evidências sobre a brincadeira são alarmantes: na Rússia (possivelmente o local
no qual a prática surgiu), em 2015, uma jovem de 15 anos se jogou do alto de um
edifício - dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um
trem. Depois de investigar a causa destes e outros suicídios cometidos por
jovens, a polícia ligou os fatos a um grupo que participava de um desafio com
50 missões, sendo a última delas acabar com a própria vida.
No
Brasil, o jogo tem preocupado as autoridades. Em três Estados, pelo menos, já
existem investigações abertas para apurar mortes e tentativas de suicídio. Para
Camila Cury, jovens com habilidades para construir relações saudáveis e
administrar conflitos terão segurança, autoestima, autocontrole, e por
consequência ficariam fora de jogos que estimulem a automutilação e o suicídio.
“Professores e pais devem estar sempre abertos ao diálogo. Os adolescentes sem
laços familiares fortalecidos e com baixa estima estarão mais vulneráveis a
este tipo de conduta autodepreciativa”, esclarece.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde pelo menos 90% dos casos o suicídio pode ser
prevenido, pois estão associados a psicopatologias diagnosticáveis e tratáveis,
principalmente a depressão. “O desenvolvimento das habilidades socioemocionais,
melhora a capacidade de trabalhar perdas e frustações. Deste modo, os jovens
aprenderão a valorizar seu bem mais precioso: a vida”, finaliza Camila.
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