Logo que
surgiram os tablets e smartphones não havia tantos aplicativos e aparelhos que
se destinavam a facilitar o dia a dia dos adultos. Após alguns anos, esses
aparelhos destinam-se também às crianças e adolescentes, o que facilita a vida
dos pais, pois gosto de chamar essas tecnologias de babás eletrônicas. Enquanto
as crianças ou os jovens estão conectados, não há com o que se preocupar no
mundo real – os filhos não vão correr, se sujar, se machucar, e ficarão
quietinhos naquele momento em que os pais estão cansados e não têm pique para
interagir com os filhos.
Cada vez
mais cedo induzimos as crianças a se fascinar com os jogos eletrônicos. Já
existem aplicativos da Galinha Pintadinha e Peppa Pig, que são desenhos
destinados a crianças de aproximadamente 1 a 2 anos. Nessa fase é onde a
criança explora e percebe que o mundo e ela são dimensões diferentes, é quando
ela tem conhecimento do eu, do outro e do objeto. Em seguida começa o desenvolvimento
da organização psicológica básica, ou seja, do aspecto motor, perceptivo, afetivo,
social e intelectual.
Como uma
criança que passou a maior parte do tempo se relacionando com um aparelho
tecnológico aprenderá a se relacionar com outras pessoas? Há crianças que não
conhecem jogos de tabuleiro, pega-varetas, blocos de montar, quebra-cabeças
aos 7 anos! E ao serem indagadas sobre o que fazem no tempo livre, respondem
que jogam no tablet/ computador/smartphones, poucas brincam de jogos coletivos,
como pega-pega e esconde-esconde quando encontram os amigos/ primos da mesma
idade, e cada um fica com seu jogo no mesmo ambiente fechado e livre de
acidentes.
Até os
adultos estão se esquecendo de se relacionar com as pessoas. Basta ir a um
local público e observar quantas pessoas estão juntas, cada uma em seu smartphone
provavelmente falando com outras e até mesmo entre elas. A tecnologia até
pode nos auxiliar na comunicação, como encontrar pessoas com as quais não temos
mais contato ou ter notícias de quem está longe, mas não podemos nos esquecer
daquelas que nos rodeiam todos os dias e valorizar cada momento único que
passaremos com elas. Viver no mundo real é intenso, é verdadeiro, e nós
adultos ainda podemos contar histórias sobre determinadas cicatrizes que
temos em função de ótimas lembranças e casos de traquinagem de quando éramos
crianças. Mas, e as crianças de hoje, vão contar que histórias?
(Artigo da psicóloga Cintia
Tonetti)
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