É uma
epidemia. Desde 1980 até hoje, quadruplicou o número de pessoas com diabetes no
mundo: de 108 milhões, para 422 milhões. Os dados são da Organização Mundial da
Saúde, que prevê ainda que em 20 anos, esse número dobre.
O Brasil contribui para este quadro
preocupante. Atualmente, são mais de 14 milhões de pessoas com diabetes e um
terço delas não sabe que possui a doença. Segundo o médico endocrinologista dr.
Walter Minicucci, presidente do departamento de diabetes da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), fatores que favorecem o
crescimento desses números são obesidade, ganho de peso, sedentarismo e
alimentação inadequada. “Tudo isso é fator de risco para o diabetes tipo 2, que
é o mais frequente e também aquele que pode ser evitado”, alerta.
O ‘Diabetes Mellitus’ é uma doença
caracterizada pela elevação da glicose no sangue. Pode ocorrer devido a
problemas na produção ou na ação da insulina, um hormônio produzido pelo
pâncreas. “A insulina é que promove a entrada de glicose para as células do
organismo, de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades
celulares. Sua falta ou ação inadequada resulta no acúmulo de glicose no
sangue, ou hiperglicemia, que pode trazer uma série de complicações para a
saúde”, explica o médico.
No caso do diabetes tipo 1, o pâncreas
deixa de produzir insulina. É uma doença autoimune e geralmente aparece na
infância ou adolescência. Seu surgimento não depende de dieta, sedentarismo ou
algum fator claramente sabido. Deve ser tratada com insulina, dieta e
atividades físicas. Menos de 10% dos portadores de diabetes têm o tipo 1. O
tipo 2 é o mais frequente e é causado por uma resistência ou intolerância à
glicose. Muitas vezes a produção de insulina é normal, mas não é usada de forma
adequada pelo organismo. “Nestes casos, são utilizados medicamentos ou até
insulina para normalizar o controle glicêmico, mas medidas de prevenção e mudanças
de hábitos ajudam a prevenir e controlar o problema.”, diz dr. Minicucci.
Justamente para conscientizar sobre a
prevenção e alertar sobre os perigos da doença, foi criado o Dia Mundial do
Diabetes, instituído em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2007, a ONU ‘oficializou’ a data,
reconhecendo o diabetes como uma doença crônica que deveria receber atenção
global. A escolha pelo 14 de novembro é uma homenagem ao médico canadense
Frederick Banting que, junto com o pesquisador Charles Best, realizou
importantes pesquisas para a descoberta da insulina, fundamental no tratamento
da doença. “Diabetes é uma doença que, se não tratada, pode trazer
complicações extremamente importantes. É a principal causa de amputação de
membros inferiores, está entre as primeiras causas de cegueira, insuficiência
renal, entre outros problemas”, alerta Dr. Minicucci. “A descoberta da insulina
foi uma verdadeira revolução no combate à doença”, completa.
Com diagnóstico correto, tratamento e
acompanhamento médico adequados, porém, o risco de desenvolver outras
complicações em decorrência do diabetes se reduz bastante. E, com relação ao
diabetes tipo 2, adotar hábitos saudáveis é uma medida bastante eficaz de
prevenção. Confira dicas do dr. Walter Minicucci:
• A prática de exercícios físicos com
regularidade ajuda a manter o peso, os níveis de colesterol e o nível de açúcar
no sangue.
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• Alimentação equilibrada, com todos
os nutrientes, colabora para o bom funcionamento do organismo. O ideal é
ingerir todos os nutrientes de forma equilibrada: carboidratos para manter a
energia; proteínas, que ajudam na construção dos tecidos, assim como frutas,
verduras e grãos. Cortar bebidas açucaradas e sucos de frutas integrais.
• Não fumar: diabetes e tabagismo não
combinam. O fumo, associado ao diabetes, eleva os riscos de problemas cardíacos
e circulatórios, como por exemplo, o pé diabético.
• Controlar a obesidade: aquela
gordura abdominal é a mais perigosa - a medida da circunferência abdominal
aumentada é um fator de risco para infarto, AVC, pressão alta e diabetes.