Nos tempos atuais, cada vez mais nos deparamos com separações entre casais e, infelizmente, nem sempre essas, mesmo que consensuais, transcorrem num ambiente harmônico, sem rivalidades. Quase sempre aquilo pelo qual se separou para evitar brigas e crises acaba se transformando em verdadeiras batalhas, e o pivô eleito, infelizmente, é o filho.
Em épocas de guarda compartilhada, alguns pais acreditam poder proporcionar uma estabilidade ao filho – quanto mais recursos financeiros oferecer e disponibilizar quando ele estiver sob sua guarda. O que ocorre, entretanto, é que cada vez mais estamos vendo uma maior quantidade de crianças inseguras e muitas vezes sofrendo de problemas depressivos, imersas numa grande confusão mental, não sabendo com quem efetivamente podem contar.
A capacidade de ser uma boa mãe ou um bom pai de forma alguma está ligada a ter mais ou menos dinheiro, nem de proporcionar mais ou menos coisas materiais ao filho. A capacidade de serem bons pais é fundamentalmente estabelecida pela forma como os pais tratam o filho: a função de verdadeiramente ser um cuidador de suas necessidades básicas, acolhimento, mostrar e transmitir valores, pois toda criança ou adolescente SABE quando é realmente cuidado.
O que muitas vezes ocorre é que uma separação nem sempre transcorre em clima favorável, de paz e discernimento. Muitas vezes, um dos pais, aquele que está em situação financeira melhor, faz uso dela, no sentido de agredir, de competir com o outro.
Em alguns casos, se a separação foi tumultuada e trouxe muito sofrimento, pode ocorrer de um desses pais se sentir mais vulnerável, inseguro e, no caso, se esse for o que está em situação financeira mais vulnerável, poderá pela sua insegurança, temer que a criança queira estar com aquele que mais coisas tiver a oferecer material e financeiramente. Porém, se esse pai mesmo com menos recurso material confia nas suas capacidades e acredita no desempenho de sua função nos cuidados com o filho, meio caminho já está andado.
Engana-se quem pensa que o filho não percebe quando um dos pais está tendo uma atitude inadequada, ou seja, levá-lo para viagens, comprar tudo que o dinheiro pode oferecer, mas ao voltarem das férias, ficar dias ou meses sem aparecer. Enfim, causa no filho uma sensação de vazio que nada material é capaz de preencher e satisfazer.
(Artigo da psicóloga Samira Bana (CRP 06-8849)
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