A estomatite é uma inflamação da
cavidade oral (stoma, do grego = boca). Na
infância, acomete crianças pequenas e na maioria das vezes é causada por vírus.
Quais são os sintomas da
estomatite?
A estomatite é caracterizada pelo aparecimento de aftas em todas a cavidade
oral com inchaço e vermelhidão das gengivas, às vezes até com sangramento
local. Por conta disso, é muito comum a criança apresentar “babação” e
dificuldade de se alimentar e beber líquidos. Além dos sintomas locais, a
criança pode apresentar febre, dor, irritabilidade e prostração. Todos esses
sintomas podem durar até 15 dias, mas o período crítico ocorre no final da
primeira semana.
O que provoca a estomatite?
Normalmente, os vírus são os responsáveis por essa infecção. Dentre eles, o
principal é o vírus herpes simples (HSV-1). Em menor incidência, os vírus da
família Coxsackie também podem causar estomatites, entre outros. Em menor
frequência a estomatite pode ser a manifestação de outras doenças, não
infecciosas. Caso o quadro seja recorrente e/ou persistente, deve-se atentar
para outras possibilidades e a orientação do pediatra irá auxiliar no
diagnóstico.
Em que períodos do ano a
estomatite é mais comum?
Nos meses de outono e inverno, os episódios são mais frequentes. Nesse período,
a maior frequência a ambientes fechados facilita a transmissão do vírus que
ocorre pela saliva contaminada ou pelo contato com as lesões. As crianças
menores são as mais acometidas também por frequentarem creches e escolas.
Pode haver complicações?
A principal complicação é a desidratação. Por conta da dificuldade de comer e
beber e da própria inapetência causada pela doença, a criança ingere pouco
líquido, podendo ficar desidratada. Embora aconteça na minoria dos casos, pode
ocorrer infecção secundária por bactérias, com aparecimento de lesões com
secreção e odor forte, podendo agravar e/ou prolongar os sintomas gerais como a
febre. Nessa situação, o uso de antibióticos poderá ser necessário.
Como evitar a estomatite?
Infelizmente trata-se de uma infecção muito comum nos primeiros anos de vida e
dificilmente o seu pequeno escapará dela. Cuidados gerais podem evitar a
transmissão, como lavar as mãos com frequência e higienizar brinquedos de uso
comum com água e sabão ou detergente, evitando-se a propagação do vírus.
Mas e se meu filho ficar
doente, o que fazer?
Evite a ida a escolas ou creches porque poderá transmitir a infecção para
outras crianças. Ofereça alimentos frios, pastosos, sem ácidos ou temperos. Estimule
preferencialmente a ingestão de líquidos, oferecendo de forma fracionada mais
vezes ao dia para evitar a desidratação. Mantenha seu filho em repouso e o
medique com analgésicos para aliviar a dor. Alimentos pastosos e líquidos, que
não exijam mastigação, são mais facilmente aceitos. Iogurte, sorvete, gelatina
e líquidos como sucos de frutas não ácidas, água, chá e leite frios são ótimas
opções.
O que pode ser usado para
aliviar os sintomas locais?
A higiene oral é um passo importante para se evitar as infecções secundárias.
Pela resistência das crianças em permitir a escovação, podem ser usados
antissépticos bucais, que aliviam a dor, na forma de bochecho.
Lembre-se que a estomatite
é, na maioria das vezes, causada por infecções virais. Os cuidados são apenas
sintomáticos, ou seja, objetivam aliviar os sintomas e prevenir as
complicações. O vírus tem um ciclo com duração média de 1 a 2 semanas, com
remissão de todos os sintomas.
A consulta pediátrica é
fundamental para orientar o diagnóstico e as melhores opções para que o seu
pequeno sofra o mínimo possível em consequência da estomatite.
Artigo do dr. Marco Aurélio Safadi (CRM 54792),
parceiro da NUK, professor de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de Infectologia Pediátrica do
Hospital.