Em uma sociedade em que o corpo e a
idade são os parâmetros para o sucesso da felicidade, quem está envelhecendo
já está no declínio da parábola da vida. Os jovens são considerados o auge de
sua existência e, por isso, devem se manter em forma de acordo com os
parâmetros impostos pela mídia e sociedade e aproveitar ao máximo a vida, pois
a juventude tem prazo de validade, e após seu vencimento, gradativamente
perdem-se as qualidades que o mundo admira.
Ao envelhecer,
o corpo já não é mais o mesmo, não suporta as mesmas atividades e o mesmo
ritmo, a aparência se modifica e nos damos conta que já não somos mais os
mesmos. Algumas pessoas conseguem ver as qualidades desse processo, como o
amadurecimento e a sabedoria que adquirimos somente com o tempo. Porém, outras
se sentem como se o seu momento estivesse se acabando e não aceitam essa
condição, tentam postergar a juventude ao máximo, com exercícios intensos que
às vezes seu corpo já não tem capacidade de suportar, usando cremes estéticos
na esperança de que as marcas de expressão e posteriormente as rugas não
surjam, e a cirurgia plástica como última alternativa para tentar manter a
mocidade aparente em seu corpo.
Quero deixar
claro que não há mal nenhum em se cuidar, fazer exercícios pela saúde e até
pela estética, usar cremes para melhorar a aparência da pele e usar dos
mecanismos médicos para alterar pequenas imperfeições. Estou falando aqui de
casos extremos, em que as pessoas vão ao limite, colocando em perigo sua
saúde e até mesmo sua vida em nome da beleza e da aparência jovem. E não só na
parte física tentam parecer jovens.
Pessoas que não querem envelhecer tendem a
ter determinados comportamentos imaturos em aspectos comportamentais,
psicológicos, sexuais ou sociais. O indivíduo tende a apresentar
irresponsabilidade, rebeldia, cólera, narcisismo, dependência e negação ao
envelhecimento.
Atualmente, a
dificuldade de aceitar o processo de envelhecimento cria no indivíduo humor
depressivo, uma vez que está fora de sua capacidade interromper esse trajeto.
Ninguém será jovem para sempre e, aceitando esse fato, podemos apreciar o
melhor de cada momento de nossas vidas.
No decorrer
dos anos a pessoa possuirá vasto campo de conhecimento da vida e que só o tem
devido às fases anteriores e à velhice que trará uma nova perspectiva da vida,
carregada de muitas lembranças, e poderá se organizar para usufruir da última
fase da melhor maneira possível, interagindo com as pessoas próximas,
transmitindo seu conhecimento e seus causos.
Não há como
negar que a velhice nos remete ao fim, fim da vida, fim de nossa história e
que a alegria de viver não durará por muito mais tempo. Há uma diminuição
gradual das capacidades cognitivas e físicas que pode ser minimizada com
atitudes tomadas ainda na juventude, é um cuidado com o corpo e mente a longo
prazo. Devemos nos cuidar sempre para que a velhice seja com qualidade de vida
de uma maneira geral, tanto física quanto mental, e assim ela não precisa ser
uma fase tão triste por ser a última: ainda temos a capacidade de vivê-la
plenamente.
(Artigo
da psicóloga Cintia Tonetti - CRP 06/97847)
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