O período gestacional dura 9 meses, 40 semanas, e é caracterizado pelo aumento da produção de hormônios que podem trazer mudanças orgânicas e comportamentais significativas para a vida da gestante. Ele é visto como uma crise no desenvolvimento feminino, assim como a adolescência e o climatério. Por ser uma fase de transição biológica, com alterações metabólicas, a gestação também é considerada um estado de instabilidade emocional e hormonal, devido às adaptações necessárias, como a reformulação familiar.
Segundo a psicóloga Raquel Benazzi, esse momento envolve a necessidade de reestruturação e reajustamento em várias áreas da vida pessoal e profissional da gestante, que inicia um novo papel, o de mãe. Quando a gravidez começa, também tem início a gestação de uma mãe, que tem nove meses para se adaptar e nascer junto com seu bebê.
"É importante considerar a história pessoal da gestante, seu passado obstétrico, o contexto da gravidez, sua idade e o vínculo com o parceiro para entender o que representa esse momento na sua vida. A maternidade traz mudanças à mulher, ao casal e ao contexto familiar, que determinará a evolução gestacional", diz ela.
Esse período pode ser repleto de sentimentos, como o amor intenso e vívido, que aprofunda as relações familiares. As mudanças durante a gestação, físicas e psicológicas, podem favorecer a vivência de momentos frágeis na vida da mulher, que deve ser cuidada nesse período frágil.
Raquel explica que a decisão de ter um filho é tanto consciente quanto inconsciente, podendo ser tomada pelo casal ou somente pela mulher. Essa decisão pode ser pela vontade de ter um filho ou de serem pais, por quererem uma extensão de si ou até para aprofundarem os vínculos e laços conjugais e familiares.
A gravidez é um fenômeno natural na vida da mulher. Os nove meses gestacionais são divididos em três trimestres com aspectos diferentes e importantes. O primeiro trimestre é o momento da descoberta e aceitação da gravidez, quando se iniciam as mudanças de papéis familiares, se constituindo numa nova forma de família. Nessa fase é importante a integração familiar e a comunicação, para um maior entrosamento durante a gestação.
O segundo trimestre é o mais estável emocionalmente, mas é o que traz mais preocupações sobre o desenvolvimento fetal e mudanças corporais. Também é o trimestre da formação do vínculo mãe-bebê e o seu fortalecimento. É importante sempre haver a participação do pai e de outros filhos. O terceiro e último trimestre é o mais frágil, já que com a chegada do parto a mulher tem um aumento de hormônio, o que eleva a ansiedade. Por isso ela necessita de atenção e compreensão familiar, principalmente do companheirismo conjugal. Depois desse trimestre, há a chegada do bebê e toda transformação familiar se dá por completa, configurando o início de uma nova família.
"Tendo tudo isso em vista, percebe-se que a gestação é um momento importante, frágil e grandioso da vida da mulher, e por isso necessita de um acompanhamento tanto profissional quanto familiar, que dê todo o suporte necessário a essa nova mãe que nasce", ressalta a psicóloga. "Por isso, a ajuda psicológica é importante e muitas vezes necessária. De preferência uma ajuda especializada."
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