Todos os
dias deparo-me, em meu consultório, com dores humanas. Muitas vezes, elas
ainda não se tornaram físicas, mas é só uma questão de tempo. Logo se
tornarão, porque o corpo físico é o grande manifestador da vida interior,
resultado das escolhas, mesmo inconscientes. O corpo fará sintomas: úlceras,
cálculos renais, distúrbios intestinais, alergias, enxaquecas…
Busca-se
ajuda e tratam-se os sintomas físicos, com algum alívio, na maioria das vezes
passageiro. Quando a manifestação já está no corpo, é claro que precisamos
tratar os males físicos, para isso existem médicos dedicados ao alívio dos
sintomas. Mas, e quando a origem está na alma, na forma como a pessoa vê a
vida e como ela se vê na vida? Sim, porque a dor pode ser na alma e a dor da
alma vai “estourar” no corpo, mais cedo ou mais tarde.
A dor da
alma vai se instalando e nós, completamente ocupados com as nossas “obrigações”,
não nos apercebemos disso, somos ensinados que isso, inclusive, é coisa de
gente fraca. Engolimos o choro, nossas incertezas e continuamos, tomamos mais
umas pílulas, compramos mais um sapato, comemos mais chocolate, e fingimos que
não é com a gente. Nossa alma pede “me escuta”, a cabeça pensa, o corpo dói, e
você corre. Onde você vai parar? Quando você vai parar?
Alguém
pode dizer-lhe que isso é falta de um amor. E lá vai você em busca de um “benhê”,
colocando todas as expectativas no relacionamento. E só as mulheres sabem do
que são capazes de fazer para não ficar sozinhas. Engolem tudo e qualquer coisa,
só pelo medo da solidão, e não tem nada mais doído do que a solidão a dois.
Precisamos
primeiramente resgatar o amor em nós, amarmo-nos acima de todas as culpas e
de todos os medos, resgatar a criança ferida, esvaziando a dor e trazendo para
a consciência os ganhos das experiências vividas. Isso é a grande aprendizagem
da vida. Reescrever, ressignificar nossa infância, nossa adolescência, nossa
sexualidade, a fim de nos tornarmos adultos verdadeiramente. Temos que
aprender a cobrir toda nossa história pessoal com o manto do amor incondicional.
Precisamos nos perdoar. Viver amorosamente sem pieguices, sem apegos. Amar-se
abundantemente: esse é o grande segredo da felicidade.
Não
pergunte o que o outro pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pela
sua realização, pela sua felicidade, e isso tocará profundamente a vida de quem
está perto de você. Você preenchido de amor por si mesmo transbordará e tocará
tudo à sua volta. Tenha coragem! Vá fundo em si mesmo, busque as suas
respostas dentro de você. A terapia é um grande aliado para isso. Não desista
de você!
(Artigo da psicóloga Sandra
Bittencourt)