O Dia Mundial de
Conscientização sobre Linfomas, datado em 15 de novembro, foi criado com o
objetivo de alertar a população mundial para esse tipo de câncer que cresce a
cada ano. Segundo dados de 2016 do Instituto Nacional do Câncer (INCA),
estimam-se cerca de 10 mil casos novos da doença todos os anos. A
doença, que ataca as células do sistema imunológico, tem altas chances de cura
quando diagnosticada e tratada precocemente.
Carlos Chiattone, médico especialista
em tratamento de linfoma, diretor da Associação Brasileira de Hematologia,
Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), alerta sobre a deficiência de arsenal
terapêutico atualizado para proporcionar cura e evitar efeitos colaterais do
tratamento aos pacientes brasileiros.
Segundo o hematologista, algumas
drogas já foram aprovadas há muito tempo em outros países, mas ainda aguardam
aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que coloca os
pacientes brasileiros em desvantagem. “Além dos medicamentos disponíveis para o
tratamento há outros que se encontram em estágio de estudos muito avançados. E
neste caso os brasileiros também são prejudicados pelas dificuldades
burocráticas para participação nesses estudos”, explica.
Atualmente, além do tratamento
convencional utilizando a quimioterapia, a radioterapia e o transplante de
medula óssea, o arsenal terapêutico inclui drogas “inteligentes” que atingem
mais especificamente as células cancerosas, poupando as células normais,
determinando um tratamento mais efetivo e com menos efeitos colaterais. Estes
tratamentos incluem a imunoterapia particularmente com anticorpos monoclonais e
mais recentemente a utilização de moléculas alvo específicas que agem dentro
das células bloqueando as vias que determinam o crescimento do tumor.
“Embora já idealizada há mais de um
século, só mais recentemente a imunoterapia pode ser desenvolvida e utilizada
na prática clínica. Esta nova modalidade de tratamento passa pelos anticorpos
monoclonais que são anticorpos (proteínas
usadas pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar corpos estranhos
como bactérias, vírus ou células tumorais) produzidos por um único clone, idênticos em relação às suas
propriedades físico-químicas e biológicas, que podem ser usados
isoladamente ou acoplados com toxinas ou radioisótopos.
Outras modalidades de imunoterapia que
estão sendo desenvolvidas rapidamente são as vacinas, e o avanço mais esperado
é a possibilidade de se modificar geneticamente as células de defesa do próprio
paciente tornando-as altamente ativas contra as células tumorais. Chiattone,
que é Professor Titular da Santa Casa de São Paulo, reforça que estes novos
tratamentos geralmente determinam menos eventos adversos que os tratamentos
convencionais e, mais importante, conseguem obter respostas positivas no
momento no qual a doença já era considerada completamente refratária.
Dados sobre a doença
A cada ano são diagnosticados 10 mil
casos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). É
difícil identificar a causa deste aumento, uma das possibilidades reconhecidas
pelos especialistas é o envelhecimento da população. Não há diferença entre o
sexo que a doença acomete. Sua incidência está relacionada, sobretudo, à faixa
etária, acometendo pacientes acima dos 60 anos.
O linfoma pode começar em qualquer
local em que existam as células linfáticas. Ainda assim, se manifesta preferencialmente nos
gânglios linfáticos, em nódulos no pescoço, axilas e região da virilha. Vale
ressaltar que na maioria das vezes os nódulos são ocasionados por infecções,
nem sempre sendo linfoma.
Manifestações dos linfomas se
assemelham a outras doenças comuns. Em
torno de 30% dos pacientes com quadro de linfomas apresentam sintomas
acompanhados de febre, perda de peso sem motivo aparente, suor noturno intenso
e coceira persistente, sem indício de quadro alérgico. “O que é intrigante nos
linfomas, é que as manifestações se assemelham a outras doenças comuns”, relata
Chiattone.
Quando detectado em estágio precoce, o
linfoma pode ser erradicado com tratamento adequado. Atualmente, a terapia que mais
aumenta a chance de cura e qualidade na sobrevida é a quimioterapia associada
ao uso de anticorpos monoclonais, este último ainda não disponível da rede SUS
para todos os tipos existentes de linfoma.
Não há na oncologia uma área tão
avançada em termos de tratamento como a dos linfomas. O médico relata que na maioria das
vezes, é aplicada a quimioterapia, imunoterapia e, em alguns casos,
radioterapia. “Quando a doença é mais grave ou a pessoa teve recaída, daí
entramos com o transplante de medula óssea, como terapia de salvamento”, diz
ele.
Tipos
Linfoma de Hodgkin: ocorre
em 10% a 20% dos doentes, normalmente crianças, sendo mais comum no sexo
masculino (numa proporção de aproximadamente três para dois). O índice de cura
da doença é de, em média, 75%, em pacientes com o tratamento inicial. Pode
surgir em qualquer parte do corpo e o sintoma inicial mais comum é um aumento
indolor dos linfonodos (ou ínguas).
Linfomas não-Hodgkin:
correspondem a cerca de 60% do problema na infância (entre cinco e 15 anos),
com maior incidência entre os rapazes. São curados em menos de 25% dos casos.
Pode apresentar manifestações no estômago, pele, cavidade oral, intestino
delgado e sistema nervoso central (SNC).
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