O joelho é uma articulação que trabalha
próximo a seus limites fisiológicos. Qualquer sobrecarga mecânica, tanto por
um treino esportivo quanto pelo trabalho ou atividades do dia a dia, pode
desencadear quadro de dor e inchaço, às vezes de difícil controle.
Quando existe predisposição
individual, fraqueza e desequilíbrio muscular, valgo dinâmico, comum em
mulheres, somado à sobrecarga mecânica do esporte, excesso de escadas no dia a
dia, ou salto alto, a energia que seria dissipada pela massa músculo-tendínea
passa para a articulação, desencadeando lesão. Quando atinge o tendão patelar,
por exemplo, temos a tendinite patelar, mas, quando atinge a cartilagem de
contato entre a patela e o fêmur, poderemos ter a condromalacia.
Quando a condromalacia torna-se
sintomática, ocorrem: aumento da dor durante o treino, persistência da dor em
atividades da vida diária, inchaço no joelho, dor muscular associada, atrofia
do músculo anterior da coxa (quadríceps).
Um grande desafio da equipe multidisciplinar
ao tratar um esportista portador da lesão são os episódios de dor e inchaço
que, muitas vezes, não permitem que se progrida no fortalecimento muscular,
essencial no tratamento e prevenção.
O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) faz
parte do conceito da terapia biológica e foi desenvolvido pela ideia de se
injetar nas lesões dos atletas e pacientes em geral uma concentração de
fatores de reparação tecidual do seu próprio sangue extraídos das plaquetas.
As plaquetas possuem os “fatores de regeneração tecidual”, nossos fatores de
cicatrização e crescimento celular, e são o “gatilho” inicial da cicatrização
de qualquer dano tecidual como, por exemplo, após um corte na pele.
O PRP foi, inicialmente, difundido
entre odontologistas, principalmente na reconstrução de lesões extensas em
mandíbulas e há 10 anos vem sendo usado em centros ortopédicos de excelência
europeus e, apesar de ser considerado experimental pela Anvisa, tornou-se
popular no Brasil nos últimos 5 anos. O preparo do PRP envolve coleta de
sangue, centrifugação, isolamento da porção do concentrado, ativação e infusão.
O procedimento, assim como qualquer
outro, e seu uso em determinadas lesões encontra-se em estudo. Estudos
publicados no American Journal of Sports
Medicine e The Journal of American Medical
Association concluem que as aplicações podem ajudar nas cicatrizações de
determinadas lesões, como epicondilites, rupturas musculares e tendíneas, mas
podem ser menos eficazes em Tendões de Aquiles degenerados, por exemplo.
O resultado dessas pesquisas nos leva
a crer que o PRP teria indicação como adjuvante do tratamento de lesões quando
associado a algum estímulo biológico, como por exemplo, após a realização do
procedimento de microfraturas no tratamento de lesão cartilaginosa. O PRP
estaria ligado a um melhor recrutamento de células tronco provenientes da
medular óssea, aumentando as chances de uma melhor cobertura fibrocartilaginosa
da lesão.
Artigo do dr. Marcel Ferrari
Ferret (CRM 69031)