O mês de
novembro, além de ser dedicado ao câncer de próstata, também é conhecido como o
“Mês de Conscientização sobre o Câncer de Pulmão”, doença que afeta cerca de 28
mil pessoas por ano no Brasil. Um dos mais agressivos tipos da doença, é
geralmente diagnosticado em estágio avançado, dificultando o tratamento e
prejudicando a qualidade de vida do paciente. Médicos, especialistas,
cientistas e profissionais de órgãos da saúde têm discutido com frequência
questões ligadas à prevenção, testes genéticos e medicina personalizada. Esse
movimento retrata a importância da conscientização e desmistificação de alguns
pontos comuns como “câncer de pulmão apenas em fumantes”.
Não é bem
assim. O dr. Marcelo Horacio, diretor médico executivo da AstraZeneca, explica
que o câncer de pulmão pode, sim, surgir num organismo livre de tabaco. “Sabemos
que 80-90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao cigarro, mas
existem outros fatores de risco que podem contribuir com o desenvolvimento da
doença, como a poluição, genética, produtos químicos e até elementos próprios
da natureza”, explica ele.
Nos EUA,
por exemplo, somente os 20% dos pacientes com câncer de pulmão que não são
fumantes, quase se igualam aos casos de todos os diagnósticos de câncer no
pâncreas ou de leucemias. Para o dr. Marcelo, o que fez aumentar o número
de pacientes não fumantes com câncer de pulmão, foi o diagnóstico precoce.
“Temos visto um movimento, uma mudança de cultura nos consultórios e PSs,
mostrando que os médicos têm dado bastante atenção a um diagnóstico mais
assertivo, pois só assim o paciente terá o tratamento que de fato precisa”,
ressalta.
Realidade
até pouco tempo duvidosa – até para certa parcela da comunidade médica -, hoje
os pacientes contam com exames objetivos, que conseguem detectar, além da
doença, o diagnóstico molecular de mutações, responsáveis, na maioria das
vezes, pela ineficiência do tratamento. “Os testes genéticos estão muito
evoluídos, conseguimos entender toda a estrutura da célula doente analisando
seu DNA”, diz o médico.
Muitas
drogas desenvolvidas hoje, especificamente na área da oncologia, agem em
parceria com esse diagnóstico assertivo. Esses exames mostram exatamente o
problema e onde ele está, com isso os médicos podem prescrever a medicação
certa, que vai combater o foco da doença. “Sempre aconselhamos os pacientes a
conversarem com seus médicos. É na consulta de rotina que estão as maiores
chances de um diagnóstico preciso e precoce, o que pode salvar uma vida”.
Qual
a diferença entre os tumores de pacientes fumantes e não fumantes?
O câncer
de pulmão que se desenvolve em fumantes não é o mesmo que se desenvolve em
pessoas que nunca fumaram cigarro. Acredita-se que eles sejam diferentes porque
o tumor de não fumantes tem quase duas vezes mais mudanças no DNA do que o
tumor de pessoas que fumam. Isso sugere que os tumores aparecem por meio de
diferentes vias moleculares. Os não-fumantes podem ficar expostos a uma
substância cancerígena, não de cigarros, que faz com que os tumores tenham mais
alterações no DNA e promovam o desenvolvimento de câncer de pulmão. Os tumores
de pulmão relacionados ao tabagismo possuem, em geral, comportamento mais
agressivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário