A asma, doença
crônica e inflamatória dos brônquios de causa alérgica que provoca,
principalmente, falta de ar e chiado do peito, causa sérios impactos na vida
cotidiana do paciente, como insônia, cansaço durante o dia, diminuição do nível
de atividades e falta na escola e no trabalho, é a quarta causa de internação hospitalar no Brasil. Porém, se for devidamente
tratada, os sintomas podem ser controlados, o que proporciona aos pacientes
maior qualidade de vida, sem impactos em suas rotinas.
Cerca de
20 milhões de brasileiros têm asma, segundo Ministério da Saúde e Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas, de acordo com uma pesquisa
encomendada pela farmacêutica Boehringer Ingelheim do Brasil ao Ibope, esse
número pode ser ainda maior. A pesquisa demonstrou que 44% dos brasileiros
respondentes afirmaram apresentar sintomas respiratórios (tosse, falta de ar,
chiado no peito e coriza) que podem ser sintomas de doenças como asma,
bronquite e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Desses respondentes, 35%
disseram ter “asma” e 37% citaram “bronquite crônica”.
Segundo o
dr. José Eduardo Delfini Cançado, professor da Santa Casa de São Paulo e
diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, que analisou os
dados, muitas pessoas disseram ter ‘bronquite crônica’, sendo que essa doença é
significativamente menos frequente e aparece depois de muitos anos de tabagismo
(aproximadamente 20-30 anos). Por isso, é provável que a ‘bronquite crônica’,
mencionada nos resultados, na verdade, seja ‘asma’ – principalmente se os
primeiros sintomas surgirem ainda na infância, como é o caso de 73% dos
entrevistados que responderam ter bronquite.
Esse
mesmo levantamento indicou dados relevantes que mostram o pouco conhecimento
que os pacientes têm sobre a doença: a pesquisa mapeou uma alta percepção de
controle dos pacientes que disseram ter ‘asma’: 91% desses entrevistados
percebem sua doença como ‘controlada’; no entanto, 72% reconhecem consequências
da ‘asma’ nas atividades de rotina simples, como trabalhar, por exemplo. Quando
questionados sobre o que gostariam de saber a respeito de sua doença, 58% os
entrevistados responderam que buscam ‘dicas sobre como prevenir e controlar a
asma’.
Muitas
pessoas também não reconhecem os sintomas da doença. É o caso do André Luis
Kato, 37, empresário: “Eu não sabia que tinha asma. Durante o fim de semana, eu
sentia muito cansaço ao jogar futebol, mas pensava que não era nada. Eu só fui
perceber que não estava bem quando comecei a praticar jiu-jitsu todos os dias e
passei a sentir muita falta de ar e cansaço. Não conseguia acompanhar as outras
pessoas. A partir daí, decidi procurar ajuda médica”, conta ele.
Segundo o
dr. José Eduardo, com os dados da pesquisa, nota-se que a maioria dos pacientes
alegaram ter a doença como controlada, porém, eles reconheceram o prejuízo nas
atividades cotidianas e buscam por dicas de como controlar a asma. “Esse ponto
é contraditório, pois se a asma estivesse controlada, a pessoa não teria os
sintomas da doença em seu dia a dia e viveria normalmente, sem limitações. Isso
demonstra o pouco conhecimento que os pacientes possuem sobre a asma, o que
colabora para um tratamento incorreto e, consequentemente, aumenta os riscos de
crises graves e riscos futuros da doença, tais como, perda definitiva de
capacidade pulmonar, instabilidade, má qualidade de vida ou até o falecimento”,
ressalta o especialista.
Estudos
científicos apontam que mesmo entre os pacientes que estão em tratamento, cerca
de 40% deles continuam com sintomas. Assim, é crucial conscientizar cada vez
mais os pacientes sobre a importância do tratamento da asma, com
broncodilatadores, para se obter o controle da doença e reduzir o impacto dela
na sua rotina. “Na correria do dia a dia as
pessoas costumam ‘deixar passar’ o aparecimento dos sintomas quando, na
verdade, deveriam considerar procurar seu médico e reavaliar o seu tratamento”, complementa o médico.
Como
saber se a asma não está controlada?
Se você
apresentar um dos itens listados abaixo pelo menos uma vez nas últimas quatro
semanas, a sua asma não está controlada:
·
Sintomas
diurnos mais de duas vezes por semana;
·
Qualquer
despertar noturno causado pela doença;
·
Uso de medicamentos
para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana;
·
Se a asma
estiver limitando as suas atividades cotidianas.
Este é o
conceito da Global Initiative for Asthma (GINA),
principal órgão internacional que reúne os estudos sobre a doença e elabora
diretrizes de tratamento.
O
especialista reforça o recado: “Caso tenha se
identificado com qualquer destas afirmações, procure seu médico para entender
se seus sintomas realmente não estão controlados e busque o tratamento adequado
para melhorar o controle da asma e sua qualidade de vida. É possível prevenir
as crises e viver tranquilamente tendo asma, basta
identificar a doença e trata-la adequadamente”.