Engana-se quem pensa que a característica de problemas na adolescência esteja só relacionada a drogas, bebidas, comportamento inadequado, como crises de agressividade, impulsividade sem controle etc. Aquele jovem bonzinho, bom aluno, que não arruma brigas, não experimenta drogas nem bebidas pode estar apresentando dificuldades tão graves ou maiores que o adolescente que externaliza em comportamentos inadequados.
Ser quieto, bonzinho, cordato, educado etc não atesta sanidade mental a ninguém. Muitas vezes, por trás de comportamentos muito introvertidos podem estar escondidas patologias sérias, como quadros depressivos próprios do período da adolescência, patologias mais graves como as esquizofrenias, quadros graves obsessivos e inibições .
Normalmente, são indivíduos que não chamaram a atenção em seus primeiros anos de vida e infância propriamente dita, mas no auge da adolescência muitas vezes se caracterizam por uma grande inibição do comportamento, não se relacionam socialmente, têm grande dificuldade em interagir com o meio que frequentam e passam grande parte de seu tempo encerrados em seus quartos ou em um outro cômodo da casa, muitas vezes trocando o dia pela noite, assim como seu único interesse são jogos virtuais, ou seja, atividades que tenha contato só com ele próprio.
A adolescência sempre se caracterizou com um período de crise, desde que o mundo é mundo. O que muda são os estereótipos de comportamento, pois o importante é compreender que assim como um automóvel às vezes precisa de recall logo após a fabricação, a criança também muitas vezes necessita de uma intervenção. Da mesma forma, quando nasce um bebê, ele passará por todo um desenvolvimento e conforme sua herança genética, condicões de seu ambiente, sua constituição familiar, isso poderá gerar ou não um problema.
As causas importantes que podem incrementar a adolescência são situações de risco como abandono, drogadição da mãe, carência de atenção e afeto, ambientes de grandes conflitos em que o bebê conviva, enfim uma série de condições que já apontam para um caminho mais comprometido que a criança terá que elaborar no transcorrer de seu desenvolvimento.
(Artigo da psicanalista Samira Bana - CRP 06-8849)