A fila de espera por uma cadeira de
rodas no Brasil é um dos maiores problemas enfrentados hoje pelo brasileiro com
deficiência. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), só no Brasil,
cerca de 2 milhões de pessoas precisam de uma cadeira de rodas para se
locomover, mas apenas 10% consegue ter acesso ao equipamento fornecido pelo
Sistema Único de Saúde.
A média de espera dessa população é
de cerca de 2 anos, mas, em alguns Estados, pode chegar a cinco. A pobreza e
seus fatores são um dos causadores de grande parte das deficiências no mundo.
Prova disso está nos países em desenvolvimento, onde 80% das pessoas com
deficiência vivem em situação de vulnerabilidade social. É o caso do Brasil.
“É aflitivo assistir a
um cenário onde a população que mais carece de atendimentos básicos é também a
que mais se depara com a miséria de boas ações e muitas vezes o descaso das
autoridades. Queremos com essa campanha despertar a sociedade para essa
realidade, tirando o brasileiro com deficiência da invisibilidade”, diz Mara
Gabrilli.
Para mudar estes números desanimadores, amanhã, dia 3 de
dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o Instituto
Mara Gabrilli (www.img.org.br), em parceria com Revista Vida
Simples, lança a Campanha Roda Gigante (www.facebook.com/rodagigante).
O objetivo é angariar recursos para a aquisição de cadeiras de rodas,
adaptações e outros tipos de órteses que uma pessoa com deficiência precisa
para se locomover e viver com dignidade.
As doações já podem ser realizadas através do site de financiamento
coletivo Kickante, no endereço www.kickante.com.br/rodagigante.
A partir de R$ 10 já é possível contribuir com a campanha, cuja meta inicial é
arrecadar R$ 300 mil, o suficiente para a compra de aproximadamente 100
cadeiras de rodas.
“Muita gente não sabe, mas a necessidade de uma pessoa com
deficiência vai muito além da cadeira de rodas em si. O equipamento que uma
pessoa com paralisia cerebral precisa não servirá para alguém que tenha
tetraplegia, por exemplo”, diz Mara. “A estatura, peso e idade também fazem
diferença para o tipo de cadeira. Uma criança precisa de banco e encosto para o
tamanho de seu corpo até uma certa idade. Com o passar do tempo, ela crescerá e
a cadeira já não servirá mais”.
Ou seja, quanto mais personalizado for este equipamento, maior
mobilidade e conforto a pessoa terá. A cadeira adaptada permite uma postura
adequada, menos gasto de energia para se locomover, maior autonomia e o mais
importante: evita que a pessoa tenha escaras, que são feridas que se
desenvolvem na pele de quem passa muito tempo em uma mesma posição. Neste caso,
em um assento que não é adequado.
Devido ao tipo de deficiência e suas necessidades específicas,
muitas pessoas não conseguem utilizar a cadeira oferecida pelo Sistema Único de
Saúde. Por isso, quando se fala em alto custo de uma cadeira de rodas, deve-se
ter em mente não só o valor do equipamento, mas todas as adaptações e materiais
que serão utilizados, como a espuma do assento, que precisa ter a densidade
correta para possibilitar maior durabilidade e conforto, além das adaptações em
si - todas feitas por um profissional de forma manual, após medição do
equipamento e consulta postural.
No mercado atual brasileiro, o custo médio de uma cadeira de rodas
com todas as adaptações necessárias é de R$ 4.500,00. O SUS, contudo, realiza o
repasse máximo de apenas R$ 1.350,00. Com tal defasagem, instituições
responsáveis pela distribuição dos equipamentos não conseguem atender a real
demanda, que a cada ano aumenta, devido às condições de desigualdade, violência
e acidentes de trânsito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário