As ansiedades fazem parte da psique de qualquer indivíduo, seja ele criança, adulto ou adolescente. Podemos entender as ansiedades como uma resposta da mente, um sinal de alerta de que algo se passa a nível mental e não está bem e, em algumas circunstâncias, é vivido como ameaça.
Existem expressões de ansiedade – um indivíduo que, diante de uma entrevista de emprego na sala de espera começa a ter sudorese, ou que em um congestionamento passa a ficar tenso com palpitações –, mas o que diferencia se essa ansiedade é patológica ou não, se poderá causar sintomas, é como se lida com ela, e a frequência com que esses episódios de ansiedade aparecem.
Com uma criança não é diferente. As ansiedades fazem parte de seu mundo mental e se algo não está bem e sua capacidade de resolver as situações deixa a desejar, essa ansiedade pode gerar um problema. Situações muito primitivas podem favorecer o aparecimento de patologias, como as de ordem psicossomática, as que têm origem em problemas respiratórios, problemas intestinais e também as relacionadas a problemas alimentares, como a obesidade infantil.
A obesidade infantil não é algo novo. O que ocorre é que na atualidade ela vem recebendo maior atenção, pois a sociedade apresenta um nível de complexidade maior – as mães, em função da correria do dia a dia e pela praticidade, muitas vezes adotam uma conduta do fast food, a comida rápida, além de que os apelos pelo sabor do prazer estão muito mais desenvolvidos do que há décadas atrás. Hoje, as crianças são muito mais sedentárias, o que muitas vezes as impede de ter noção de seu corpo e suas possibilidades de explorar os espaços.
O problema é quando isso sai do controle, a busca pelo prazer na comida passa a ser um fim em si e a comida vira um vício. A fome biológica não conta e sim só a fome psicológica – come-se para aliviar as angústias, preencher vazios, ocupar o tempo e obter satisfação e prazer na ingestão de alimentos. Os pais conseguem identificar isso, ao observar que a criança em casa não consegue se entreter com nada e está o tempo todo comendo sem parar, tem sempre algo nas mãos (salgadinhos, chocolates e outras guloseimas), a ponto de ela própria não reconhecer a fome biológica.
É difícil reconhecer qual é a ansiedade propulsora de tudo isso, mas é importante quando os pais conseguem se aperceber de que algo não vai bem. É parecido, mais ou menos, quando uma criança apresenta febre – muitas vezes não se sabe o que provocou, mas nem por isso ela deixará de ser medicada.
A ajuda poderá vir de um pediatra ou um nutricionista. Depois de examinada a criança e constatatadas que as dificuldades são de ordens emocionais, outro tipo de ajuda pode ser buscada, como a psicológica.
(Artigo da psicanalista Samira Bana - CRP 06-8.849)