Pouco ouvimos falar dos músculos do assoalho pélvico na nossa vida: primeiro, porque são músculos que não enxergamos e, segundo, por se tratar de músculos que compõem o períneo feminino e ainda ser um tabu conversar com as pessoas sobre o assunto – desde crianças as meninas são praticamente proibidas de falar sobre vagina, e que conhecer seu corpo é errado.
Segundoa fisioterapeuta Laura Ezequiel Rodrigues, o assoalho pélvico é composto por cinco músculos profundos: pubococcígeo, ileococcígeo, isquiococcígeo e puborretal. Eles formam o “chão” que sustenta todos nossos órgão e vísceras abdominais e todos se inserem na nossa pelve. E também temos os músculos superficiais: bulboesponjoso, isquiocavernoso e transverso superficial do períneo, responsáveis pela sensibilidade externa da vagina. Durante a gestação, com o aumento de peso corpóreo e aumento do útero, esses músculos passam a ter uma sobrecarga muito maior que o de costume e isso pode acarretar algumas consequências.
A Incontinência Urinária de Esforço (perda de urina com o aumento da pressão intra-abdominal, tosse, espirro, levantar peso) é a queixa mais comum entre as gestantes, porém muitas acham ser um problema passageiro e não procuram ajuda. Mas caso essa musculatura não seja trabalhada para torná-la forte, o problema pode continuar após o parto. Futuramente, principalmente as multíparas (mulheres que passaram por mais de um parto), se não cuidarem dos seus músculos do assoalho pélvico, têm a chance aumentada de ter algum tipo de prolapso (“bexiga ou útero caído”).
Um músculo fraco, por estar muito tenso, incapacitado de se alongar, tem mais chance de sofrer lacerações no período expulsivo no trabalho de parto. Essas lacerações maiores podem causar o que chamamos de fibrose, que é inelástica e futuramente trazer problemas sexuais para a mulher (dor na relação sexual).
Como prevenir e cuidar do assoalho pélvico?
Após o terceiro trimestre de gestação e com a autorização do seu médico de confiança a mulher já pode iniciar um programa de exercícios adequados para cada fase da gestação, com conscientização do períneo, exercícios de fortalecimento para fibras de sustentação e explosão, realizados juntamente com a respiração correta.
A partir da 34ª semana deve iniciar a massagem perineal (que é feita na musculatura superficial e profunda do períneo) para alongar a essa musculatura e prepará-la para o parto, evitando lacerações. Pode ser feita pela gestante, parceiro ou pelo seu fisioterapeuta de confiança.
A gestante também pode, a partir da 34ª semana, utilizar o Epi-No (No Episiotomia), aparelho que possui um balão inflável que é introduzido em sua vagina e é insuflado até antes de sentir dor. Ele faz com que os músculos se tornem mais flexíveis para a passagem do bebê. É de extrema importância que a utilização do Epi-No seja ensinada corretamente por um profissional capacitado para não causar nenhum dano à mulher.
"É fundamental que a mulher comece a atentar-se para seu períneo, pois, tendo-o forte e saudável, os riscos de problemas futuros são bem menores", ressalta a fisioterapeuta.