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Uma dor inesquecível. Este é o relato das pessoas que já
passaram por um quadro de neuralgia do trigêmeo, a mais comum entre as
neuralgias faciais, descrita com uma das piores dores que um ser humano pode
sentir.
A dor é descrita como um choque de curta duração, frequentemente envolvendo o
maxilar. Além disso, é uma dor que costuma atingir apenas um lado da face,
normalmente o direito. Pode ocorrer diversas vezes ao dia ou algumas vezes no
mês, afetando de forma significativa a qualidade de vida do paciente.
Segundo o neurocirurgião dr. Iuri Weinmann, do Centro
Neurológico Weinmann,
o nervo trigêmeo leva este nome porque se divide em três ramos na face: o
oftálmico, o maxilar e o mandibular. A neuralgia do trigêmeo, portanto, pode
afetar todas essas regiões. “O trigêmeo é um nervo misto, pois possui uma raiz
motora e uma raiz sensitiva. Ou seja, ele é responsável tanto pelos movimentos
musculares da face, quanto pela sensibilidade na maior parte da cabeça”, diz
ele.
Origem ainda é
desconhecida
A etiologia, ou seja, porque a neuralgia do trigêmeo acontece, ainda é um
mistério para a medicina. Há algumas hipóteses, como a compressão de vasos
sanguíneos sobre as raízes nervosas do trigêmeo, que representaria de 80 a 90%
dos casos. “Mas, a maioria dos casos é idiopática, ou seja, sem causa
conhecida. Entretanto, temos os casos em que a neuralgia é resultado de uma
outra condição médica, como tumores, anormalidades cranianas, malformações
arteriovenosas e esclerose múltipla”, comenta o dr. Iuri.
A neuralgia do trigêmeo é mais prevalente nas mulheres. Cerca de 60% dos casos
acometem o sexo feminino. A idade também é um fator de risco, já que há maior
prevalência em pessoas com mais de 40 anos, sendo ainda mais comum entre os 60
e 70 anos. Outro fato curioso é que pessoas com hipertensão têm um risco
aumentado para desenvolver a neuralgia do trigêmeo. Mas, a condição pode afetar
pessoas mais jovens também.
Dor é principal sintoma
A dor é o principal sintoma da neuralgia do trigêmeo e pode ocorrer várias
vezes por dia, algumas vezes por semana ou por mês. “A dor costuma ser
desencadeada por certas situações cotidianas, como escovar os dentes, beber,
comer, falar ou tocar no rosto. A crise dolorosa dura de um a dois minutos, mas
há casos em que pode durar até 15 minutos. É descrita como um dor aguda,
intensa, repentina e lancinante”, descreve o neurocirurgião.
Quem já passou por ela, afirma que se trata de uma dor insuportável, em
queimação, com pontadas, choque ou ardência nos lábios, gengiva, bochechas e
região do maxilar inferior. “Com o passar do tempo, sem o tratamento adequado,
há um menor espaçamento entre as crises. Assim, há um aumento da frequência e
da intensidade da dor”, explica o especialista.
Uma das principais características da neuralgia do trigêmeo é que não há sinais
de perda da sensibilidade. Pelo contrário, alguns pacientes podem ter
hiperestesia facial, ou seja, ter um excesso de sensibilidade em partes do
rosto, assim como lacrimejamento em apenas um dos olhos.
Diagnóstico precisa ser
apurado
Um dos principais problemas é que o paciente pode pensar que a dor tem relação
com algum problema dentário, o que pode atrasar o diagnóstico. A investigação
do diagnóstico é clínica, com base em um anamnese minuciosa e a exclusão de
outras causas, como problemas dentários, cefaleia, tumores, etc. Pode ser feita
por um neurocirurgião ou ainda por um neurologista.
A princípio, o tratamento adotado será o conservador, ou seja, a primeira opção
é usar medicamentos e fisioterapia. Entretanto, quando o paciente que não
responde à terapia medicamentosa, pode ser necessário realizar uma cirurgia.
De acordo com o dr. Iuri, atualmente os procedimentos cirúrgicos mais usados para
tratar a neuralgia do trigêmeo são a descompressão neurovascular, a rizotomia
por radiofrequência ou glicerol e balão no glânglio gasseriano. Cada método tem
uma indicação e isso é avaliado de forma individual.
“A descompressão é uma técnica que apresenta um alívio da dor por tempo
prolongado em cerca de 70% dos pacientes com mais de 10 anos de acometimento.
Normalmente é indicada para pacientes jovens. É uma técnica que retira
irregularidades nos ossos da base do crânio que estão perto do nervo trigêmeo,
ou ainda que remove vasos sanguíneos que podem pulsar e desencadear a dor”,
explica o dr. Iuri.
Já a rizotomia é uma técnica que destrói as fibras nervosas que causam a dor de
forma irreversível. Embora a taxa de sucesso é alta, 97% nos anos iniciais, a
pessoa irá perder a sensibilidade em boa parte da face. Por fim, o balão de
compressão é uma técnica que oferece remissão da dor por mais tempo quando
comparado aos outros métodos. É um procedimento rápido, feito com anestesia
local e sem cortes. O neurocirurgião insere um cateter dentro da bochecha do
paciente e um balão pequeno é inflado para comprimir o gânglio do trigêmeo,
eliminando a dor em 98% dos casos.