Com a saída do filho, a dinâmica do casal, ou de um dos pais,
caso não haja um casal, forçosamente será outra agora, o que requer uma
readaptação familiar. O casal (ou pessoa) passa a refletir sobre os rumos que
suas vidas tomaram e que tomarão, questionam sobre suas satisfações e
insatisfações. A crise instalada tem um potencial curativo e transformador de
caráter positivo e saudável. O casal pode demorar, ou não, para entrar em
contato com esse aspecto favorável da crise. Os casais que não conseguem enfrentar
a crise e aprender com ela são os que, muitas vezes, precisarão de auxílio e
apoio, até psicológico.
Para alguns, a nova constituição familiar é vivenciada como uma
segunda oportunidade para explorar novos caminhos e redefinir papéis. Quando
esse processo é visto como natural e necessário para todos, o sujeito sofre
uma transformação interna profunda, retorna com mais sabedoria da crise e
ressignifica sua existência. Para outros, a situação pode acarretar em
divórcio, depressão e aparecimento de doenças. Por um período, o sentimento
de ninho vazio é normal e até esperado em certos casos – a pessoa entrará numa
fase de readaptação e isso não acontece de um dia para o outro, é um processo.
O filho pode mostrar para os pais que não os está abandonando, mas
sim indo viver a própria vida e que nessa nova etapa os pais se encaixam, de
diferentes maneiras.
Um boa conversa sobre as expectativas, medos e desejos de cada um
é importante para o processo fluir de forma natural e menos sofrida. Assim,
podemos nos dar conta de que o ninho nunca está realmente vazio, mas sempre
disponível para quem precisa de calor e proteção.
(Artigo da psicóloga Raquel Marques Benazzi)